metropoles.com

Empresário que denunciou corrupção no MEC: pastor pediu “doação”

Evaldo Brito, que denunciou o pagamento de propina, contou como os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos operavam o “gabinete intinerante”

atualizado

Compartilhar notícia

Luis Fortes/ MEC
Ministro Milton Ribeiro e o pastor Arilton Moura
1 de 1 Ministro Milton Ribeiro e o pastor Arilton Moura - Foto: Luis Fortes/ MEC

O empresário e radialista Evaldo Brito, que denunciou o suposto esquema de corrupção que resultou na prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e mais quatro suspeitos, deu entrevista ao Fantástico desse domingo (26/6). Ele contou, com detalhes, como ocorria a atuação do chamado “gabinete intinerante”.

“Eu descobri que o ministro tinha um gabinete itinerante. Os técnicos do FNDE iam para um determinado município, organizavam um evento em parceria com os municípios, e aí todos os outros municípios eram atendidos”, contou. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é o órgão responsável pela distribuição de recursos do MEC para os estados e municípios.

0

O empresário diz ter procurado o pastor Gilmar Santos, investigado por fazer parte do esquema, para checar a possibilidade de levar o gabinete intinerante e Ribeiro para Nova Odessa, município onde atua. A denúncia do empresário deu origem à operação Acesso Pago, da Polícia Federal.

Segundo Edvaldo, após os encontros com os técnicos, os pastores Gilmar e Arilton Moura organizavam um culto evangélico. “O ministro pregava nesse culto. Acabei descobrindo o contato do Gilmar através da própria igreja dele. Liguei para ele, que marcou para me atender em Brasília, num hotel. Eu fui até lá.”

Em maio do ano passado ocorreu o encontro entre Gilmar, Arilton e o empresário. Os pastores aprovaram a ida do gabinete à cidade de Edvaldo e pediram que ele e o prefeito fossem até Brasília para gravar um vídeo com o então ministro.

Após a reunião, o empresário contou que o pastor Arilton pediu em troca uma quantia de R$ 100 mil.

“O próprio Arilton disse: ‘Olha, eu preciso que você faça uma doação. É para uma obra missionária’. Eu falei: ‘Tudo bem. E de quanto é essa doação?’, aí ele falou: ‘Ah, por volta de R$ 100 mil é a doação’. Eu falei: ‘É muito. Eu não tenho. Eu não tenho condição. Mas eu tenho amigos, pessoas, empresários que costumam investir na obra e que eu vou pedir a doação'”, revelou.

Defesa

O presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu em defesa o ex-ministro Milton Ribeiro. Segundo ele, não havia “indícios mínimos de corrupção por parte” de Ribeiro. Em relatório enviado ao Ministério Público Federal (MPF), a PF diz que o ex-titular do MEC e os pastores evangélicos atuavam como “organização criminosa” na pasta.

“Quem começou essa investigação foi a Controladoria-geral da União a pedido do próprio Milton”, afirmou Bolsonaro durante entrevista do programa 4 por 4 no YouTube. O Ministério Público foi contra a prisão do Milton. Não tinha indícios mínimos de corrupção por parte dele. No meu entender, ele foi preso injustamente”, completou o presidente.

A tese da organização criminosa é corroborada pelo próprio MPF. “As provas carreadas aos autos demonstram a articulação da orcrim para utilizar verbas públicas em contrapartida a benefícios próprios”, escreveu a procuradora Carolina Martins Miranda de Oliveira em seu parecer sobre o caso.

Na entrevista, Bolsonaro também falou sobre a suposta interferência dele na PF, uma vez que há gravação de telefonema entre Ribeiro e a filha em que o ex-ministro fala de um pressentimento do presidente sobre a operação de busca e apreensão.

Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Compartilhar notícia