Homicídio de pretos e pardos é 2,7 vezes maior que entre brancos

Pessoas pretas ou pardas tiveram 2,7 vezes mais chances de serem vítimas de homicídio do que brancos em 2017. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (13/11/2019) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa camada da população registrou 43,4 mortes para cada 100 mil habitantes. Cinco anos antes, a taxa era de 37,2. Para a população branca, o índice ficou estável entre, variando de 15,3 para 16.

As diferenças são ainda mais acentuadas na população jovem. A taxa de homicídios chega a 98,5 por 100 mil habitantes entre pessoas pretas ou pardas de 15 a 29 anos. Entre jovens brancos na mesma faixa etária, a taxa de homicídios é de 34 – número 2,9 vezes menor.

Os dados revelam, ainda, que estudantes pretos ou pardos do 9° ano do ensino fundamental vivenciavam mais experiências violentas do que os brancos. Frequentar escolas em áreas de risco de violência, ser agredido por algum adulto da família, envolver-se em brigas com uso de arma de fogo ou de arma branca – todas essas variáveis estavam presentes de maneira mais intensa no dia a dia de pretos ou pardos.

Segundo a analista do IBGE Luanda Botelho a combinação dessas duas formas de violência ajuda a traçar um panorama mais amplo das desigualdades. “Nós analisamos a violência mais extrema, através das taxas de homicídio, mas também a violência mais presente no cotidiano, do ambiente em que essa população está inserida”, explicou a pesquisadora.

E, no longo prazo, as situações de violência na vida dos jovens também podem trazer reflexos. “Os estudos mostram que quem mais sofre com a violência na adolescência também está mais sujeito a doenças como depressão, a piores resultados acadêmicos e a se envolver em violência no futuro, por exemplo”, comentou Luanda.