São Paulo – Uma reunião nesta sexta-feira (8/4), em São Paulo, selou a apresentação do nome do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) para a vaga de vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial deste ano.
Ex-adversários políticos, Alckmin e Lula apareceram juntos pela primeira vez no fim de 2021, em jantar organizado por grupo um de advogados em São Paulo. Novamente nessa cidade, o ato concretizou a união.

Quinze anos depois de concorrerem como rivais nas eleições ao cargo de chefe do Executivo federal, o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) ensaiam formar aliança inusitada para 2022Ana Nascimento/ Agência Brasil

Lula e Alckmin disputaram o segundo turno das eleições presidenciais de 2006 em uma campanha marcada por ataques mútuos. Lula saiu vencedor com 48,61% dos votosBand/Reprodução

Após a derrota, Alckmin seguiu como oposição ferrenha a LulaFilipe Cardoso/ Metrópoles

No entanto, mirando nas eleições de 2022, o ex-presidente mostrou interesse em ter Alckmin como viceRafaela Felicciano/Metrópoles

O ex-governador, inclusive, tem sinalizado favoravelmente ao petistaMichael Melo/Metrópoles

A aliança entre os políticos é estratégica. Ter Alckmin como vice pode atrair setores do mercado e do empresariado que resistem ao nome de Lula como candidato à Presidência da RepúblicaMichael Melo/Metrópoles

O tucano pode, também, agregar mais votos de São Paulo, o maior colégio eleitoral do paísIgo Estrela/Metrópoles

De acordo com pesquisa realizada em setembro de 2021 pelo Datafolha, Alckmin estava na liderança para o governo paulistaIgo Estrela/Metrópoles

A aliança entre os políticos foi oficializada em abril de 2022. A "demora" envolveu, além das questões legais da política eleitoral, acordo sobre a qual partido o ex-governador se filiariaAna Nascimento/ Agência Brasil

Ao ser vice de Lula, Alckmin almeja ganhar ainda mais projeção política, o que o beneficiará durante possível corrida presidencial em 2026Rafaela Felicciano/Metrópoles

Pouco antes do Natal, Lula e Alckmin tiveram o primeiro encontro

Em 18 de março de 2022, Alckmin anunciou a filiação ao PSB, depois de 33 anos no PSDBDivulgação/ Ricardo Stuckert
Lula deu as boas-vindas ao antigo adversário. “Alckmin, você será recebido como um velho companheiro dentro do nosso querido Partido dos Trabalhadores”, disse Lula. Já Alckmin foi mais formal, mas depois abraçou e sorriu para Lula.
“Política não é uma área de solitária. Nós vamos somar esforços para a reconstrução do nosso país. Nós temos hoje um governo que atenta contra a democracia e atenta contra as instituições, e o que melhor define as nações que vão bem é exatamente ter boas instituições”, afirmou o ex-tucano.
O ex-ministro Fernando Haddad (PT) e o ex-governador Márcio França (PSB) foram os principais articuladores da aliança. Os dois são pré-candidatos ao governo de São Paulo. Alckmin também tinha a intenção de ser candidato a chefe do Executivo estadual, mas aceitou o convite do petista para disputar a Vice-Presidência da República.
Além de formalizar a chapa, a reunião também serve para que PT e PSB deem continuidade às discussões das chapas estaduais. A questão mais difícil ocorre em São Paulo, onde os dois partidos tentam emplacar candidaturas. Além dos dois pré-candidatos, também participam da reunião os presidentes dos dois partidos, Gleisi Hoffmann (PT) e Carlos Siqueira (PSB); o deputado Paulo Teixeira (PT-SP); e o senador Paulo Rocha (PT-PA).
História
Alckmin e Lula se enfrentaram no segundo turno da eleição presidencial de 2006, quando Lula foi reeleito.
Um dos fundadores do PSDB, o ex-governador esteve durante 33 anos na legenda, mas deixou a sigla após a vitória de João Doria nas prévias para a escolha do político tucano que deverá disputar a Presidência da República. Dentro do partido, o grupo de Alckmin rivalizava com o ex-governador de São Paulo.
No fim de março, Alckmin optou por se filiar ao PSB, partido que estará na coligação de Lula e já apontou sua disposição em compor a chapa, alegando que o petista é “aquele que melhor reflete o sentimento de esperança do povo brasileiro”.
Trâmite partidário
Agora, de acordo com os trâmites partidários, o PT deverá aprovar o nome do ex-tucano em reunião do diretório nacional, marcada para o dia 14 de abril. O lançamento da pré-candidatura de Lula foi confirmado para o próximo dia 30 de abril e ocorrerá no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.
Neste mesmo dia, será apresentada a frente de partidos que apoiará o petista. Esta frente será composta pela coligação com o PSB e com o Solidariedade, além de duas federações: uma formada pelo PT, PCdoB e PV, e outra que reúne PSol e Rede. A Executiva do PT também agendou o encontro partidário para o dia 4 de junho.