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Após falhas, Saúde muda plataforma da consulta sobre vacina em criança

Questionário on-line, que está previsto para permanecer no ar até o dia 2 de janeiro, apresentou instabilidade no seu primeiro dia

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Vacina
1 de 1 Vacina - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O Ministério da Saúde alterou a plataforma de realização da consulta pública sobre vacinação para crianças contra a Covid-19. A pasta informou que foi necessária a migração para o site gov.br.

A consulta pública sobre vacinação de crianças de 5 a 11 anos teve início na noite dessa quinta-feira (23/12) e já apresentou instabilidade. Ao finalizar o preenchimento do formulário on-line, a plataforma veiculava para alguns internautas a seguinte mensagem: “A pesquisa já atingiu o número máximo de respostas”.

No entanto, mesmo depois da mudança de plataforma, o formulário ainda apresentou instabilidade. E, alguns momentos, o site exibiu a mensagem: “Estamos em manutenção”.

Veja:

print da consulta pública para vacinação de crianças apresenta erro
Nova plataforma continua a apresentar erros

Alguns minutos após participantes reclamarem do erro, o Ministério da Saúde abriu um segundo questionário para que os dados pudessem ser submetidos. A falha, entretanto, reincidiu ao longo o dia. A reportagem do Metrópoles perguntou à pasta o que causou o erro na consulta pública, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.

O questionário on-line está previsto para permanecer no ar até o dia 2 de janeiro. Conforme antecipou o Metrópoles, a vacinação contra a Covid-19 para brasileiros de 5 a 11 anos será liberada a partir do próximo dia 10. No entanto, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que os pais das crianças vão precisar apresentar uma preccrição médica para realizar a imunização desse grupo etário.

Filho 03 reclama

O filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) reclamou do erro apresentado no site do Ministério da Saúde.

Veja:

Indução ao erro

Ao Metrópoles, a médica infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia Raquel Stucchi comentou que também enfrentou problemas ao submeter dados na plataforma.

“Ao terminar o preenchimento, cliquei em ‘Enviar’ e meu formulário não foi enviado. A mensagem que apareceu foi que o número máximo de pessoas já respondeu. A consulta pública tem limite de participação? Não seria até dia 2 [de janeiro]? Há seriedade neste processo?”, questionou a infectologista.

De acordo com a especialista, além de apresentar problemas técnicos, o formulário foi redigido para induzir o cidadão ao erro, já que as perguntas estão com “negativas”. “Quem elabora prova sabe que não se deve fazer questões com frases negativas”, defendeu a especialista.

Perguntas dúbias

De acordo com especialistas, a consulta pública não é a melhor maneira de avaliar uma política pública de vacinação, porque a população não tem conhecimento científico sobre o assunto. O ideal seria escutar médicos, estudiosos e técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já atestaram a segurança da imunização de crianças.

Os cientistas também alertaram que o formulário apresenta informações dúbias. Após fornecer dados pessoais – como nome, documentos, e em qual qualificação o cidadão está preenchendo a pesquisa –, a pessoa é direcionada para a página com as seguintes perguntas:

1. Você concorda com a vacinação em crianças de 5 a 11 anos de forma não compulsória, conforme propõe o Ministério da Saúde?

2. Você concorda com a priorização, no Programa Nacional de Imunização, de crianças de 5 a 11 anos com comorbidades consideradas de risco para Covid-19 grave e aquelas com deficiência permanente para iniciarem a vacinação?

3. Você concorda que o benefício da vacinação contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos deve ser analisado, caso a caso, sendo importante a apresentação do termo de assentimento dos pais ou responsáveis?

4. Você concorda que o benefício da vacinação contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos deve ser analisado, caso a caso, sendo importante a prescrição da vacina pelos pediatras ou médico que acompanham as crianças?

5. Você concorda com a não obrigatoriedade da apresentação de carteira de vacinação para que as crianças frequentem as escolas ou outros estabelecimentos comerciais?

Aval da Anvisa

A vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, com o imunizante da Pfizer, foi autorizada Anvisa há uma semana.

De acordo com a agência reguladora, a dosagem do imunizante será pediátrica e o frasco terá cor diferenciada da fórmula para adultos. Apesar da autorização, cabe ao governo federal adquirir as doses e incluir crianças no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

O assunto já foi rejeitado, em diversas ocasiões, pelo presidente Jair Bolsonaro. Além disso, o ministro Marcelo Queiroga defende que o tema não é consensual. Mesmo com respaldo científico da Anvisa, de entidades médicas e da Câmara Técnica que assessora o Ministério da Saúde, Queiroga acredita que a imunização das crianças ainda deve ser debatida.

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