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Brasil deve retornar à Unasul em até 10 dias; país deixou a entidade no governo Bolsonaro

Volta ao grupo, esvaziado após a saída do Brasil em 2019, faz parte dos esforços de Lula para retomar relações com países sul-americanos

atualizado

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Montserrat Boix/Wikimedia Commons
UNASUR_(Ecuador)
1 de 1 UNASUR_(Ecuador) - Foto: Montserrat Boix/Wikimedia Commons

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina, nos próximos dias, decreto que revoga a saída do Brasil da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O país deixou a entidade em 2019, na gestão Bolsonaro, e agora quer fomentar uma maior integração internacional por meio da organização, esvaziada desde a saída brasileira.

O Ministério das Relações Exteriores ressalta a intenção do governo Lula em estreitar as relações com os países sul-americanos. Em documento, a pasta destaca como “firme e valioso” o cumprimento do tratado que criou a entidade, em 2008.

No Itamaraty, o tema é tratado sem alarde. O temor é que o assunto seja politizado pela oposição ao governo brasileiro. Em outra frente, fontes do Ministério das Relações Exteriores acreditam que pode haver resistência por parte do Uruguai, uma vez que o país do presidente Lacalle Pou deu uma guinada à direita desde 2020, quando assumiu a presidência local.

O decreto e a carta de ratificação das intenções brasileiras estão prontos. A previsão é que Lula assine o documento em até 10 dias. Assim, espera-se que a Unasul seja retomada em sua composição original, com Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, além do Brasil.

A Unasul era formada por 12 países da América do Sul, com o objetivo de construir um espaço de diálogo e articulação no âmbito cultural, econômico e político entre seus membros. Mas, em abril de 2019, quatro meses após tomar posse, Bolsonaro anunciou, via Twitter, a saída do Brasil do grupo. Na ocasião, o então presidente considerou melhor integrar o Fórum para o Progresso da América do Sul (Prosul).

No ato da saída, o Ministério das Relações Exteriores fez o anúncio oficial por meio de nota: “Em abril de 2018, os governos de Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai e Uruguai decidiram, de forma conjunta, suspender a sua participação da Unasul em função da prolongada crise no organismo, quadro que, desde então, não se alterou”, disse o Itamaraty.

Integração

Em 24 de janeiro, logo no início de seu mandato, Luiz Inácio Lula da Silva já demonstrava intenção diferente de seu antecessor. Em viagem à Argentina, Lula afirmou que seu governo fortaleceria o Mercosul e recriaria a Unasul. “Sozinhos somos fracos. Juntos, podemos crescer e desenvolver a região”, escreveu o presidente em suas redes sociais.

Na ocasião, Lula já dizia que queria melhorar as relações com os países vizinhos, abaladas por Bolsonaro. “Vim para a Argentina não só para participar da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que acontece hoje, mas também para dizer que o Brasil está de volta”, escreveu o petista.

A promessa está prestes a ser cumprida. A corrida da documentação para retorno à Unasul tem o objetivo de que Lula ainda consiga registrá-la em seu balanço de 100 dias de governo.

O governo Lula trabalha para que a cúpula de reestreia da Unasul aconteça no Brasil ainda no primeiro semestre de 2023, conforme antecipado pelo colunista Igor Gadelha do Metrópoles.

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