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EUA: cannabis medicinal leva família do Brasil a faturar até US$ 20 mi

Família se mudou de Goiás para os EUA, onde mantém fazenda com plantação de cannabis medicinal. Empresa tem cerca de 900 hectares

atualizado

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Arquivo pessoal/Corina Silva
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1 de 1 imagem colorida usa hemp - Foto: Arquivo pessoal/Corina Silva

Goiânia – Uma família brasileira tem faturado alto com a produção e comercialização de cannabis nos Estados Unidos. Com foco no uso medicinal da planta, os brasileiros de Goiânia faturam até US$ 20 milhões anualmente e têm cerca de 900 hectares de plantação em uma fazendo no Oregon. Com o objetivo de investir também no Brasil, eles têm interesse em expandir os negócios.

“Precisamos que quem faz as leis estude, entenda e não só proíba porque não sabe. A cannabis é para a medicina, autalmente, o que a penicilina foi no século passado. Só que em uma velocidade 100 vezes maior”, afirma a CEO da USA Hemp no Brasil, Corina Silva.

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Vida melhor

Ao Metrópoles, Corina Silva contou que se mudou de Goiânia para os Estados Unidos em 1999, com o marido e os três filhos ainda crianças, em busca de uma vida com melhores condições. “No início, foi como a vida de qualquer imigrante. Sem muito dinheiro, fazíamos como dava. Eu comecei como manicure, vendi roupa, lingerie, fui diarista, tive loja e fui promotora de shows. E falimos. Perdemos tudo. Mas soubemos nos reerguer e continuar com a lutar para buscar uma vida melhor”, disse ela.

A grande mudança da vida da família se deu após a decisão de investir em cannabis. De acordo com Corina, a ideia da empresa nasceu em um trabalho escolar do filho. “Ao escutar no noticiário as mudanças nas leis do estado da Califórnia e do oeste dos Estados Unidos, ele resolveu pesquisar sobre o assunto e apresentou um projeto de escola sobre o potencial econômico da cannabis. Essa foi a primeira semente que daria origem à USA Hemp”, conta.

No entanto, o trabalho só rendeu bons resultados alguns anos depois. “O trabalho do meu filho não foi bem aceito na escola e a punição foi tão severa que ele não pôde subir para pegar o diploma no dia da formatura junto aos colegas de classe. Dois anos depois, o meu filho do meio também precisava entregar um projeto na escola. Foi então que ele lembrou do trabalho do irmão, atualizou e resolveu apresentar. Diferente do Rafael, o Gustavo foi elogiado pelo trabalho apresentado e virou o orador da turma. Isso foi em decorrência da velocidade em que as informações correm”, lembra ela sobre o início da empresa.

Quebrando preconceitos

Os filhos de Corina – Rafael, Gustavo e Ana – relataram à mãe o interesse em abrir uma empresa para trabalhar com cannabis no ano de 2015 e pediram o apoio da matriarca da família. Ela conta que, inicialmente, negou a proposta e disse “que a família não iria virar traficante”. Segundo ela, um dos filhos fez o alerta: “Mãe, eu só volta a conversar com você sobre o assunto quando a senhora estudar sobre”.

De acordo com Corina, ela ficou intrigada com a proposta dos filhos e resolveu realmente se abrir para conhecer o tema. “Eu fiquei com isso na cabeça e, de fato, fui estudar. Afinal, eu conheço os filhos que tenho e não poderia dizer não sem estar embasada. E aí minha chave virou completamente. O primeiro preconceito começou comigo mesmo, dentro de casa. Eu tinha um conceito estabelecido sobre a maconha, um conceito apresentado pela sociedade, completamente errado. Mas tive a humildade de dar um passo para trás, aprender e ver o quão errada estava minha posição. E este preconceito está até os dias de hoje na sociedade: vemos diariamente pessoas sendo presas por conta da planta”, afirma.

Produção e produtos

Em 2018, a família fundou a USA Hemp com o intuito de transformar a medicina a partir dos efeitos terapêuticos da cannabis. Segundo Corina, a planta cultivada é um cruzamento do hemp europeu com a cannabis americana. O resultado é o baixo teor de Tetrahidrocanabinol (THC), principal psicoativo da planta, e alto índice de canabidiol e outros fitocanabinoides.

A empresa reforça que a planta é fundamental para o tratamento de doenças, como alívio de dores crônicas, epilepsia e convulsões, além de melhorar efeitos secundários dos tratamentos para o câncer. Atualmente, a USA Hemp tem 19 produtos à base de cânhamo nos Estados Unidos e Brasil.

Nos Estados Unidos, a USA Hemp é registrada como um marca de suplemento alimentar e é responsável pelo desenvolvimento científico e a produção dos medicamentos. No Brasil, a empresa atua na intermediação dos medicamentos entre o país de origem e o paciente.

“Nos Estados Unidos também temos um outro braço que compõem o grupo, que é a Redwood Reserves, uma linha voltada para redução de danos de flores de cânhamo. Todo o foco da nossa produção é medicinal. A USA Hemp é uma empresa medicinal. O cânhamo é medicinal”, reforça Corina.

Brasil como hub

Corina aponta que o Brasil tem grande potencial produtor para a cannabis, principalmente, pelas condições climáticas e da qualidade do solo. “O Brasil tem muito sol e calor, que são elementos fundamentais para o cultivo do cânhamo. Temos tudo para ser uma potência de mercado. Quando se fala em cânhamo hoje, não falamos só em produtos medicinais. Falamos em uma planta que pode ser tratada como uma comodity”, ressalta ela.

“Mas precisa e do embasamento correto na lei para que isso aconteça. Estamos falando de medicamentos, redução de danos, fibras para tecidos, alimentos super energéticos – em um país em que milhares de pessoas sofrem de fome e desnutrição -, créditos de carbono, desintoxicação de solo, construção civil e muitos outros”.

Para expandir os trabalhos sociais, a família também criou a Fundação Redwood, mantida com fundos da cannabis. “Através de nossas doações, hoje alcançamos quase R$ 3 milhões doados a famílias carentes em todo o Brasil, que não têm condições de pagar o tratamento de seus filhos. É nossa forma de retribuir o que a vida nos deu. Queremos expandir cada vez mais nossa atuação e ajudar a transformar o mercado brasileiro, que hoje tem potencial par ser um hub de exportação para todo o mundo”, completa.

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