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Diretor exonerado diz que iniciou investigação sobre “Abin paralela”

Exonerado cinco dias após ser citado em operação da Polícia Federal, Alessandro Moretti diz que compartilhou investigação interna da Abin

atualizado

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Pedro França/Agência Senado
Alessandro Moretti ocupa o cargo de diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência ABIN - Metrópoles
1 de 1 Alessandro Moretti ocupa o cargo de diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência ABIN - Metrópoles - Foto: Pedro França/Agência Senado

O delegado da Polícia Federal (PF) Alessandro Moretti se manifestou pela primeira vez após ter sido exonerado do cargo de diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nesta terça-feira (30/1). O pesquisador e diretor da Escola de Inteligência da Abin, Marco Cepik, assumiu o cargo de diretor-adjunto.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (31/1), Moretti afirma que foi ele quem determinou investigação interna sobre a chamada “Abin paralela”, no começo de 2023, e que essa apuração interna abasteceu a PF de informações no inquérito que mira a cúpula da Abin no governo de Jair Bolsonaro (PL).

“Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à agência. Por esta razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin”, escreveu Moretti na nota.

Exoneração após ação da PF

Alessandro Moretti foi exonerado cinco dias após operação da PF revelar que, em março passado, durante reunião com servidores investigados, ele teria chamado a apuração sobre espionagem ilegal na Abin de algo com “fundo político e que iria passar”.

Na época, Moretti estava como diretor-geral da Abin em exercício, já que o delegado Luiz Fernando Corrêa, indicado para a direção-geral da agência, ainda não tinha assumido o cargo. A investigação interna teria sido aberta na mesma época por Moretti.

Antes disso, Moretti já era motivo de briga entre a PF e a Abin, porque ele foi braço direito de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, na Secretaria de Segurança do DF, e chefe de Inteligência da Polícia Federal no governo Bolsonaro.

A investigação da PF apura o uso do software israelense FirstMile em um esquema de espionagem ilegal para monitorar adversários do governo Bolsonaro. O sistema permite saber a geolocalização de alvos a partir de números de celular.

Esse esquema ilegal teria durado entre 2019 e 2022, durante a gestão da Abin pelo delegado da PF Alexandre Ramagem, atual deputado federal pelo PL.

Veja a nota de Moretti na íntegra:

“Ao deixar o cargo de Diretor-Adjunto da Agência Brasileira de Inteligência – Abin, venho a público para esclarecer que, após minha determinação, na época como Diretor-Geral em exercício, é que foram iniciados os trabalhos de apuração interna relacionados ao uso de ferramenta, com a instauração de sindicância investigativa pela Corregedoria-Geral.

Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à Agência. Por esta razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin.

Importante lembrar que a Abin se encontra em fase de transição, após deixar de ser subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional – GSI e passar a integrar a estrutura da Casa Civil da Presidência da República.

Diversas medidas foram adotadas e muitas outras estão sendo implementadas pela atual gestão para a modernização da gestão da Agência, o que garantiu, inclusive, a citada apuração ampla e independente.

Nenhum país, em especial uma nação continental como o Brasil, pode prescindir de uma Inteligência profissional e cumpridora dos princípios que regem o Estado Democrático de Direito. O conhecimento estratégico difundido pela Abin, indispensável para o país e essencial para a proteção de nossa sociedade, é produzido por profissionais altamente capacitados e compromissados.

O fortalecimento da Abin, como instituição de Estado, deve ser uma busca constante, e não dispensa o reconhecimento e respeito aos seus dedicados servidores.

Agradeço a oportunidade de trabalhar nesta Agência que tanto respeito e de ter podido contribuir com seu processo de modernização, do modo como sempre atuei nos meus 33 anos de serviço público, na proteção da sociedade brasileira, como servidor de Estado. Meu especial agradecimento ao Dr. Luiz Fernando Corrêa, Diretor-Geral da Abin, pela confiança e profissionalismo”.

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