Justiça decreta a prisão de três homens pela morte do congolês Moïse
Suspeitos foram presos pela Polícia Civil na terça-feira (1º/2), após terem confessado o espancamento de Moïse Kabagambe, em quiosque no Rio
atualizado
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Rio de Janeiro – A Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão dos três homens acusados de espancar e matar o congolês Moïse Mugenyl Kabagambe, em quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade.
A juíza Isabel Teresa Pinto Coelho Diniz, do Plantão Judiciário da capital, decretou nesta madrugada (2/2) a prisão cautelar de Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, conhecido como “Dezenove”, Brendon Alexander Luz da Silva, o “Totta”, e Fábio Pirineus da Silva, o “Belo”.

O congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, foi morto na segunda-feira (24/1), próximo a um quiosque na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro Reprodução

Para escapar da violência e da fome no Congo, Moïse se mudou para o Rio de Janeiro em fevereiro de 2011, quando ainda era criança. Três anos depois, a mãe também passou a viver na capital fluminense Reprodução

Moïse trabalhava como garçom, servindo mesas na praia, e recebia por diárias, em quiosque próximo ao Posto 8 da praia da Barra, na zona oeste da capital Arquivo Pessoal

Moïse Kabagambe foi morto a pauladas, no final de janeiro, no quiosque onde trabalhava na Barra da Tijuca Reprodução

Imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram Moïse conversando com funcionários do quiosque. Em determinado momento, os ânimos se acirraram, e um dos homens pega um pedaço de madeira. Moïse tenta se defender com uma cadeira Reprodução

O homem que ameaçou Moïse deixou o local e, momentos depois, retornou com outras cinco pessoas, que amarraram os pés e as mãos do rapaz, e o espancaram até a morte Divulgação

Segundo testemunhas, o jovem foi agredido por, pelo menos, 15 minutos. Pedaços de madeira e um taco de beisebol foram usados para desferir os golpes contra ele. Policiais encontraram o corpo de Moïse, amarrado e já sem vida, em uma escada Arquivo Pessoal

Familiares do congolês só souberam da morte quase 12h depois do crime, na terça-feira (25/1). O jovem foi enterrado no Cemitério de Irajá, na zona norte da cidade Reprodução/TV Globo

Os familiares também atribuem o crime ao racismo e à xenofobia, que é o preconceito contra estrangeiros. Além disso, eles denunciaram que, quando foram retirar o corpo do jovem no Instituto Médico-Legal (IML), a vítima estaria sem os órgãos Reprodução/TV Globo

Perícia realizada pelo IML indicou que Moïse tinha várias "áreas hemorrágicas de contusão" e também vestígios de broncoaspiração de sangue. Testemunhas afirmaram que a vítima implorou para que não o matassem Reprodução

Até o momento, oito pessoas já foram ouvidas por agentes da Polícia Civil. Segundo a família, cinco investigados estavam envolvidos no assassinato de Moïse Reprodução

Na terça-feira (1º/2), um dos funcionários do quiosque se apresentou na delegacia e confessou ser um dos agressores. Segundo ele, os suspeitos tentaram evitar que o trabalhador agredisse um idoso, mas ninguém devia salário para a vítima Reprodução

Em nota ao Metrópoles, a Polícia Civil afirma que periciou o local e analisou imagens de câmeras de segurança. As diligências estão em andamento para identificar os autores Reprodução
Os três foram identificados após o depoimento de testemunhas que presenciaram o espancamento com um taco de beisebol. Moïse foi assassinado no último dia 24 de janeiro, após ir cobrar uma dívida de R$ 200 por um trabalho feito para o dono do quiosque.
A magistrada afirma que, de acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio, as investigações policiais apontam a autoria dos indiciados na morte do congolês. No entanto, a juíza ressalva ser necessária a realização de diligências para a elucidação dos fatos.
“Contudo, ainda existem diligências e atos investigativos a serem realizados a fim de que os fatos sejam melhor elucidados. A prisão temporária é espécie de medida cautelar que visa assegurar a eficácia das investigações para, posteriormente, possibilitar o fornecimento de justa causa para a instauração de um processo penal. Não se trata de prisão preventiva, obedecendo a hipóteses diversas, sendo uma espécie de prisão cautelar ainda mais restrita”, afirmou a magistrada na decisão.
Cenas brutais
As câmeras de segurança do quiosque Tropicália, que funciona na altura do Posto 8, registraram o espancamento sofrido pelo congolês Moïse, que era um cidadão refugiado no Brasil.
Nos vídeos, obtidos pelo Metrópoles, Moïse é atingido por pauladas na cabeça e nas costas, além de socos e chutes em diversas partes do corpo. As imagens fortes fazem parte da investigação sobre a morte do africano, que está sendo conduzida pela Delegacia de Homicídios, incluindo os momentos em que tentam reanimá-lo. Veja: