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Mulher agride voluntária e foge com comprovante antes de ser vacinada

Paciente atacou voluntária com um molho de chaves e correu com o comprovante de vacinação contra Covid, exigido em locais coletivos fechados

atualizado

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Tânia Rêgo/Agência Brasil
comprovante vacinação
1 de 1 comprovante vacinação - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Uma voluntária de um posto de saúde no Rio de Janeiro foi agredida no rosto por uma mulher que fugiu com o comprovante de vacinação contra a Covid-19 antes que o imunizante fosse aplicado. O caso ocorreu no sábado (18/9) na Clínica da Família Engenheiro Sanitarista Paulo D’Aguila, em Marechal Hermes, na zona norte da cidade.

A jovem de 23 anos, que pediu para ser identificada somente como Julia, contou ao Metrópoles que estava na seção de aplicação da vacina e pegou o comprovante para conferir os dados, como lote, dose a ser aplicada e o fabricante do imunizante. Foi quando a mulher disse que não queria tomar a vacina e pediu para levar o comprovante.

“A princípio, não entendi muito bem, achei que ela estava com medo. Até brinquei e perguntei ‘está com medo?’, e ela disse que não queria fazer [a vacinação] e perguntou se podia levar o comprovante e eu não aplicar a vacina. Falei que não podia, que temos que prestar contas das vacinas, das doses, dos frascos, de tudo. Até falei que isso colocaria minha carreira em risco, mas ela continuou pedindo”, explicou.

Acadêmica do curso de Enfermagem, Julia foi buscar ajuda por causa da insistência da mulher em não receber a dose. A mulher então a seguiu e a atingiu próximo a um dos olhos com um molho de chaves.

“Ela estava calma, mas logo fechou a cara e falou que sabia o que a vacina ia fazer, dando a entender que daria reação. Eu virei e disse que a vacina a deixaria imunizada e que ela tinha que devolver o papel. Quando fui alertar o auxiliar da portaria, ela foi andando, bateu no meu rosto com um molho de chaves e saiu correndo com o cartão. Voltei nervosa, tremendo, mas continuei trabalhando. Relatei o que aconteceu à gerente e registramos o boletim de ocorrência on-line”, afirmou.

Julia disse que ainda não foi chamada à delegacia para prestar depoimento. Procurada, a Polícia Civil informou que a 30ª DP (Marechal Hermes) investiga o caso.

“A gente fica com medo, né, porque tem toda uma questão de ser a favor e contra a vacina. Mas chegar ao ponto de agredir os profissionais que estão ali trabalhando, pessoas que não tem nada a ver, é muito triste, de verdade. A gente infelizmente tá exposto, mas agora é continuar. Isso não vai me impedir de trabalhar”, desabafou a voluntária.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que, além do caso em Marechal Hermes, foram registrados outros quatro casos de roubo do comprovante de vacinação nos bairros Bangu e Barra da Tijuca, na zona oeste. Todos foram denunciados à Polícia Civil como subtração do documento público, um deles com o agravante da agressão. Além disso, oito tentativas de roubo do papel foram contabilizadas.

Passaporte da vacina

Os casos de “fugas da vacina” ocorrem em meio à vigência do decreto que determina a apresentação do “passaporte da vacina” em espaços coletivos de serviços não essenciais, como restaurantes, cinemas, teatros, academias, estádios, museus, galerias, conferências, pontos turísticos, entre outros. O Certificado Nacional de Vacinação atesta se a pessoa tomou uma ou as duas doses do imunizante.

Na semana passada, o prefeito Eduardo Paes (PSD) sancionou uma lei aprovada pela Câmara dos Vereadores que estabelece multa de R$ 1.000 para quem ir embora do local de vacinação sem receber o imunizante. O infrator também poderá ser autuado por falsificação de documento público e responder a processo administrativo no órgão no qual a notificação for registrada. No caso de servidores públicos que facilitem ou acobertem as infrações, a sanção é de R$ 1.500 – a pena original acrescida da metade.

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