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Aéreas pedem ajuda a governo após ações caírem com coronavírus

Só durante a semana, ativos da Gol e da Azul caíram 52,9% e 45,7%, respectivamente. Governo estuda MP para socorrer empresas

atualizado

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A pressão provocada pela disseminação do novo coronavírus chegou com forte turbulência no setor aéreo brasileiro, que tem cancelado uma série de voos, além de ver o valor das suas ações despencarem e, agora, grita por socorro do governo.

Ações de aéreas registraram baixas no Ibovespa sobretudo durante esta última semana, considerada a pior da história no mercado financeiro por investidores brasileiros. Essa foi a semana com as maiores perdas nos últimos 11 anos.

Durante a semana, ativos da Gol e da Azul caíram 52,9% e 45,7%, respectivamente. Em março, acumulam queda de 61,3% e 52,7%.

O setor, contudo, não se limita às companhias aéreas. A agência de viagens CVC, por exemplo, acompanhou o movimento e teve baixas na semana de 43,3% e, no mês, de 49,6%.

“Os insumos das aéreas foram afetados pelo câmbio, mas principalmente pelas restrições de viagens”, explica o economista e assessor de investimentos da G2W, Vitor Hugo Fonseca.

Isso porque o presidente norte-americano Donald Trump suspendeu voos entre boa parte da Europa e os Estados Unidos. A medida começou a valer nessa sexta-feira (13/03).

Na semana passada, que marcou o setor pelo colapso da britânica Flybe, a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO) estimou que o novo coronavírus derrube a receita do setor de aviões em até US$ 113 bilhões.

Vacina anti-coronavírus
Em contrapartida, o setor tem se ajustado em uma tentativa de reduzir os efeitos do Covid-19 e, por fora, pede medidas urgentes ao governo.

A Azul informou que o voo Campinas-Nova York terá o início das operações adiado de junho para setembro deste ano; a Gol avisou que a malha vai passar por ajustes; também afetada, a Latam vai reduzir a oferta de voos internacionais.

Em nota, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) afirmou que é “grave a crise econômica que afeta a aviação comercial brasileira neste cenário de pandemia do coronavírus”.

Ao Ministério da Infraestrutura, a associação apresentou uma série de demandas que visam minimizar o impacto sobre a indústria. Veja a lista abaixo:

  • Redução de impostos PIS/Cofins sobre QAV e remoção do mesmo sobre venda de passagens aéreas;
  • Desoneração da folha de pagamento, preservando empregos | 1% sobre a receita bruta;
  • Redução das tarifas do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e Infraero, além da suspensão temporária de pagamentos;
  • Restabelecimento da alíquota do IRPJ sobre leasing de aeronaves, motores e peças de 0%;
  • Suspensão de PIS/Cofins/Cide/IRRF em pagamentos feitos no exterior;
  • Linha de crédito para capital de giro, a exemplo do que já ocorre na China, Cingapura e Colômbia

Todas as propostas apresentadas pela Abear foram recebidas positivamente pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que informou, por meio da assessoria, estar preocupado com o setor.

Apesar de considerar sustentável, o ministro não sabe se as medidas vão passar pelo crivo do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Conforme apurado pelo Metrópoles, o texto já foi enviado para o ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, que estuda, junto a Guedes, a elaboração de uma Medida Provisória (MP). Ainda não se sabe se todos os pontos apresentados por Tarcísio serão aprovados pelo ministro da Economia.

Procurados, a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência e o Ministério da Economia não se pronunciaram até o fechamento desta reportagem. O espaço continua aberto.

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