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Ideia de jerico: o governo quer dizer o que é verdade e o que não é

E se mentir e for descoberto, como ficará?

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
bandeira do brasil e fake news
1 de 1 bandeira do brasil e fake news - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

O Poder mente, seja ele qual for. Sempre foi assim e sempre será. Mente-se mais em regimes autoritários, autocráticos, mas nas democracias também se mente muito.

Daqui a três dias, celebraremos A Grande Mentira de 64 – o golpe militar que por décadas se chamou Revolução e que suspendeu a democracia por 21 anos a pretexto de defendê-la.

Há duas semanas, os Estados Unidos relembraram outra grande mentira – a invasão do Iraque há 20 anos porque o ditador Saddam Hussein armazenava armas de destruição em massa.

E as provas disso? Fotos de satélites mostradas ao mundo numa sessão do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Hussein foi preso e enforcado. Não havia armas.

A Rússia, à época comunista, pôs armas, sim, em Cuba, a poucos quilômetros dos Estados Unidos, e por isso as duas grandes potências nucleares quase foram à guerra, a 3ª Mundial.

Mas era só para negociar. As armas foram retiradas em troca da remoção de mísseis atômicos americanos estacionados a pouca distância de Moscou. Um blefa, o outro blefa e a vida continua.

Portanto, desconfie, desconfie muito dos que os governos dizem, embora eles não admitam que mentem. E de iniciativas que eles possam ter em defesa do que apresentam como verdade.

À falta do que fazer, ou talvez porque não saiba o que fazer, a Secretaria de Comunicação (Secom) da presidência da República acaba de lançar uma plataforma oficial de checagem de notícias.

Seu objetivo: combater a disseminação de fakes news. Ora, mas já não existem tantas plataformas que fazem isso? Ou a da Secom se ocupará em só desmentir notícias que incomodem o governo?

Mesmo dessas, ou principalmente dessas, se encarregam, porém, as plataformas já existentes que carregam o selo de credibilidade conferido por agências públicas e veículos de comunicação.

A Secom se propõe a fazer um trabalho melhor? Dispõe de gente para isso, ou contratará para dar conta da tarefa? E quando for pressionada a dizer que é mentira o que é verdade?

Se partimos do princípio de que todos os governos mentem, em algum momento a Secom será pressionada a mentir pelo governo. A depender do que fizer, será a glória ou o fim do serviço.

Dificilmente será a glória, até porque ela costuma ser efêmera. Quem se lembrará que, um dia, a Secom tentou dizer a verdade, somente a verdade, e seus responsáveis acabaram dispensados?

Se mentir, e descobrir-se que mentiu, será um grande desastre para o governo que avalizou sua decisão de só informar a verdade, além de um desperdício de dinheiro, de energia e de tempo.

Melhor é não mexer com isso. E aconselhar o presidente a falar pouco e a só desmentir o que estiver 100% confirmado que se trata de uma mentira. O presidente, não, um porta-voz qualquer.

Por sinal, este governo carece de um. Carece de outras coisas também.

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