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Flip fica de fora do edital de feiras literárias do governo

Questiona-se se a escolha da poeta norte-americana Elizabeth Bishop como homenageada em 2020 teria tido alguma influência na decisão

atualizado

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Marcia Foletto/Divulgação
flip 2015 paraty
1 de 1 flip 2015 paraty - Foto: Marcia Foletto/Divulgação

Depois de escolher a poeta norte-americana Elizabeth Bishop como a autora homenageada de 2020, o que gerou muita polêmica e revolta no meio literário por sua defesa do golpe de 64, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) acaba de sofrer um novo revés: perdeu o Edital de Feiras e Ações Literárias da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania.

A Flip se classificou em terceiro lugar na categoria de projetos de R$ 500 mil (são três categorias). Mas apenas os dois primeiros colocados vão receber o investimento. São eles: Feira do Livro de Porto Alegre e Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto.

Os dois projetos tiveram 46 pontos no total. A Flip teve 44 e foi seguida pela Bienal do Livro de São Paulo e Bienal Brasil do Livro e Leitura, de Brasília – elas receberam 42 pontos cada uma.

No ano passado, a Flip ficou em segundo lugar e ganhou o edital – a feira de Ribeirão foi a primeira colocada naquele ano.

Entre os objetivos estão ampliar o acesso ao livro e à leitura nos municípios brasileiros; promover, valorizar e difundir a literatura brasileira e a circulação de autores e obras com ênfase na bibliodiversidade; ampliar a oferta de formação e difusão do conhecimento voltada para os profissionais que atuam no setor (escritores, ilustradores, editores, livreiros, mediadores, bibliotecários, entre outros); fortalecer a cadeia produtiva e a economia do livro; estimular a formação de leitores e práticas de leitura; e contribuir com a sustentabilidade econômica de profissionais, pequenas e médias editoras e livrarias, entre outros empreendimentos do setor.

Bastidores
O chamamento público foi publicado no dia 11 de outubro. O processo de seleção, segundo o edital, ocorreu entre os dias 11 e 16 de novembro. Nos bastidores, questiona-se se a escolha de Elizabeth Bishop teria tido alguma influência na decisão. Segundo o edital, a comissão de seleção é formada por “membros de reconhecida atuação na área cultural e capacidade de julgamento”.

A Flip só anunciou a homenagem no dia 25 de novembro, mas no dia 5 de outubro o colunista Ancelmo Gois, de O Globo, já dava como certo o nome da poeta norte-americana, que escreveu cartas para amigos elogiando o golpe e com outras declarações controversas sobre o Brasil e a política.

Uma outra hipótese levantada nos bastidores é a de uma decisão também política, mas em outro sentido. A Flip é considerada um dos principais eventos literários do país e recebe escritores do mundo todo para debater literatura e todo tipo de assunto.

Em um comunicado, a Flip explicou a escolha da escritora Elizabeth Bishop como homenageada da festa literária:

“A Festa Literária Internacional de Paraty é uma celebração da literatura, mas sua ação se estende a outros campos culturais. A Flip atua junto à cidade que a abriga e lança pontes com a comunidade internacional de escritores. Essa é a sua vocação. Nos últimos anos, a festa tem se transformado em um encontro cada vez mais agregador, com programação diversificada e inclusiva, abrindo-se a múltiplos pontos de vista. Isso ocorreu pelo aprofundamento da comunicação e da escuta com seu público e em função de uma demanda nacional crescente.

Em 25 de novembro, a Flip anunciou a autora homenageada de 2020, a escritora Elizabeth Bishop (1911-1979), segura de sua missão – tornar a arte brasileira melhor conhecida em suas fronteiras e no resto do mundo. Reconhecida como uma das maiores poetas do século 20, Bishop – que viveu por quase 20 anos no nosso país – foi uma das grandes responsáveis pela divulgação da literatura brasileira em terras estrangeiras. Sua relevância para o Brasil e para a literatura foram, portanto, as razões essenciais para sua escolha. No mais, entendemos que ambiguidades e contradições são constitutivas de todo artista, fazem parte da condição humana e devem ser debatidas e criticadas na medida de sua relevância para a compreensão das obras de arte.

Sabemos que a escolha da autora ou do autor a merecer a homenagem em cada edição nunca é uma unanimidade, pois a lista de merecedores é vasta. A boa polêmica faz parte do espírito da festa. No entanto, a campanha lançada contra a poeta nas redes sociais logo após o anúncio foi bastante expressiva e chamou nossa atenção e escuta. Estamos ouvindo as manifestações de todos e pensando em seu significado com a serenidade que essa questão merece”.

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