Goiânia – O Ministério Público de Goiás (MPGO) ofereceu duas denúncias contra o ginecologista e obstetra Nicodemos Júnior Estanislau Morais, de 41 anos, por crimes sexuais de estupros de vulneráveis. Os casos referem-se a três vítimas de Anápolis (as primeiras que procuraram a Polícia Civil) e outras três de Abadiânia. Ao todo, mais de 50 mulheres acusaram o médico de assédio.
Contra o profissional, há dois mandados de prisão preventiva expedido pelos juízos dessas comarcas e, caso condenado, a prisão pode variar de 8 a 15 anos de prisão. Ele encontra-se recolhido no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital.

Médico teria pedido para que paciente mostrasse bronzeado para eleReprodução

Médico chegou a ser condenado em 2018Reprodução

Mais de 40 vítimas já formalizaram denúncia contra o médicoArquivo pessoal

Ginecologista Nicodemos é suspeito de violação sexual mediante fraudePCGO

Ginecologista Nicodemos em entrevista para a TV Globo, antes de ser preso novamenteTV Anhanguera

Polícia Civil cumpre mandado de prisão de ginecologista em Anápolis

Ele deve ser transferido para o Complexo Prisional de Aparecida de GoiâniaVinícius Schmidt/Metrópoles

Justiça manteve a prisão do médico Nicodemos Júnior Estanislau MoraisVinícius Schmidt/Metrópoles

Momento da segunda prisão do ginecologista na sexta-feira (8/10), em casa, em AnápolisPCGO

Vítima relatou abuso em sua página no InstagramReprodução
Primeiros casos
Em Anápolis, onde o médico residia e foi preso, a denúncia foi oferecida na última sexta-feira (22/10) e diz respeito a três vítimas. Há outros inquéritos policiais em andamento, relativos a outras vítimas. As denúncias devem ser oferecidas posteriormente.
Conforme relatado pelos promotores de Justiça, o acusado Nicodemos Júnior Estanislau Morais encontrou “campo seguro para buscar a constante satisfação de seus intentos, mediante a subjugação da dignidade sexual de mulheres que o procuravam para consultas e exames ginecológicos, perpetuando suas ações no compulsório silêncio das vítimas, ancorado, também, num ambiente fechado, com portas trancadas, no qual ficava a sós com a vítima”.
De acordo com os promotores, as pacientes por apresentarem enfermidades físicas e psicológicas e, por estarem fragilizadas e vulneráveis, não eram capazes de entender que estavam sendo submetidas a atos libidinosos que não faziam parte do protocolo de atendimento profissional.
Segundo a denúncia, a autoridade de médico que Nicodemos exercia e a relação de confiança que as pacientes lhe depositavam como profissional de saúde, aliado ao desconhecimento de todo o protocolo de consulta, eram fatores que contribuíam para que as pacientes acreditassem que as ações por ele praticadas estavam corretas.
Os relatos de mais de 50 vítimas ouvidas em Anápolis guardam grande similaridade entre si, bem como encontram semelhança com o relato de mulheres vítimas em outros Estados, de acordo com os promotores. O médico as fazia crer que estavam sendo submetidas a um procedimento adequado, correto e necessário e que as ordens dele faziam parte do protocolo de atendimento.
Abadiânia
Em Abadiânia, foi oferecida denúncia contra Nicodemos Júnior Estanislau Morais nesta segunda-feira (25/10) por estupro de vulnerável praticado contra três vítimas. Segundo os promotores de Justiça, ao se valer da sua condição de médico e da confiança nele depositada, praticou atos libidinosos contra mulheres que não podiam oferecer resistência.
Prisão
O ginecologista está detido no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana de Goiânia, desde o último dia 8 de outubro. Ele chegou a ser preso no dia 29 de setembro, em razão das primeiras três denúncias, mas foi solto pela Justiça no dia 4 de outubro e passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica. Com o registro de novos casos, Nicodemos foi preso novamente quatro dias depois.
O médico já foi indiciado pela Polícia Civil de Goiás por 22 casos de estupro de vulnerável, 22 casos de violação sexual mediante fraudes e 9 casos de assédio sexual. Após decisão do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Nicodemos teve o registro profissional interditado por seis meses, podendo ser prorrogado por igual período. Com isso, ele está impedido de exercer a medicina no país.