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Coronavírus: previsões sobre PIB variam em cenário de incertezas

Projeções sobre a economia vão de um crescimento de até 1,5% até uma recessão de 4,4%, como mostra estudo da FGV

atualizado

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O número de casos do novo coronavírus cresce e impacta fortemente os países, derrubando pessoas — são mais de 22 mil mortos — e economias. A situação gera incertezas ante a duração e o tamanho da crise, o que faz com que projeções tornem-se imprecisas e perecíveis.

É o caso das projeções feitas para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que foram revisadas diversas vezes nos últimos dias por causa da rápida disseminação da doença no país.

As principais instituições preveem, hoje, que a economia brasileira deva fechar este ano entre um crescimento de 1,48%, como a última divulgação do relatório de Mercado Focus, e uma recessão de até 4,4%, previsto em estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O economista-chefe da agência classificadora de risco Austin Rating, Alex Agostini, explica que o momento é de incertezas e que, qualquer projeção feita, não pode ser descartada.

“Neste momento, se tem uma dificuldade muito grande em realizar previsões com maior probabilidade de acertos porque tudo saiu do eixo, tudo se desencaixou, e é algo sem precedentes”, analisa.

Números

Apesar da falta de clareza sobre o futuro da economia do país, o movimento de queda é certo entre todas as projeções.

O Ministério da Economia cortou a previsão do PIB duas vezes somente neste mês. A última, no dia 20 de março, foi reduzida de 2,1% ao ano para 0,02%. Corte semelhante ocorreu com o Banco Central (BC), que baixou nessa quinta-feira (26/03) de 2,2% para 0%. As duas situações mostram que a economia do país não vai sair do lugar.

Em cenários ainda mais pessimistas, algumas instituições preveem uma recessão no país. É o caso dos bancos Goldman Sachs (-3,1%), Asa Bank (-3%) e Itaú Unibanco (-0,7%).

A Austin Rating, por sua vez, divulgou um informe nesta sexta-feira (27/03) que projeta uma recessão de 3,1% no país. A FGV publicou um estudo que aponta que o PIB pode ter a maior retração desde o início da série histórica, em 1962, com recuo de 4,4%.

Na outra ponta, o relatório de Mercado Focus estimou, na última segunda-feira (23/03), um crescimento de 1,48% na economia brasileira. O boletim é fechado toda sexta-feira e, já no início da próxima semana, deve reduzir esse número para zero ou próximo de zero, como prevê Alex Agostini.

“Com certeza, o Focus vai mostrar agora uma queda muito mais forte do PIB em comparação com as últimas revisões. Talvez não mostre um número negativo, mas em termos de pontos percentuais vai cair bastante”, comenta.

Daqui pra frente

Se o atual momento é de incertezas, mais ainda se tem dúvidas dos próximos passos. “A gente pode revisar tanto para uma queda maior quanto para um crescimento”, explica Agostini.

Na economia, o futuro depende de vários fatores, desde medidas adotadas por chefes de Estado quanto por situações naturais, como é o caso da pandemia do novo coronavírus.

“O que vai definir bastante é o tempo que vai durar o lockdown ou mesmo o tempo em que descubram a vacina. Além disso, tem que ver até quando se consegue reverter esse processo de contágio”, finaliza o economista.

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