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Corpos de vítimas da Covid-19 são trocados em engano de parente em Manaus

Filmagens de câmeras de segurança precisaram ser consultadas para recuperar corpo de idosa que morreu na sexta

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Manaus Covid-19 falta de oxigênio
1 de 1 Manaus Covid-19 falta de oxigênio - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A tragédia coletiva vivida pelos moradores de Manaus em meio a uma forte segunda onda de contágios e mortes por coronavírus se divide nos dramas individuais das famílias das vítimas. Uma dor que é agravada pelo colapso na estrutura de saúde da capital do Amazonas. Neste sábado, o G1 amazonense noticiou a tragédia particular de Michele Oliveira, que perdeu a mãe e ainda viu o corpo desaparecer por algumas horas.

O caso ocorreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) José Rodrigues, onde a mãe de Michele, uma idosa de 59 anos, estava internada desde o dia 12 de janeiro.

“Internaram ela porque a oxigenação não estava boa. Quando foi na quinta, ela teve uma pequena piora, mesmo fazendo os exercícios”, contou Michele ao G1.

Na sexta (15/1), porém, faltou oxigênio na unidade. “Estava um furdunço. Muitos pacientes estavam passando por complicação naquele momento. Eu vi correria de médicos, enfermeiros. Quando saí para ver o que estava acontecendo, vi os cilindros chegando e a agonia do pessoal. Esse pequeno atraso, que seja de cinco minutos, de 10, de 15, faz um efeito muito grande, porque não foi só a minha mãe que me deixou no momento”, relatou Michele.

Cenas da crise sanitária em Manaus:

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A filha contou então que foi resolver o velório e o enterro da mãe, mas não encontrou o corpo quando voltou à UPA para fazer a liberação. “Uma pessoa foi lá e reconheceu o corpo da minha mãe como o da sogra dele. Quando eu cheguei, o corpo da minha mãe não estava”, afirmou Michele.

Para descobrir o que havia ocorrido, os funcionários checaram as gravações das câmeras de segurança e viram que outra pessoa havia reconhecido e liberado o corpo. A troca, então, foi desfeita antes dos velórios.

“Quero chamar a atenção pelo descaso de deixarem pessoas morrerem por falta de oxigênio. A minha mãe sempre falava que tinha muito medo de morrer asfixiada. Foi justamente como aconteceu”, concluiu Michele.

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