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Atirador de Goiânia está isolado “por ameaças de morte”, diz advogada

Adolescente de 14 anos está isolado em uma sala de umas das unidades de internação para jovens infratores da cidade

atualizado

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Andre Borges/Agência estado
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1 de 1 goyases - Foto: Andre Borges/Agência estado

O adolescente de 14 anos que matou dois alunos e feriu a tiros outras quatro crianças no Colégio Goyases em 20 de outubro, em Goiânia, está isolado em uma sala de umas das unidades de internação para jovens infratores da cidade, cujo endereço não foi divulgado por razões de segurança.

A decisão judicial previa que ele fosse enviado para o Centro de Internação Provisória do 7º Batalhão da Polícia Militar, em Goiânia, onde estão cerca de 90 menores, mas a advogada da família, Rosângela Magalhães, alegou que o menino corria risco de morte por causa de ameaças que chegaram à família.

O garoto está detido desde o dia 20 de outubro, quando disparou 12 tiros contra seus amigos de sala de aula. No centro de internação, tem direito de ver apenas o pai e mãe durante uma hora por semana. Regularmente, recebe visita de psicólogos. Nos próximos dias, um laudo pericial trará o quadro psicológico e psiquiátrico do garoto. A peça é vista como documento fundamental para o desdobramento do caso.

Rosângela Magalhães, que esteve cinco vezes com o adolescente, diz que se trata de um jovem calado e introvertido por natureza. “O que deu para notar, no primeiro dia de contato, é que ele estava em pânico, muito abalado. Hoje a palavra que resume isso tudo é a dor. Ele é muito apegado ao irmão, de 8 anos, que também estudava no mesmo colégio.”

Segundo a advogada do adolescente, o garoto tinha bom comportamento familiar, tirava boas notas e já estava aprovado em todas as disciplinas neste ano. “Não estou negando a gravidade dos fatos, mas esse menino sempre teve uma vida ajustada. É um fato isolado na vida dele”, defende.

O garoto é filho de policiais militares. A mãe atua na área administrativa, em cursos de formação de policiais da Academia da PM. O pai, o major Divino Aparecido Malaquias, trabalha na Corregedoria da polícia e já foi comandante do Batalhão da PM que faz a segurança do complexo prisional de Aparecida de Goiânia (GO).

Na manhã do dia em que sacou uma arma da mochila e saiu atirando, major Divino havia passado no Colégio Goyases poucos minutos antes para pegar o filho mais novo, de 8 anos, porque sua aula acabava um pouco mais cedo. “O adolescente ia para casa a pé. A família morava perto do colégio. Hoje estão em casas de parentes e vão se mudar”, afirma Rosângela.

A pena mais dura prevista para o caso é de três anos de internação. Uma primeira audiência com o garoto e seus pais já foi realizada pelo Juizado da Infância e Juventude. O veredicto deve sair até o fim deste mês.

Na peça de defesa do garoto, Rosângela diz que vai incluir o controverso tema do bullying. “Uma coisa que não se discute é que existiu o bullying. Não estou dizendo que o bullying justifique tamanha tragédia, mas que ele existiu, não há dúvida. Todos os estudantes sabiam, mas a escola diz que desconhecia”, afirma.

A advogada cita ainda que o caso ocorreu justamente no Dia Mundial do Combate ao Bullying, 20 de outubro. No Brasil, essa data é lembrada em 7 de abril, em referência ao aniversário da tragédia de Realengo, quando Wellington Menezes de Oliveira, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio, invadiu uma sala de aula e atirou contra as crianças, matando 11 delas, em 2011. O assassino, de 24 anos, se suicidou em seguida.

“Não tenha dúvida de que o bullying oprimiu esse menino. Agora, a densidade disso nós só vamos saber com os laudos e instrução processual. Não dá para ser leviano agora e afirmar o que efetivamente ocorreu. Todos nós estamos buscando uma explicação”, diz a advogada.

Rosângela Magalhães ficou conhecida pela atuação como advogada de outra história de comoção nacional, o “caso Pedrinho”, revelado em 2002, no qual a ex-cabeleireira Vilma Martins raptou o garoto dos braços da mãe, em 1986, o que só seria revelado 16 anos depois.

Mãe de filhos adolescente, Rosângela reconhece a gravidade dos fatos de seu novo cliente. “Ao final, a gente vai tentar compreender o que aconteceu, mas aceitar e efetivamente entender plenamente, isso ninguém vai. Isso é inexplicável, era inimaginável, tanto para a escola como para os familiares.”

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