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O que Bolsonaro tem a ver com trabalho escravo? Nada. Ou tudo

O gosto amargo da uva

atualizado

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Divulgação/ MPT
A idosa de 82 anos que foi resgatada de trabalho análogo à escravidão, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo
1 de 1 A idosa de 82 anos que foi resgatada de trabalho análogo à escravidão, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo - Foto: Divulgação/ MPT

Bolsonaro esmagou Lula no segundo turno das eleições do ano passado nos 10 municípios que mais produzem uvas no Rio Grande do Sul. Em cinco deles, teve mais de 80% dos votos válidos; em quatro, mais de 70%; e em um, 66%. Foi um passeio.

Coincidência ou não, a região vinícola do Estado está na mira da Polícia Federal e do Ministério do Trabalho depois da descoberta que em parte dela havia trabalho escravo. Foram resgatados 207 homens, a maioria baianos, mas também argentinos e indígenas.

Eles atuavam na carga e descarga e na colheita de uvas, e denunciaram que foram vítimas de ameaças, incluindo o uso de choques elétricos, spray de pimenta e cassetetes. Não podiam ir embora sem saldar dívidas exorbitantes com comida.

Em sessão da Câmara Municipal de Caxias do Sul, três deles, levados para denunciar os crimes, foram destratados pelo vereador Sandro Fantinel (PATRIOTA) que, dirigindo-se aos produtores de vinho, pregou, exaltado:

 “Em nenhum lugar do estado, na agricultura, teve problema com argentinos. Agora, com os baianos, que a única cultura que têm é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema. Que isso sirva de lição, deixem de lado aquele povo que é acostumado com carnaval e festa”.

Caxias do Sul deu 66% dos seus votos a Bolsonaro. Bento Gonçalves, quase 76%. Em nota pública, o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves relacionou o trabalho escravo ao pagamento de benefícios sociais a trabalhadores pobres.

Segundo a nota dos empresários, “há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade”.

Os trabalhadores foram atraídos pela promessa de salário de R$ 4 mil, boa alimentação e alojamento decente. A jornada de trabalho chegava a ir das 4h às 21h. Os pagamentos estavam atrasados. E quem não tinha dinheiro pegava empréstimo a juros de até 50%.

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