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Entregadora de lanches no Senado teve moto roubada ao visitar filho em coma

A jovem Gabriella Gomes, de 27 anos, pede ajuda para adquirir um veículo novo. Ela tem três filhos e perdeu o único instrumento de trabalho

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
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1 de 1 Gabriella-moto-roubada - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Todos os dias, Gabriella de Souza Gomes, de 27 anos, deixa Valparaíso – uma cidade no entorno do Distrito Federal –, para entregar marmitas no centro de Brasília. Um dos seus principais destinos é o Senado Federal, onde tem clientes fixos entre os servidores. Ela trabalha como entregadora de lanches em um restaurante no comércio local e é fazendo esse serviço que tira o sustento dos três filhos: Miguel, de 8 anos, Maria Eduarda, de 6 e Marcelo, de 5. A rotina pesada não é nem de longe o único problema da jovem. O filho caçula está em coma, hospitalizado e, enquanto cuidava dele, teve a moto, seu único instrumento de trabalho, roubada.

Em uma das visitas ao local que Marcelo está internado, no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), a jovem estacionou a moto em frente à pediatria. Alguns minutos depois, quando desceu para buscar um aparelho de nebulização para o mais novo, já não encontrou o veículo. “Quando eu saí, não estava mais lá”, contou. Ela disse que pensou ter deixado a motocicleta em outro lugar, mas quando se deu por conta de que havia sido roubada, entrou em desespero.

“Eu saí de lá e fiquei atordoada. Eu estava com o capacete e a chave na mão. Mas pensei que tivesse colocado em outro lugar. Aí eu sentei, liguei para o meu irmão e falei que levaram a minha moto. Naquela hora eu tava forte, mas quando eu desliguei chorei demais”, lamentou a jovem. Contudo, a dor pulsou mais forte no momento em que Gabriella falou sobre a perda com os filhos. “Quando eu cheguei em casa, liguei para o meu filho. Ele perguntou: ‘E agora mãe, e agora, o que a gente vai fazer?’. Aí eu não aguentei. Falei ‘a mãe vai dar um jeito'”.

A moto foi comprada no ano passado. É uma Honda CG 160, modelo 2018/2019. O preço do veículo, segundo a tabela Fipe, está em R$ 10.523.

A motogirl, em um primeiro momento, teve ajuda do primo para continuar trabalhando. Ele estava de férias e emprestou a moto para que ela pudesse entregar as marmitas. Com os dias contados para devolvê-la, Gabriella resolveu pedir ajuda e criou uma vakinha on-line. O intuito é arrecadar o suficiente para pagar as 22 prestações que ainda restam da moto furtada – no valor de R$ 532 cada parcela – e tentar comprar uma nova.

A rede de apoio começou entre os servidores do Senado que conhecem Gabriella. Foi de lá que partiu a ideia de arrecadar dinheiro pela internet para auxiliá-la.

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 “Levou o sustento dos meus filhos”
Após perceber que a moto tinha sido roubada na porta do hospital, e ver a angústia dos filhos com a situação, Gabriella fez uma publicação nas redes sociais, endereçada ao ladrão. “Eu quero que ele fique ciente de que mexeu em algo de alguém, aquilo não é só o bem material. Ele levou meu serviço, o sustento dos meus filhos, ele levou minha vida. Eu desisti de outra profissão para ter essa e ele acabou com tudo”, desabafou.

Segundo a jovem, o filho mais velho, Miguel, não se conformou com ocorrido. “Mas tanta moto lá, porque não levaram outra?”, perguntou o pequeno à mãe. “Eu disse ‘não meu filho, não é assim. A outra pessoa também ia sentir a mesma dor que a mamãe está sentindo. Eu só quero que vocês estudem e nunca mexam em nada de ninguém, para não causar essa dor’,  e ele disse ‘eu prometo mamãe’”, narrou Gabriella.

A motogirl fazia uma jornada dupla de trabalho, antes de o caçula ter o estado de saúde agravado. Segundo a mãe, Marcelo teve uma asfixia ao nascer. Desde então, precisou ficar internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), dependendo de aparelhos para respirar e se alimentar. Mesmo com todos os empecilhos, ele era um menino ativo. No entanto, há alguns meses, a criança teve uma crise respiratória, seguida de uma parada cardíaca, e ficou em coma, em estado vegetativo. A partir disso, Gabriella teve que dividir a rotina entre trabalhar e cuidar do filho.

“Eu era manobrista de ônibus e trabalhava como entregadora. Um deles era de 11h às 18h e, o outro, das 19h às 4h20. Mas quando o neném ficou assim, eu precisei sair do segundo emprego. Tive que ficar no hospital e foi aí que minha moto foi roubada”, relatou.

Rede de apoio
Para recomeçar a vida e adquirir uma nova moto, Gabriella criou uma vakinha on-line. O objetivo é arrecadar R$ 10 mil. Até o momento, o valor arrecadado é de R$ 2,3 mil. Quem quiser ajudar pode contribuir com qualquer quantia, neste link aqui.

A jovem também fez uma rifa de um celular, no valor de R$ 10, para garantir que o montante seja alcançado. Os interessados podem entrar em contato pelo telefone (61) 9864-0367. “De R$ 50, de R$100, de R$ 25 a gente conseguiu a chegar em R$ 2 mil. É de pouquinho que a gente consegue. Qualquer ajuda vale”, afirmou Gabriella.

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