1 de 1 Ministro Milton Ribeiro e o pastor Arilton Moura
- Foto: Luis Fortes/ MEC
O empresário e radialista Evaldo Brito, que denunciou o suposto esquema de corrupção que resultou na prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e mais quatro suspeitos, deu entrevista ao Fantástico desse domingo (26/6). Ele contou, com detalhes, como ocorria a atuação do chamado “gabinete intinerante”.
“Eu descobri que o ministro tinha um gabinete itinerante. Os técnicos do FNDE iam para um determinado município, organizavam um evento em parceria com os municípios, e aí todos os outros municípios eram atendidos”, contou. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é o órgão responsável pela distribuição de recursos do MEC para os estados e municípios.
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Recentemente, um áudio em que Milton Ribeiro afirma priorizar repasses da Educação a determinadas prefeituras a pedido do presidente Bolsonaro ganhou o noticiário. Apesar de, logo em seguida, negar a existência de irregularidades bem como o envolvimento de Bolsonaro, Ribeiro passou a ser objeto de pedidos de investigação
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“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, afirma Ribeiro em conversa gravada. “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, declarou o ex-ministro
Isac Nóbrega/PR
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Ministério da Educação (MEC)
Marcelo Camargo/Agência Brasil
No meio do suposto esquema de propina estão os pastores Gilmar Santos, Arilton Moura e o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. De acordo com a denúncia, Santos e Moura, que não têm cargos públicos, controlavam a agenda de Ribeiro e atendiam às demandas de prefeituras que pagavam propina para conseguir a liberação de recursos
Rafaela Felicciano/Metrópoles
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A manobra ocorria da seguinte forma: os pastores participavam de agendas da pasta acompanhados de dezenas de prefeitos e exigiam pagamentos entre R$ 15 e R$ 40 mil para liberar o repasse de verbas. Vários municípios cujos prefeitos participavam das reuniões, conseguiam as verbas semanas depois
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No fim de março, dias após a mídia noticiar o suposto esquema, Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luís Domingues (MA), afirmou que Moura cobrou R$ 15 mil, mais um quilo de ouro, para dar andamento às demandas da prefeitura
Igo Estrela/Metrópoles
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Pouco tempo depois, outras denúncias começaram a surgir. Dessa vez, o prefeito de Bonfinópolis (GO), Kelton Pinheiro, revelou que Arilton Moura pediu R$ 15 mil, além de compras de Bíblias, para “ajudar na construção da igreja”
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O prefeito de Bonfinópolis, revelou ainda que os envolvidos chegaram a oferecer abatimento de 50% na propina para liberação de verbas para escolas. Segundo ele, os valores eram fixados de acordo com o grau de proximidade. Caso fossem “conhecidos” de alguns dos pastores, o valor da propina era apresentado “com desconto”
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Ministério da Educação
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Rafaela Felicciano/Metrópoles
***Foto-Comissão de Educação do Senado Federal
Agora, a Comissão de Educação do Senado Federal ouviu prefeitos que testemunharam o suposto esquema de favorecimento e o presidente do colegiado, Marcelo Castro (MDB-PI), pediu cautela antes de defender que seja instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
Geraldo Magela/Agência Senado
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Segundo Castro, a comissão quer “cumprir algumas etapas” antes de proceder com a defesa de uma CPI para apurar os episódios envolvendo a pasta
Geraldo Magela/Agência Senado
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Entre elas, estão a realização de oitivas com o presidente do FNDE, Marcelo Lopes da Ponte, além do ministro interino da Educação, Victor Godoy Veiga, Milton Ribeiro, e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, acusados de atuar como lobistas no ministério
Edilson Rodrigues/Agência Senado
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Segundo o jornal O Globo, os pastores perceberam as portas do Executivo abertas muito antes de Ribeiro assumir o MEC. Eles, na verdade, se envolveram com o governo Bolsonaro graças ao deputado João Campos (Republicanos), que é pastor da Assembleia de Deus. A partir disso, se aproximaram do atual presidente e conquistaram espaço
Reprodução
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O empresário diz ter procurado o pastor Gilmar Santos, investigado por fazer parte do esquema, para checar a possibilidade de levar o gabinete intinerante e Ribeiro para Nova Odessa, município onde atua. A denúncia do empresário deu origem à operação Acesso Pago, da Polícia Federal.
Segundo Edvaldo, após os encontros com os técnicos, os pastores Gilmar e Arilton Moura organizavam um culto evangélico. “O ministro pregava nesse culto. Acabei descobrindo o contato do Gilmar através da própria igreja dele. Liguei para ele, que marcou para me atender em Brasília, num hotel. Eu fui até lá.”
Em maio do ano passado ocorreu o encontro entre Gilmar, Arilton e o empresário. Os pastores aprovaram a ida do gabinete à cidade de Edvaldo e pediram que ele e o prefeito fossem até Brasília para gravar um vídeo com o então ministro.
Após a reunião, o empresário contou que o pastor Arilton pediu em troca uma quantia de R$ 100 mil.
“O próprio Arilton disse: ‘Olha, eu preciso que você faça uma doação. É para uma obra missionária’. Eu falei: ‘Tudo bem. E de quanto é essa doação?’, aí ele falou: ‘Ah, por volta de R$ 100 mil é a doação’. Eu falei: ‘É muito. Eu não tenho. Eu não tenho condição. Mas eu tenho amigos, pessoas, empresários que costumam investir na obra e que eu vou pedir a doação'”, revelou.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu em defesa o ex-ministro Milton Ribeiro. Segundo ele, não havia “indícios mínimos de corrupção por parte” de Ribeiro. Em relatório enviado ao Ministério Público Federal (MPF), a PF diz que o ex-titular do MEC e os pastores evangélicos atuavam como “organização criminosa” na pasta.
“Quem começou essa investigação foi a Controladoria-geral da União a pedido do próprio Milton”, afirmou Bolsonaro durante entrevista do programa 4 por 4 no YouTube. O Ministério Público foi contra a prisão do Milton. Não tinha indícios mínimos de corrupção por parte dele. No meu entender, ele foi preso injustamente”, completou o presidente.
A tese da organização criminosa é corroborada pelo próprio MPF. “As provas carreadas aos autos demonstram a articulação da orcrim para utilizar verbas públicas em contrapartida a benefícios próprios”, escreveu a procuradora Carolina Martins Miranda de Oliveira em seu parecer sobre o caso.
Na entrevista, Bolsonaro também falou sobre a suposta interferência dele na PF, uma vez que há gravação de telefonema entre Ribeiro e a filha em que o ex-ministro fala de um pressentimento do presidente sobre a operação de busca e apreensão.
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