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Campanha de Doria cria impasse para candidatura de Meirelles ao Senado

Adversário tucano e desempenho em pesquisa também são outros fatores que geram incertezas; Meirelles deve bater martelo na próxima semana

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Henrique Meirelles
1 de 1 Henrique Meirelles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Goiânia e São Paulo – As certezas em torno da candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (PSD) ao Senado já não são tão grandes como eram semanas atrás. Ele anunciou pelas redes sociais a pré-candidatura por Goiás, mas seu papel no desenho do projeto econômico da pré-campanha de João Doria (PSDB) se tornou fundamental e pode criar um impasse para esses planos. A decisão sobre seu futuro deve ser tomada na próxima segunda-feira (21/3).

Meirelles está à frente da Secretaria de Fazenda e Planejamento de São Paulo. A princípio, o goiano disse que deixaria o cargo para focar na candidatura em Goiás até o final de fevereiro. Em seguida, afirmou que sairia no meio de março. Mas, até agora, ele não oficializou o desligamento e segue com um pé lá e outro cá. Enquanto isso, lideranças do PSD goiano buscam convencê-lo a permanecer na disputa.

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No entorno de Doria, há a avaliação de que ele tem um papel crucial na campanha do tucano. Afinal, Meirelles comanda o comitê econômico, que será responsável por desenvolver as propostas de economia para Doria. Imagina-se que uma eventual candidatura ao Senado dividiria o foco.

Com a saída de Doria do governo paulista em 2 de abril, quando terá início de fato sua pré-campanha, o atual secretário da Fazenda será um ativo valioso do presidenciável. E isso não só para auxiliar nas propostas de governo, mas também na interlocução com setores empresariais e do mercado.

Isso porque um dos trunfos do governo tucano a ser explorado na campanha é, justamente, o crescimento econômico do estado e as privatizações. Esses feitos tiveram grande participação do secretário de Fazenda.

PSD

Em Goiás, o PSD de Gilberto Kassab tenta incentivá-lo como candidato, pois seria um nome forte para representar o partido, com boas chances de vitória nas eleições deste ano. Ele tem mantido uma agenda de visitas a Goiânia, nos últimos meses, para se reunir com políticos locais, e estará na cidade novamente no início da próxima semana para bater o martelo sobre sua participação no pleito.

A informação que corre nos bastidores, no entanto, é que ele não estaria mais tão animado com a possibilidade de se candidatar, por causa de números de pesquisas eleitorais recentes. Um grupo de lideranças do PSD teria se esforçado para convencê-lo e mantê-lo no foco da candidatura, na última visita dele à capital goiana.

Pesquisa

No final de janeiro, na pesquisa Serpes encomendada pela Associação Comercial, Industrial e dos Serviços de Goiás (Acieg), Meirelles apareceu com 11,1% das intenções de voto na estimulada, atrás apenas do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), com 16,6%. Ele ficou entre os três, também, no índice de rejeição, com 5,5%, atrás de Perillo (24,7%) e do deputado federal Delegado Waldir (União Brasil), com 6,2%.

Em entrevista ao Metrópoles no final de fevereiro, além de expor que, caso eleito, terá como pauta principal no Congresso Nacional a aprovação das reformas tributária e administrativa, Meirelles afirmou que, ao se candidatar desta vez, compromete-se em não trocar o mandato para assumir qualquer cargo público.

Em 2002, ele foi o deputado federal mais bem votado em Goiás, mas não assumiu o posto. Preferiu trocá-lo pela função de presidente do Banco Central no governo Lula (PT). A situação marcou a trajetória e a relação dele com o eleitorado goiano.

 

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Adversário tucano

Outro aspecto importante no xadrez político envolvendo a candidatura de Meirelles é a possibilidade de ele enfrentar um tucano aliado de Doria, na disputa em Goiás. O ex-governador Marconi Perillo, que também é próximo do governo paulista, deve sair candidato neste ano, mas ainda não se decidiu se será ao governo ou ao Senado.

Em 2002, aliás, quando Meirelles se elegeu à Câmara dos Deputados, dividiu palanque com Perillo, então eleito governador. Os dois, inclusive, eram colegas de partido à época no PSDB.

O possível embate entre os dois, na briga pela única vaga ao Senado, está sendo ponderado nas discussões internas. Ao Metrópoles, Meirelles disse em fevereiro que isso não seria um problema, que é algo natural e que ele enfrentaria Perillo com tranquilidade.

O ex-ministro, inclusive, já esteve reunido com o ex-governador de Goiás para falar sobre formação de alianças e uma possível inserção do nome dele como candidato ao Senado na chapa para o governo de Perillo, mas nada foi oficializado até então. O PSD, ainda, não anunciou apoio a nenhum pré-candidato a governador em Goiás.

Arrumando a casa

Entre os integrantes do partido em Goiás, o sentimento é que Meirelles vai manter o compromisso e disputar as eleições. Vereadora de Goiânia, Sabrina Garcêz (PSD) vem acompanhando as reuniões do ex-ministro na capital. Procurada pela reportagem, disse que não houve conversa direta com ela, até o momento, sobre uma possível desistência.

A vereadora chegou a dizer, inclusive, que o partido busca um imóvel para alugar e servir de escritório político para Meirelles em Goiânia, pois suas reuniões, geralmente, são feitas em um hotel da cidade. A próxima viagem dele à capital será decisiva. Pelo menos é o que ele próprio indicou a interlocutores em São Paulo nesta semana.

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