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Dólar sobe 0,17%, para R$ 4,04, com cenário externo em risco

No Brasil, a Câmara concluiu nesta quinta a aprovação da Medida Provisória 870 de reestruturação dos ministérios

atualizado

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Arquivo/Agência Brasil
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1 de 1 dolar_16 - Foto: Arquivo/Agência Brasil

Com troca de sinais ao longo do dia e sob influência do clima de aversão ao risco no exterior, o dólar subiu na sessão desta quinta-feira (23/05/2019). Com máxima de R$ 4,0714 e mínima de R$ 4,0259, a moeda americana encerrou o pregão cotada a R$ 4,0475, em alta de 0,17%. Segundo operadores, com o ambiente interno menos conturbado, após o Congresso retomar a votação das MPs, investidores refreiam novas apostas e apenas ajustam posições, enquanto monitoram o comportamento das demais divisas emergentes

No front interno, a Câmara concluiu nesta quinta a aprovação da Medida Provisória 870, editada pelo governo Jair Bolsonaro para reestruturar os ministérios. A MP segue para o Senado e tem que ser aprovada até 3 de junho, quando perde a validade. A retomada das votações no Congresso, graças a uma articulação dos partidos do Centrão com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ-DEM), deu um alento aos investidores em relação ao andamento da reforma da Previdência.

Segundo especialistas, o arrefecimento das tensões políticas retirou suporte para apostas compradas na moeda americana que levaram o dólar a atingir R$ 4,10 este mês. Na outra ponta, a fraqueza da economia brasileira, o risco de desidratação acentuada da reforma da Previdência e a as incertezas no exterior impedem que a moeda americana volte a ser negociada abaixo de R$ 4 no curto prazo.

“Dada a conjuntura atual, um dólar entre R$ 4 e R$ 4,05 parece mais apropriado. Com o Congresso retomando as votações, o nível de R$ 4,10 parece exagerado. Mas para cair ainda mais é preciso novos fatos positivos”, afirma Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest.

Lá fora, o dia foi de forte aversão ao risco, em meio aos temores de uma escalada no confronto comercial entre chineses e americanos. O porta-voz do Ministério do Comércio chinês, Gao Fent, disse que os EUA precisam corrigir suas “ações erradas” para que as negociações bilaterais sejam retomadas. Já o presidente Donald Trump confirmou no fim da tarde que vai se encontrar com o líder chinês, Xi Jinping, durante as reuniões do G-20, que acontece nos dias 28 e 29 de junho, no Japão.

O dólar avançou em relação à maioria das divisas de emergentes e países exportadores de commodities, sobretudo ante o rublo, o rand sul-africano (depois do BC da África do Sul manter os juros em 6,75% ao ano) e o peso mexicano, considerados pares do real.

Já o índice DXY – que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – chegou a subir pela manhã, superando os 98 pontos, mas perdeu força após a divulgação de dados americanos de varejo e indústria abaixo das estimativas. Como o DXY vem em uma maré altista, na esteira do desempenho recente mais forte da economia americana em comparação com outros países desenvolvidos, havia espaço para um ajuste de baixa.

Para a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, embora o Federal Reserve (Fed, o banco Central americano) reconheça que o embate comercial com a China possa afetar a atividade nos EUA, ainda é cedo para apostar em um corte da taxa de juros americana, o que poderia tirar força do dólar e, por tabela, aliviar a pressão sobre moedas emergentes, como o real.

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