O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontou deflação de 0,36% no mês de agosto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda é a menor para o mês de agosto em 24 anos, desde 1998. E é o segundo mês seguido com deflação: em julho, o índice foi de -0,68%.
Em 2022 (de janeiro a agosto), a inflação acumula alta de 4,39%. Nos últimos 12 meses, o índice ficou de 8,73%, o menor desde junho do ano passado. Nos 12 meses imediatamente anteriores, a alta havia sido de 10,07%.
Veja as variações:
A inflação oficial, divulgada pelo IBGE, tem o objetivo de medir os preços de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo.

Inflação é o termo da economia utilizado para indicar o aumento generalizado ou contínuo dos preços de produtos ou serviços. Com isso, a inflação representa o aumento do custo de vida e a consequente redução no poder de compra da moeda de um paísKTSDESIGN/SCIENCE PHOTO LIBRARY / Getty Images

Em outras palavras, se há aumento da inflação, o dinheiro passa a valer menos. A principal consequência é a perda do poder de compra ao longo do tempo, com o aumento dos preços das mercadorias e a desvalorização da moedaOlga Shumytskaya/ Getty Images

Existem várias formas de medir a inflação, contudo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o mais comum delesJavier Ghersi/ Getty Images

No Brasil, quem realiza a previsão da inflação e comunica a situação dela é o Banco Central. No entanto, para garantir a idoneidade das informações, a pesquisa dos preços de produtos, serviços e o cálculo é realizado pelo IBGE, que faz monitoramento nas principais regiões brasileirasboonchai wedmakawand/ Getty Images

De uma forma geral, a inflação pode apresentar causas de curto a longo prazo, uma vez que tem variações cíclicas e que também pode ser determinada por consequências externasEoneren/ Getty Images

No entanto, o que influencia diretamente a inflação é: o aumento da demanda; aumento ou pressão nos custos de produção (oferta e demanda); inércia inflacionária e expectativas de inflação; e aumento de emissão de moedaselimaksan/ Getty Images

No bolso do consumidor, a inflação é sentida de formas diferentes, já que ela não costuma agir de maneira uniforme e alguns serviços aumentam bem mais do que outrosAdam Gault/ Getty Images

Isso pode ser explicado pela forma de consumo dos brasileiros. Famílias que possuem uma renda menor são afetadas, principalmente, por aumento no preço de transporte e alimento. Por outro lado, alterações nas áreas de educação e vestuário são mais sentidas por famílias mais ricasJavier Zayas Photography/ Getty Images

Ao contrário do que parece, a inflação não é de todo mal. Quando controlada, é sinal de que a economia está bem e crescendo da forma esperada. No Brasil, por exemplo, temos uma meta anual de inflação para garantir que os preços fiquem controlados. O que não pode deixar, na verdade, é chegar na hiperinflação - quando o controle de todos os preços é perdidocoldsnowstormv/ Getty Images
A deflação de agosto foi influenciada pela baixa no grupo dos transportes (-3,37%). Dentro deste setor, a queda no preço dos combustíveis (-10,82%) foi a que mais influenciou na deflação. Veja as demais categorias:
Segundo Pedro Kislanov, gerente da pesquisa, os preços das passagens aéreas também caíram em agosto (-12,07%), depois de quatro meses consecutivos em alta. Neste caso, a sazonalidade passa a ser uma explicação. “Essa é uma comparação com julho, que é um mês de férias e há aumento da demanda. Além disso, foram quatro meses seguidos de alta, o que eleva a base de comparação. Também há o impacto da redução do querosene de aviação nesse período”, detalha.
Outros grupos
O grupo referente a comunicação também teve recuo: -1,10%. Saúde e cuidados pessoais aumentaram 1,31% e alimentação e bebidas, 0,24%. Também impactou nessa desaceleração da inflação o grupo habitação (0,10%).
Kislanov afirma que alguns fatores explicam a queda menor da inflação em relação a julho (-0,68% para -0,36% em agosto). “Um deles é a retração menos intensa da energia elétrica (-1,27%), que havia sido de 5,78% no mês anterior, em consequência da redução das alíquotas de ICMS”, conta.
“Também houve aceleração de alguns grupos, como saúde e cuidados pessoais (1,31%) e vestuário (1,69%), e a queda menos forte do grupo de transportes em agosto. No mês anterior, os preços da gasolina, que é o item de maior peso no grupo, tinham caído 15,48% e, em agosto, a retração foi menor (-11,64%)”, ressalta o especialista.