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Empresa doa 2 milhões de testes após ministério deixar lote vencer

Seegene informou que doação trata-se de “um gesto de boa vontade”. Ministério da Saúde deixou 1,7 milhões de exames perderem a validade

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Fotografia colorida de teste pcr coronavírus encalhado justiça
1 de 1 Fotografia colorida de teste pcr coronavírus encalhado justiça - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Após o Metrópoles mostrar que o Ministério da Saúde deixou estourar o prazo de validade de aproximadamente 1,7 milhão de testes RT-qPCR para Covid-19, a Seegene Brazil, unidade brasileira da empresa da Coreia do Sul, informou que irá doar 2 milhões de exames ao governo federal, além de 132 equipamentos para processamento.

A companhia esclareceu, ao Metrópoles, que os testes já estão disponíveis na Coreia do Sul, sede da empresa, e o “embarque depende apenas de procedimentos burocráticos, que devem estar concluídos nos próximos dias”.

Os testes a serem doados, segundo a empresa, “são de uma nova geração do produto, que propiciam resultado mais rápido, tem validade maior que os testes anteriores e são eficazes para a detecção de variantes. A evolução é fruto da constante pesquisa levada a efeito nos laboratórios da Seegene”.

Liberado o embarque, os testes serão entregues em São Paulo, onde o Ministério da Saúde usualmente estoca o material a ser distribuído aos estados.

“Não haverá prejuízo algum para a Seegene com a doação dos testes. A empresa, que tem no Ministério da Saúde do Brasil um cliente importante, faz a doação como um gesto de boa vontade. Diante do vulto da produção de testes no laboratório da Coreia, que abastece dezenas de países, o custo dos testes doados será absorvido sem problemas maiores. Por motivos comerciais, entretanto, a Seegene não pode divulgar o custo de fabricação dos testes.”

Os 1,7 milhão de exames RT-qPCR que perderam o prazo de validade foram adquiridos pelo governo federal em abril de 2020, via Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). No total, o lote continha cerca de 10 milhões de testes, que foram produzidos pelo laboratório sul-coreano.

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Cada teste custou aos cofres públicos R$ 42. Isso significa que, além de os brasileiros não terem tido acessos aos exames, o desperdício pode chegar a R$ 71,4 milhões.

Ao Metrópoles, a Opas esclareceu ter recebido uma solicitação do Ministério da Saúde para apoio nesse processo. “No momento, a solicitação está em análise”, disse. Questionada sobre a doação de 2 milhões de testes pela Seegene Brazil, a organização disse se tratar de negociações distintas.

Em dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ampliou o prazo de validade dos testes, por mais quatro meses, após o jornal O Estado de S. Paulo revelar que 6,9 milhões de exames estavam encalhados.

No início de abril de 2021, o Metrópoles mostrou que, desse total, 2,8 milhões de exames RT-qPCR seguiam sem destinação. À época, a pasta acenou com a possibilidade de nova avaliação da Anvisa para estender o prazo de validade dos exames para Covid-19 estocados. E acrescentou que “trabalha, juntamente com os estados e municípios, para que nenhum teste perca a validade”.

Por sua vez, a agência reguladora afirmou, ao Metrópoles, que não tinha “perspectiva do que poderá ocorrer com os referidos testes”.

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