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Juíza afasta diretores e engenheiros da Dersa

Os quatro são acusados pela força-tarefa da Lava Jato pelos crimes de fraude em licitação, falsidade ideológica e organização criminosa

atualizado

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Gedeão Dias/TJSP
Maria Isabel do Prado
1 de 1 Maria Isabel do Prado - Foto: Gedeão Dias/TJSP

Em decisão no âmbito da Operação Pedra no Caminho, a juíza Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara Federal, em São Paulo, suspendeu as atividades públicas de dois diretores e de dois engenheiros do Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa). Os quatro investigados ligados à estatal paulista e outros 10 são acusados pela força-tarefa da Operação Lava Jato, em São Paulo, pelos crimes de fraude à licitação, falsidade ideológica e organização criminosa.

Em nota, a Dersa informou que somente um dos engenheiros “continua exercendo sua função, pois até este momento a companhia não foi notificada sobre a referida decisão judicial”. Segundo a estatal paulista, os outros “já haviam deixado a empresa”.

O documento subscrito pela magistrada é de 2 de agosto e atinge os diretores da Dersa Benjamim Venancio de Melo Júnior (financeiro) Silvia Cristina Aranega Menezes (Jurídica), os engenheiros fiscais da estatal paulista Carlos Prado Andrade e Hélio Roberto Correa e outros quatro investigados ligados a empreiteiras. A decisão acolhe pedido do Ministério Público Federal.

“Como garantia da ordem pública e da ordem econômica, como forma menos gravosa indispensável para, senão impedir, ao menos reduzir os riscos de reiteração criminosa contra a sociedade e a economia, determino em face de todos os denunciados acima a suspensão das atividades públicas (daqueles que atuam/atuavam na empresa Dersa), bem como das atividades de natureza econômica (daqueles que atuam em empresa particular executora de contratos com recursos públicos), nos termos do artigo. 319, VI, do CPP, devendo o denunciado se afastar de tais empresas, sob pena de conversão de tal medida em outra mais gravosa”, determinou a juíza.

Provas
Além do afastamento, a juíza autorizou que provas da Operação Pedra no Caminho sejam usadas em outros inquéritos policiais. Desdobramento da Lava Jato, a operação acusa o ex-presidente da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) Laurence Casagrande Lourenço – ex-secretário de Logística e Transportes do Governo Alckmin (PSDB) – e outros 13 pelos crimes de fraude à licitação, falsidade ideológica e organização criminosa, ligados a supostos desvios nas obras do trecho Norte do Rodoanel.

“Diante da justificada finalidade de dar continuidade às investigações sobre fatos e indícios de crime não suficientemente instruídos para oferecimento de denúncia ou outra manifestação conclusiva em sede inquisitorial, autorizo o compartilhamento de todas as informações e elementos de prova que instruem os autos ou aqueles obtidos por meio de ordem judicial nos procedimentos cautelares, para a formação de novos inquéritos policiais, conforme requerido pelo órgão ministerial”, afirmou a magistrada.

Denúncia
A denúncia foi protocolada pela força-tarefa da Lava Jato em 27 de julho. Os procuradores acusam o grupo de integrarem uma organização criminosa para fraudar licitações dos lotes 1, 2 e 3 do trecho norte do Rodoanel.

O Rodoanel Mario Covas é um empreendimento viário de grande porte que interliga todas as estradas que chegam a São Paulo. O objetivo principal da obra, em construção desde 1998, é evitar o fluxo de caminhões pesados que não se destinam à capital pelas vias urbanas da cidade. A obra conta com aporte de recursos federais por meio do convênio 04/99, firmado entre o DNIT, a Dersa, o Estado de São Paulo e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Segundo a denúncia, os aditivos se baseavam na “presença inesperada” dos matacões que precisavam ser removidos. Contudo, desde o projeto básico do Rodoanel, já se sabia que o trecho norte passaria pela rochosa Serra da Cantareira e que tal questão geológica era prevista.

O projeto básico se lastreava em pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (USP), que há 60 anos estuda a região do empreendimento. A remoção dos matacões, portanto, já era um custo que compunha os preços previstos para cada lote.

Os acréscimos indevidos geraram impacto financeiro calculado pelo Ministério Público Federal em torno de R$ 480 milhões, que correspondem ao superfaturamento por meio da manipulação proposital de quantitativos nos contratos.

Na denúncia, a Procuradoria da República requereu que este valor seja o mínimo para reparação. O Tribunal de Contas da União apontou que somente os aditivos contratuais geraram um prejuízo de R$ 235 milhões aos cofres públicos.

Nota da Dersa
“A DERSA – Desenvolvimento Rodoviário S/A informa que dos quatro citados pela reportagem Hélio Roberto Correa continua exercendo sua função, pois até este momento a Companhia não foi notificada sobre a referida decisão judicial. Os demais citados já haviam deixado a Empresa. Ao lado do Governo do Estado, a DERSA é a maior interessada na elucidação do caso. Havendo qualquer eventual prejuízo ao erário público, o Estado adotará as medidas cabíveis, como já agiu em outras ocasiões.”

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