metropoles.com

Dos 466 municípios do Centro-Oeste, 425 não têm leitos de UTI

Dados coletados pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde mostram que apenas 8,7% da região está equipada contra a Covid-19

atualizado

Compartilhar notícia

Hugo Barreto/Metrópoles
Leito de UTI
1 de 1 Leito de UTI - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Unidades de terapia intensiva (UTIs) são essenciais para o tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus em todo o mundo. Infelizmente, nem todas as cidades do Brasil têm leitos desse tipo. Na Região Centro-Oeste, por exemplo, dos 466 municípios, apenas 41 contam com centros de tratamento intensivo no Sistema Único de Saúde (SUS).

Na fase crítica da Covid-19, pacientes de Goiás (246 municípios), Mato Grosso (141) e Mato Grosso do Sul (79) precisam ser transferidos para cidades maiores, onde há uma estrutura de saúde capaz de dar o atendimento adequado aos doentes. Nessa conta, o Distrito Federal entra apenas como um “município”. Segundo atualização de sábado, 35% dos leitos de UTI para infectados pelo coronavírus estavam ocupados (leia mais abaixo).

Em Goiás, por exemplo, apenas 15 cidades estão preparadas para receber casos mais graves da Covid-19. O que significa que, em tempos de pandemia, unidades de saúde de Goiânia e Brasília recebem pacientes do estado vizinho. No caso da capital federal, de acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Saúde local, cerca de 10% dos pacientes com coronavírus são do Entorno, região goiana que circunda o DF.

Os dados obtidos pelo Metrópoles por meio do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNESNet), do Ministério da Saúde, revelam que, na Região Centro-Oeste, apenas 8,7% possuem capacidade de atender uma urgência por Covid-19, com atendimento especializado e respiradores, que são bastante utilizados na fase crítica da doença.

Nesse sábado (02/05), o Ministério da Saúde divulgou que o Brasil registrava 96.559 casos confirmados da doença e 6.750 óbitos. Confira e compare os dados de cada estado (e distrito) do Centro-Oeste:

Crise antiga

Para Manuel Retamozo Palacios, mestre em doenças infectocontagiosas pela Universidade de Brasília (UnB), infectologista hospitalar do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e do Centro de Segurança Assistencial do Hospital Anchieta, a falta de leitos em tantos lugares pode ser preocupante, a depender de como o coronavírus vai se comportar em cada estado nos próximos dias.

“Até onde nós sabemos, os grandes problemas, as grandes ocupações de hospitais, tanto na rede pública quanto na privada, acontecem nas grandes cidades, nas capitais, e não nas pequenas cidades. Há municípios, por exemplo, em Goiás, que registraram alguns casos e outros onde não existe nenhum”, disse o especialista

Palacios lembra, porém, que a crise por falta de leitos em UTIs pelo Brasil não é atual. “Todo mundo pensa só daqui para frente, com o coronavírus. Mas ninguém lembra das outras doenças que já precisavam das UTIs”, aponta.

“Certamente havia um fluxo de encaminhamento de pacientes para cidades onde existem hospitais com terapia intensiva. Lógico que isso gera um risco por conta da locomoção, mas essa movimentação ocorreu há algum tempo, e eu acho que isso não vai mudar com a chegada da Covid-19”, lamenta.

O Distrito Federal cumpre um papel fundamental no atendimento dos pacientes que vêm do Entorno. De acordo com o boletim do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), 10% dos enfermos atendidos no DF são de fora.

Segundo uma pesquisa divulgada recentemente pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), 53% dos municípios do país não têm leitos de UTI. Para a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), apesar dos números negativos, o Centro-Oeste ainda tem a “melhor cobertura de leitos totais dentre as regiões brasileiras”.

“Atualmente, a região dispõe de 2,8 leitos para cada 1.000 habitantes, a melhor cobertura de leitos totais dentre as regiões brasileiras e dentro do parâmetro utilizado pelo Ministério da Saúde, que é de 2,5 a 3 leitos por 1.000 habitantes. Vale destacar que o dado inclui a rede de saúde do DF”, aponta o estudo.

Quanto ao cenário específico da pandemia do novo coronavírus, a entidade demonstra preocupação: “Para o atendimento específico da Covid-19, a CNM ressalva que a situação é preocupante porque é dessa rede (que tem leitos de UTI) que serão separados os estabelecimentos de saúde para atender a demanda – ainda crescente”, adianta a confederação, por meio de nota.

Goiás

A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) afirmou ao Metrópoles que “está organizando leitos novos e dedicados à Covid-19 de forma regionalizada, para que cada macrorregião conte com, pelo menos, um hospital de leitos de UTI”. A SES-GO afirma ainda que “prepara unidades, que foram estadualizadas, com leitos de UTIs nos municípios de Luziânia, Formosa, Jataí, Itumbiara e São Luís de Montes Belos”.

Mato Grosso do Sul

A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES-MS) informou que, entre os 11 municípios que possuem leitos, Campo Grande, Três Lagos, Corumbá e Dourados são polos de atendimento no estado.

“O governo do estado, por intermédio da Secretaria de Estado de Saúde, está trabalhando para a ampliação de leitos e, assim, atendimentos aos municípios”, ressaltaram e informaram que apenas um leito dos 152 disponíveis no SUS está ocupado.

Mato Grosso

A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), por meio de nota, afirmou que o estado tem 11 hospitais regionais/estaduais sob gestão da SES-MT, que atendem às demandas dos municípios que não têm UTI.

“O Governo do estado tem como estratégia um plano de contingência que disponibiliza os Hospitais Estaduais e de Referência Regional por Macrorregião para o atendimento de pacientes com coronavírus (…). Em maio, o Governo do Estado colocará em funcionamento 288 novos leitos clínicos e outros 101 leitos de UTIs, exclusivos para o combate do coronavírus”, informou.

De acordo com a secretaria, a taxa de internação de pacientes infectados com o novo coronavírus no estado de Mato Grosso é de 4,8%. “Em todo o estado, há 16 pacientes hospitalizados, sendo 10 em unidade de terapia intensiva (UTI) e seis leitos em enfermaria. Portanto, o estado tem a segunda menor taxa de ocupação de leitos de UTI para os pacientes da Covid-19, dentre todos os estados brasileiros”, ressaltou a pasta.

Distrito Federal

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal afirmou à reportagem que há, atualmente, 122 leitos de UTIs específicos para o atendimento a pacientes com o novo coronavírus na capital federal. Desses, 43 estão ocupados. A pasta afirma que trabalha para aumentar o número de leitos nas próximas semanas, de acordo com a necessidade de novas internações por Covid-19.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?