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No calendário do Congresso, o dia de apanhar de Flávio Dino

“Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores”

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Dino ministro Flavio Dino na CCJ da Câmara
1 de 1 Dino ministro Flavio Dino na CCJ da Câmara - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Em um governo analógico como o de Lula, ser digital faz diferença. É o caso do ministro Flávio Dino, da Justiça, ansiosamente esperado no Congresso, semana sim, semana não, para ser ouvido durante horas em comissões técnicas. E ele vai com prazer.

No início dos anos 1980, o Congresso parava, as galerias lotavam de curiosos para assistir aos duelos de retórica entre os senadores Jarbas Passarinho, pelo governo, e Paulo Brossard pela oposição.  A palavra “lacrar” não estava em voga, “ditadura”, sim.

Mas era o que Passarinho e Brossard tentavam fazer – lacrar um ao outro, sem jamais apelar para grosserias ou golpes abaixo da linha de cintura. Sob esse aspecto, bons tempos aqueles. Hoje, a Casa enche para ver senadores e deputados apanhando de Dino.

Chega a dar pena dos que se arriscam a provocar o ministro. E, contudo, parecem estar ali com a intenção de fazê-lo, e de aguentar as consequências. É como se soubessem de antemão que se darão mal, mas querem pagar para ver. E veem, como viram ontem.

Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi o primeiro a enfrentar Dino na Comissão de Segurança Pública do Senado. Projetou vídeos em um telão mostrando policiais mortos e traficantes de drogas em ação no Complexo da Maré, no Rio, área recém-visitada por Dino.

Quis insinuar que Dino esteve por lá para firmar uma aliança com os traficantes. Foi obrigado a engolir calado parte da resposta dele:

“Até o senador Flávio Bolsonaro falou sobre ‘narcomilícias’. É um tema que ele conhece muito de perto, esse casamento entre milícias e narcotráfico”.

O segundo a ser surrado foi o senador Marcos do Val (Podemos-ES), que diz pertencer à SWAT, unidade altamente especializada nos departamentos policiais de grandes cidades dos Estados Unidos. Val disse que irá pedir a prisão de Dino.

Resposta:

“Não precisa o senhor ir para porta do Ministério da Justiça fazer vídeo porque se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece o Capitão América? O Homem-Aranha?”

E Dino completou, arrancando risos da maioria dos 27 senadores presentes à sessão:

“Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores”.

O senador Sérgio Moro (União-PR) tinha lá de se meter, mas meteu-se na discussão chamando Dino de agressivo:

“Registro a minha solidariedade ao do Val, que eu acho que ele não pode ser tratado com deboche. Peço um certo cuidado no trato com os nossos pares”

Dino respondeu na bucha:

“Foi-se o tempo em que se jogava a lei fora no Brasil. Eu fui juiz, nunca fiz conluio com o Ministério Público. Nunca tive sentença anulada. Por ter sido um juiz honesto, um governador honesto, é que não admito que ninguém diga que tenho que ser preso.”

Não foi só pancadaria. Dino brindou com afagos os senadores Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição, Damares Alves (Republicanos-DF) e Marcos Pontes (PL-SP), conhecido como “astronauta”. Sobre Pontes, disse:

“De todos os brasileiros, só ele viu que a terra é redonda”.

E o pano desceu, para desgosto dos que se divertiam com o espetáculo. Dino já foi convidado para voltar ao Congresso pela quinta vez seguida. Calma! A data será anunciada em breve.

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