Vídeo flagra tortura de agentes penitenciários em presos de Goiás

Imagens mostram detentos sendo agredidos com arma de choque elétrico em três cadeias, entre elas, a de Formosa, no Entorno do DF

Suzano Almeida
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O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) abriu inquérito civil público para investigar denúncia de tortura cometida por agentes penitenciários em pelo menos três cadeias do estado. Nas filmagens feitas pelos próprios servidores do Grupo de Operações Penitenciárias (Gope) e entregues aos promotores, os presos sofrem agressões e recebem descargas de choque, disparadas com armas teaser.

Os vídeos foram gravados há cerca de um ano, mas só agora vieram à tona. Segundo o MP, as imagens mostram as agressões nos presídios de São Luiz de Montes Belos, na região central do estado; de Jataí, no Sudoeste de Goiás; e Formosa, no Entorno do Distrito Federal.

Em um dos vídeos, os presos são chamados pelo nome. Após serem identificados, recebem as descargas elétricas. Em outro, o detento está cercado por agentes do Gope fortemente armados e com as mãos amarradas para trás. Mesmo assim, é imobilizado e leva choques. Revoltado, o homem se levanta e não obedece à ordem de sentar-se novamente. Ele grita com os agentes para que parem a tortura e acaba recebendo um golpe, comumente conhecido por “guilhotina”, que tira os sentidos de quem o recebe.

Em mais um vídeo, o detento, que aparenta estar em uma cela superlotada, dorme em uma rede a cerca de dois metros do chão. Ele é acordado com uma descarga de choque. Depois de receber a segunda, cai e é retirado da cela com truculência.

MPGO pede afastamento
O promotor Marcelo Celestino entrou em contato com o secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária, Ricardo Balestreri, que determinou o afastamento do superintendente de Segurança Penitenciária, João Cláudio de Vieira Nunes, e do coordenador do Gope, Rodrigo Araújo da Cunha. O material foi entregue ao MP por um dos agentes, que não concordava com o método de revista dos presos.

Celestino afirma que as ações ferem os princípios básicos de direitos humanos. “Isso não pode ser praxe no sistema prisional, pois quando o Estado comete esse tipo de injustiça contra um reeducando, pode estar criando um problema para si mesmo, como uma rebelião ou outro problema na área”, diz.

As imagens foram encaminhadas ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado para investigação da prática criminal. O coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público de Goiás, Luciano Miranda, afirma que, assim que as denúncias forem distribuídas nas comarcas onde ocorreram os possíveis crimes, os promotores irão definir quais foram os tipos de delitos cometidos pelos agentes do Gope.

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