Militar acusado de torturar ex tinha histórico de indisciplinas
Homem chegou a levar a mulher dopada para o batalhão. Alegou que ela sofria de “problemas psiquiátricos e tinha problemas de saúde”
atualizado
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O sargento Daniel Glendmann, acusado de dopar, torturar e manter a ex-companheira de 23 anos em cárcere privado, tinha um histórico de indisciplinas e atrasos na corporação, segundo fontes da Polícia Militar. As informações são do jornal Extra.
De acordo com a PM, dias antes de ser preso, o militar foi repreendido por ter se atrasado e não comparecer ao trabalho. Glendmann alegou que a mulher sofria de “problemas psiquiátricos e tinha problemas de saúde”. Ele está na corporação desde 2001.
Além disso, o acusado chegou a levar a ex-companheira dopada ao 16º Batalhão para que o comandante da corporação da Zona Norte do Rio de Janeiro, o coronel Alexandre de Souza Rodrigues, a liberasse para atendimento médico.
O porta-voz da PM, coronel Mauro Fliess, contou que Rodrigues ficou surpreso quando a prisão de Daniel foi decretada. “Ele apresentou a mulher junto ao comandante e pediu ajuda para ela ser acompanhada pelos médicos da corporação. Afirmou que a companheira abusava de remédios e que sofria de transtornos psíquicos. Vendo a situação da esposa, o oficial se solidarizou e providenciou os documentos para que ela fosse acompanhada. Naquela ocasião, o comandante achou que estava fazendo a coisa certa”, comentou.
Após a prisão de Glendmann, o comandante do Batalhão determinou a abertura de um inquérito para apurar a conduta do militar. A Corregedoria da corporação também investiga o PM.
Um terceiro inquérito para apurar denúncia de que a ex-companheira do militar teria sido perseguida por homens em uma moto, após prestar depoimento na última quarta-feira (02/10/2019).
Daniel Glendmann está preso na Unidade Prisional da Polícia Militar, no Fonseca, em Niterói, no Rio de Janeiro. A defesa do acusado deve entrar com um pedido de liberdade nos próximos dias. Segundo investigações da corporação, ele já havia sido detido em 2009 por agredir a ex-mulher.
O caso
A jovem se relacionou com o PM durante sete anos. Alguns meses após o início do relacionamento, o militar teria começado a praticar violência moral, psicológica e física. No começo deste ano, a mulher decidiu se separar e ir morar no Espírito Santo.
A reviravolta veio quando Glendmann disse que “estava mudado e queria reatar o relacionamento”. Acreditando no ex-companheiro, a universitária deu nova chance ao militar.
Segundo a Polícia Civil, quando a jovem chegou em casa, o suspeito retirou o celular dela e pegou as senhas das redes sociais. Ao se passar pela mulher, Daniel descobriu no dia 4 de setembro que a companheira havia se relacionado com duas pessoas no tempo em que eles estiveram separados.
O PM decidiu castigar a vítima. Mesmo com a estudante dizendo que os casos foram anteriores à retomada da relação, o policial insistia em dizer que estava sendo enganado e, por isso, agredia a parceira para “saber a verdade”.
A amiga que encontrou a universitária relatou a situação. “Ela chegou aqui dopada e toda ensanguentada. Não falava coisa com coisa. Eu, pessoalmente, a levei ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes. Ela ficou internada de um dia para o outro”, informou.
Em depoimento, a vítima contou que tinha de “apanhar calada”. “Se revidasse, ele batia mais”, lembrou.