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Governo demite diretor que teria autorizado reverendo a negociar vacinas

Lauricio Monteiro Cruz teria autorizado reverendo a negociar 400 milhões de doses da AstraZeneca em nome do governo brasileiro

atualizado

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CRMV/Divulgação
Laurício Monteiro Cruz
1 de 1 Laurício Monteiro Cruz - Foto: CRMV/Divulgação

Supostamente envolvido em uma negociação de compras de vacinas superfaturadas da Davati, o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Lauricio Monteiro Cruz, foi exonerado da pasta. A decisão saiu publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (8/7) e é assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira.

A exoneração vem um dia depois de a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid aprovar a convocação do reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). De acordo com e-mails revelados pelo Jornal Nacional no último sábado (3/7), Cruz teria dado autorização para que o reverendo negociasse 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro.

A troca de e-mails entre o reverendo e a empresa norte-americana também envolvia o nome da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, a qual ele é fundador e presidente.

Durante as negociações, o reverendo pede uma oferta completa de venda “com o valor de US$ 17,50” e ressalta que esse foi o acordo feito em 5 de março. Esse preço é três vezes maior do que os US$ 5,25 pagos pelo Ministério da Saúde em cada dose da AstraZeneca em janeiro.

Cristiano Carvalho, representante oficial da Davati no Brasil, confirmou que recebeu os e-mails.

Linha do tempo

23 de fevereiro: O diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Lauricio Cruz (foto em destaque), enviou um e-mail para o reverendo. No texto, ele agradece a disponibilidade dele e da Senah “na apresentação da proposta comercial para fornecimento de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca”.

Ao fim da mensagem ele pontua ainda que “todos os processos de aquisição de vacinas no âmbito do Ministério da Saúde estão sendo direcionados pela Secretaria Executiva”.

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4 de março: O reverendo Amilton compartilhou fotos de uma reunião no Ministério da Saúde. No post em uma rede social ele afirma que a Senah estava envolvida em uma “articulação mundial em busca de vacinas”. Além de pontuar que uma grande quantidade de imunizantes seria disponibilizada no Brasil.

9 de março: O diretor de Imunização enviou um e-mail ao presidente da Davati nos Estados Unidos, Herman Cardenas. Nas mensagens ele afirma que Amilton Gomes se reuniu com as equipes da Secretaria de Vigilância em Saúde e Departamento de Logística para falar sobre a vacina. E que tudo foi encaminhador para a Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.

“Por fim, esperamos que os avanços de forma humanitária entre o Ministério e AstraZenica pelo Instituto Nacional de Assuntos Humanitários”, escreve em um trecho.

10 de março: Dessa vez quem mandou o e-mail foi Amilton, também para Herman Cardenas. No texto em inglês ele agradece por confiarem na instituição dele (a Senah) no intermédio das negociações com o Ministério. “As negociações estão em estágio final e a expectativa é que o contrato seja assinado em 12 de março de 2021”, escreveu.

11 de março: O reverendo enviou um novo e-mail explicando o papel da Senah ao presidente da Davati. Na mesma mensagem, ele solicita um representante da empresa para uma reunião no dia seguinte no Ministério da Saúde.

Reunião

O representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, confirmou um encontro com o então secretário executivo do Ministério, Élcio Franco, no dia 12 de março. Também participou da reunião o presidente do Instituto Força Brasil, coronel Hélcio Bruno de Almeida.

Embora eles tenham se encontrado, o órgão não realizou a compra. No mesmo mês, em 26 de março, Franco foi exonerado do cargo.

De acordo com os advogados da Davati, a empresa não fez procedimentos indevidos e o negócio não se concretizou por falta de interesse de compra por parte do Ministério.

Oferta de vacina

Em março, a organização presidida pelo reverendo Amilton Gomes de Paula ofereceu vacinas da AstraZeneca e da Johnson para governos estaduais e municipais. Na época, as doses seriam vendidas a US$ 11, cada.

O valor também era três vezes maior do que o que o governo federal pagaria à Fiocruz pelos imunizantes AstraZeneca. Na época o valor foi de US$ 3,16.

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