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STF começou a julgar Bolsonaro, por enquanto sem citar seu nome

De golpista a ladrão de joias

atualizado

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Ministro STF Alexandre de Moraes caminha após sessão no STF - Metrópoles
1 de 1 Ministro STF Alexandre de Moraes caminha após sessão no STF - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Garoto esperto, Flávio Bolsonaro, o Zero 1, senador por obra e graça do pai, assim como Carlos, o Zero Dois, é vereador, Eduardo, o Zero 3, deputado federal, e Jair Renan, o Zero 4, aspirante a vereador. Depois de muito pensar, Flávio concluiu:

“Eles (ministros do STF) querem insistir com a tese de que há um mentor intelectual disso tudo e não há. Simplesmente não. Eles querem dizer que é o Bolsonaro, mas como não tem prova, ficam prendendo para ver se forçam uma delação”.

A fala foi a propósito da condenação a penas de até 17 anos de cadeia dos três primeiros golpistas do 8 de janeiro julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Como bom filho, defendeu o pai:

“Eu tenho certeza de que é isso. Mas é mais uma vez à revelia da lei. Como é que alguém vai abolir o Estado Democrático de Direito? Vai assumir quem a presidência do Brasil? [de vez que Bolsonaro estava no exterior]? Não tem pé nem cabeça.”

Garoto esperto, mas menos inteligente do que aparenta. Finge ignorar que o pai quis dar o golpe em 7 de setembro de 2021, com o apoio dos comandantes militares da época. Só não deu porque o Supremo Tribunal Federal ameaçou armar um salceiro.

Flãvio finge ignorar que, depois de derrotado no ano passado, o pai planejou dar o golpe em algum momento de dezembro, antes da diplomação e posse de Lula. O golpe foi abortado por pressão internacional e falta de unidade entre os militares.

Foi então que Bolsonaro, depois de surrupiar joias milionárias do governo, fugiu para os Estados Unidos. De lá, assistiu a tentativa fracassada do golpe de 8/1. Se ela tivesse dado certo, ele pretendia voltar ao poder nos braços do povo, quer dizer: do seu povo.

Um dia, tudo isso será contado em detalhes. É uma história com pé e cabeça. Há muita gente na fila para ser condenada e presa antes de Bolsonaro – a mão de obra empregada no assalto à Praça dos Três Poderes, os que a financiaram e os que planejaram o golpe.

Quem tem prazo não tem pressa. O Supremo é senhor do tempo, para acertar ou errar. Por ora, Bolsonaro deve preocupar-se com a velocidade imprimida no processo sobre o roubo das joias. Pior do que passar à História como golpista será passar como ladrão.

A revista VEJA que começou a circular ontem trouxe o que o tenente-coronel Mauro Cid contou à Polícia Federal ainda na fase dos depoimentos. A fase da delação, já homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, começará em breve.

Confrontado com as provas reunidas pela polícia, o ex-ajudante-de-ordem de Bolsonaro confessou ter participado da venda nos Estados Unidos de dois relógios de luxo subtraídos ao acervo da Presidência da República – um Patek Philippe e um Rolex.

Segundo ele, o dinheiro da venda foi depositado na conta do seu pai, o general Mauro Lourena Cid, sacado em espécie e repassado a Bolsonaro: “Em mãos. Para ele”. A entrega dos valores, 68 000 dólares, se deu de maneira parcelada ainda em solo americano.

A amigos, Mauro Cid, o filho, admitiu:

“O presidente estava preocupado com a vida financeira. Ele já havia sido condenado a pagar várias multas. […] A venda pode ter sido imoral? Pode. Mas a gente achava que não era ilegal”.

Os dois relógios e outras joias voaram com Mauro Cid a bordo do avião que em junho de 2022 levou Bolsonaro ao encontro do presidente Joe Biden. A sós com Biden, Bolsonaro pediu ajuda para se reeleger. A notícia vazou. A Casa Branca não desmentiu.

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