O adolescente de 16 anos que cometeu um atentado a tiros em duas escolas de Aracruz (ES), na última sexta-feira (25/11), almoçou com os pais após o crime. Depois de matar três professoras e uma aluna, o atirador foi para casa, devolveu as armas do pai utilizadas no ataque e fingiu que nada tinha acontecido. Além dos quatro mortos, cinco feridos estão hospitalizados; três deles apresentam estado clínico considerado grave.
Após a refeição, a família seguiu para a casa de praia, em Mar Azul. “Os pais sabiam do atentado e chegaram a comentar. Ele se fez de desentendido”, relatou o delegado André Jeretta, em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (28/11). Até então, o casal não teria conhecimento da participação do filho nos crimes.

A estudante Selena Sagrillo Zucoloto, que morreu no ataque, era aluna do 6º ano no Centro Educacional Praia de CoqueiralReprodução/Instagram

Professoras Cybelle Passos Bezerra (à esquerda), Maria da Penha Pereira (centro) e a estudante Selena Sagrillo (à direita), mortas no ataqueReprodução

Maria da Penha Pereira de Melo Banhos dava aula de artes na instituição de ensinoReprodução

Cybelle Passos Bezerra Lara era professora de matemática na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo BittiReprodução

O suspeito entra em escola no Espírito Santo após quebrar um cadeadoReprodução

Selena, de 12 anos, ao lado da mãe e do paiArquivo pessoal

Sobrevivente: professor de filosofia Luiz CarlosReprodução/Fantástico

Em diversos momentos, ele aponta a arma para várias direçõesReprodução

Momento em que atirador sai da escola no ESReprodução
Segundo o delegado, o adolescente relatou que planejava o atentado há cerca de dois anos. Ele se aproveitou de um momento em que os pais faziam compras no supermercado.
O atirador vestiu um uniforme militar com suástica nazista e pegou duas armas do pai, que é policial militar. As armas (uma pistola e um revólver) estavam escondidas no quarto do pai. Um dos armamentos estava, inclusive, com um cadeado.
Das 13 pessoas feridas no ataque, duas mulheres receberam alta do Hospital Filantrópico São Camilo, em Aracruz, nesta segunda. Outras mulheres, com idades entre 45 e 52 anos, permanecem em estado grave, e a adolescente de 14 anos, baleada na cabeça, está entubada e em estado muito grave. As informações foram divulgadas pela Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa).

Representantes da Segurança Pública falaram sobre atentado em AracruzDivulgação

Secretário de Segurança Pública, Márcio Celante participou de coletiva sobre atentado em AracruzDivulgação

Representantes da PRF, Polícia Civil e Polícia Militar falam sobre atentado em Aracruz (ES)Divulgação
Casa de praia após almoço
Depois de cometer os dois atentados, o adolescente voltou com o veículo para casa. Ele tentou reagir naturalmente e almoçou com os pais como se nada tivesse acontecido.
A família foi para a casa de praia da família, em Mar Azul, depois do almoço. A polícia conseguiu localizar o imóvel e foi até lá. Inicialmente, o adolescente negou o crime, mas acabou confessando, diante dos indícios. Ele disse que planejou o ataque porque sofria bullying, mas a corporação investiga se havia relação com grupos nazistas ou com outras pessoas.
De acordo com a polícia, o atirador era considerado introspectivo e havia abandonado a escola há seis meses. Ele fazia tratamento com psiquiátrico e psicológico.
O atirador vai responder por atos infracionais análogos aos crimes de homicídio e tentativa de homicídio.
Manuseava arma
Para chegar até os dois colégios e atirar contra a comunidade escolar, o adolescente usou um carro Renault Duster marrom, que pertence ao pai. Ele cobriu as placas do veículo com folhas de revista.
Na Escola Estadual Primo Bitti, o atirador entrou pelos fundos e descarregou a pistola duas vezes na sala dos professores, onde os funcionários passavam o horário de intervalo. O revólver foi usado na segunda escola, a Coqueiral Vera Cruz.
“Sempre que tinha oportunidade de ficar sozinho, ele pegava as armas e as manuseava, sem conhecimento de familiares”, disse André Jaretta sobre o depoimento do atirador.
O delegado, no entanto, disse que ainda não é possível determinar se o adolescente já tinha disparado uma arma de fogo antes do ataque; sabe-se apenas que o rapaz pesquisava na internet sobre armas de fogo. O pai foi afastado para o administrativo da PM, enquanto é investigado em um procedimento interno. A polícia investiga se o pai ensinou o filho a atirar.