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“Livramento”: homem é atingido de raspão a três quilômetros do Alemão

Caso aconteceu durante ação letal no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio. Casal, com filha de 3 anos, relata insegurança

atualizado

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Arquivo pessoal
Homem é atingido por bala perdida no RJ
1 de 1 Homem é atingido por bala perdida no RJ - Foto: Arquivo pessoal

Rio de Janeiro – Uma moradora de Ramos, na zona norte do Rio, pensa em se mudar depois da operação letal da polícia no Complexo do Alemão, também na zona norte da cidade. A insegurança no local veio após seu marido ser atingido por uma bala perdida dentro de casa, a cerca de três quilômetros da comunidade.

“Ele acordou gritando e a gente não entendeu nada. Eu escutei um barulho de alguma coisa batendo e vi umas poeiras caindo do teto, mas não tínhamos visto a bala. Quando olhamos para o teto, no canto, tinha um buraco e a bala estava no chão”, conta de Juliana Azevedo, de 26 anos, ao Metrópoles.

O caso aconteceu por volta das 6h30 do último dia 21, no primeiro dia de confronto no Alemão. Até então, o casal não sabia da operação na comunidade. “Fomos à janela e tinha um helicóptero na região da nossa casa. Aí, entramos no Twitter e vimos que estava rolando a operação, mas não acreditamos que pudesse chegar uma bala aqui.”

Veja o vídeo: 

Para Juliana, se a bala não tivesse batido primeiro na parede, poderia ter perfurado seu marido, o marceneiro Roni Idelfonso, 23. “O estrago com certeza poderia ter sido maior, foi um livramento”, afirma.

Segundo ela, a manhã do primeiro dia da operação, a quarta mais letal do Rio de Janeiro, foi permeada de emoções para sua família. “Minha filha de 3 anos nunca dorme fora de casa. Nesse dia, eu deixei que ela ficasse na casa da avó. Ela era para estar no meio da cama com a gente e eu não gosto nem de pensar o que essa bala poderia ter feito com ela”.

Apesar do susto, Roni está bem. A família, no entanto, não quer mais morar no local. “Estamos aqui há dois anos e nunca passamos por nada parecido. Já ouvimos tiros vindos da Maré, que também fica relativamente perto, mas de chegar tiro aqui? Nunca”, explica.

“A minha filha é tudo que eu quero proteger. Essa operação afetou todo mundo, várias balas atingiram muros aqui por perto. Não chegaram a perfurar ninguém, mas todos estão preocupados, inseguros. Afetou todo o entorno”, completa.

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Medo e insegurança

Nas redes sociais, diversas pessoas relatam a insegurança com a operação policial. Uma mulher, que não quis ser identificada, afirmou que sua casa foi atingida por seis tiros e que seus dois filhos tremiam de medo. “Já passei por várias operações, mas como hoje nunca”, relatou. Para ela, o primeiro dia da ação foi resumido em dois sentimentos: “Agonia” e “tristeza”.

Essa é a quarta operação mais letal da polícia no Rio de Janeiro, com, pelo menos, 19 mortos. De acordo com a Polícia Militar, o objetivo do Bope e da Core era coibir o roubo de veículos, cargas e a bancos. O balanço da corporação aponta que três inocentes foram mortos, dentre eles duas mulheres e um policial militar.

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