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“Sou opositor a Boulos. Mas apoiar o Covas, não”, diz Fernando Holiday

Vereador reeleito prevê mandato contra avanço do PSol: “Nosso papel é alertar a população”

atualizado

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Fotos: Afonso Braga/ Câmara Municipal de São Paulo
O vereador por São Paulo Fernando Holiday (Patriota)
1 de 1 O vereador por São Paulo Fernando Holiday (Patriota) - Foto: Fotos: Afonso Braga/ Câmara Municipal de São Paulo

São Paulo — O vereador reeleito em São Paulo Fernando Holiday (Patriota) está nas trincheiras virtuais contra a eleição de Guilherme Boulos (PSol), cujas propostas ele considera “irresponsáveis”.

Coordenador nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), com ideais conservadores e forte presença na internet, ele não apoia, contudo, a reeleição do prefeito Bruno Covas (PSDB). O parlamentar prevê um mandato com mais embates ideológicos a partir de 2021, uma vez que os psolistas conquistaram mais vagas na Câmara Municipal.

“O nosso papel é alertar a população para os riscos das principais propostas do Boulos para a cidade de São Paulo, especialmente para as contas públicas da cidade”, disse Holiday em entrevista ao Metrópoles na tarde desta segunda-feira (23/11), em seu gabinete. “Eu não vou subir num palanque e pedir votos para o Covas. Sou opositor ao Boulos. Mas apoiar o Covas, não”, acrescentou, prevendo uma campanha on-line anti-Boulos nesta semana e a anulação de votos do eleitorado do Patriota no próximo domingo (29/11).

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Apesar de ser negro e ter sido o primeiro homossexual assumido a conquistar uma cadeira na Câmara de São Paulo, Holiday se considera um político conservador com ideais liberais para a economia. “É uma equação complexa no debate público, mas eu diria que a direita, como um todo, defende as liberdades individuais, que é ter o direito de você ser quem se é. A direita pode abraçar a causa LGBT sob esse ponto de vista”, observou.

O parlamentar espera que os próximos quatro anos tenham mais embates ideológicos na casa legislativa, considerando que o PSol elegeu seis vereadores, contra dois no último mandato, somando-se a mais oito políticos do PT. “O fato de o PSol ter crescido significativamente quer dizer que vamos ter muito mais embates aqui na Câmara, pois acredito que a ideologia do PSol é um risco à liberdade das pessoas”, afirmou.

Como aliados, Holiday cita cinco vereadores eleitos do Patriota e do Partido Novo, além de conservadores que atuam no centro do espectro político, como os partidários da bancada evangélica. “A Câmara era dominada pelo fisiologismo, mas a partir de 2021 ela vai ser dominada pelo debate no campo das ideias”, previu.

Antes da fama no YouTube que o levou à política institucional, em 2016, em paralelo à liderança do MBL, movimento responsável pelas manifestações a favor do impeachement da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2013, Holiday era recepcionista de um cursinho para vestibulares em Carapicuíba (SP).

Cursava direito, abandonou o curso na metade e ingressou numa faculdade de história que faz por EAD. Tornou-se vereador pelo DEM e deixou o partido neste ano, rasgando a ficha de filiação partidária durante uma plenária, por discordar de um projeto que propunha limitar a frota de aplicativos de transporte ao número de táxis na cidade.

Segundo ele, o avanço de Boulos e do PSol reaproxima os partidos e políticos conservadores. “O fato de a gente ter um adversário em comum me reaproximou do DEM. Passei a dialogar mais com o DEM, e o Patriota já se tornou uma força consolidada”, afirmou.

Paralelamente, lidera o MBL, que defende reformas liberais: a administrativa, para flexibilizar da contratação e demissão de funcionários públicos; a tributária, para simplificar os impostos; e a do pacto federativo, para distribuir o poder da União entre as unidades da Federação.

Sobre a questão da cor na política, pondera: “O público negro de verdade, as pessoas na rua, que trabalham, acordam cedo e vão trabalhar, boa parte defende os ideais liberais, muitas vezes até sem saber o que é o liberalismo. Agora, a militância negra é um negócio totalmente à parte, totalmente dominada pela esquerda”.

A exemplo do aliado Arthur do Val (Patriota), conhecido como Mamãe Falei, derrotado nas urnas das atuais eleições para a prefeitura e que recusou o uso do fundo eleitoral na candidatura, Holiday recusou, segundo ele próprio, 90% das verbas de gabinete, medida que promete manter na próxima gestão.

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