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Após 30 anos sem estudar, porteiro se forma na faculdade onde trabalha

Darlivan Caetano se formou em direito na universidade no Espírito Santo onde é porteiro: “Era sonho distante, mas consegui vencer”

atualizado

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Arquivo pessoal
Darlivan Caetano e parte da família em sua formatura
1 de 1 Darlivan Caetano e parte da família em sua formatura - Foto: Arquivo pessoal

Espírito Santo – Darlivan Caetano, de 64 anos, à primeira vista é um dos porteiros de uma faculdade na cidade de Serra, no Espírito Santo. No entanto, o profissional que se considera simpático e comunicativo carrega consigo uma história de superação.

Oriundo de uma família humilde de sete filhos, Darlivan enfrentou dificuldades enquanto crescia no Espírito Santo. Criado na periferia, ele se envolveu com drogas e álcool quando ainda era jovem.

“Eu virei até mendigo, tive cirrose e fiquei louco. Quando eu descia o morro dando risada, o pessoal falava que eu já era. Caí no fundo do poço. Sou um ex-funcionário público federal concursado que perdeu o emprego por causa das drogas”, contou ao Metrópoles.

Mas os problemas da juventude não fizeram com que Darlivan parasse de sonhar. Recuperado dos traumas, começou a trabalhar como porteiro da Rede Doctum de ensino em 2007 e lá encontrou motivos para retomar os estudos.

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Em 2011 voltou às salas de aula para fazer o ensino médio em uma turma de Educação para Jovens e Adultos. Depois de concluir esta etapa, recebeu apoio de alunos e colegas de trabalho para ingressar no ensino superior.

“Eu fui incentivado por muitas pessoas que falavam para eu fazer faculdade. Para mim, era muito distante, mesmo trabalhando aqui, foi muito corrido, mas eu consegui vencer. Quando eu olho para isso, eu vejo uma superação extraordinária e algo que muitos podem se espelhar. Isso me dá muita vontade de viver e prosseguir”, celebra.

Expectativas e exemplo

Darlivan terminou a graduação em 2017, com 59 anos de idade. Ele foi o primeiro entre seus sete irmãos e seus sete filhos a concluir o ensino superior. Hoje acumula três pós-graduações e segue sonhando.

Atualmente Darlivan tem uma espécie de escritório virtual para consultorias e ainda trabalha como porteiro na faculdade. Sua meta no momento é ser aprovado na prova da OAB para se dedicar profissionalmente somente ao direito

“Meu projeto é continuar estudando, me especializando e adquirir coisas melhores para a minha família. Meu sonho é trazer a felicidade e a estabilidade para meus netos, bisnetos e irmãos”, conclui.

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