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Falta o general Braga Netto na lista dos indiciados pela CPI da Covid

Ele foi o coordenador de todas as supostas ações do governo contra a pandemia, e sequer foi chamado para depor

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Cerimônia de comemoração do dia do soldado no Quartel General do Exército agenda bolsonaro militares
1 de 1 Cerimônia de comemoração do dia do soldado no Quartel General do Exército agenda bolsonaro militares - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

E não é que o general da ativa Eduardo Pazuello, especialista em logística militar e ignorante em SUS, disse em depoimento à CPI da Covid-19 que o governo do presidente Jair Bolsonaro jamais prescreveu cloroquina para combater a pandemia?

É por isso que ele, na condição de ex-ministro da Saúde, será um dos mais de 30 indiciados no relatório final do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Mentiu, e de quem depõe a uma CPI espera-se que diga a verdade. E os fatos apurados comprovam que mentiu.

Bolsonaro ofereceu cloroquina até às emas do Palácio da Alvorada. Em discurso, ontem, para uma plateia terrivelmente evangélica, ele voltou a defender a droga universalmente rejeitada para dar conta do vírus, e o tratamento precoce que se revelou ineficaz.

É por isso que também Bolsonaro será indiciado, bem como dirigentes das operadoras de planos de saúde Prevent Senior e Hapvida, as duas maiores do país, que ganharam muito dinheiro à custa dos seus clientes que morreram ou foram infectados.

Essa é uma das histórias mais trágicas e vergonhosas da pandemia, exclusividade do Brasil. Sem sua autorização, aproveitando-se da sua falta de conhecimentos médicos, humanos foram usados como cobaias de um experimento destinado ao fracasso.

A Hapvida foi criada em 1993, e em 2018 abriu seu capital na Bolsa de Valores. Fechou o primeiro ano da pandemia, o de 2020, com uma receita líquida de 8,5 bilhões de reais, um aumento de 51% sobre o faturamento do ano anterior não epidêmico.

Oficialmente, o número de mortos pelo vírus está próximo dos 600 mil. Mas com a subnotificação de casos, o número supera 700 mil. Nunca se saberá ao certo quantas pessoas morreram. Nunca, porém, os responsáveis por isso serão esquecidos.

Faltará um aspirante a sentar-se no banco dos réus se entre os indiciados não estiver o general Braga Netto, atual ministro da Defesa, queridinho de Bolsonaro, e, à época, chefe da Casa Civil e coordenador das ações do governo para deter a pandemia.

Renan ainda não decidiu se pedirá seu indiciamento. Dentro da CPI, por razões nebulosas, há senadores que se opõem. Possivelmente por medo de uma eventual reação das Forças Armadas. Reação de qual natureza? O que elas poderiam fazer?

Braga Netto foi poupado de depor. Teria sido um escândalo se Pazuello fosse poupado. Militares de patentes mais baixas acabaram ouvidos. Uma vez convocado, problema de Braga Netto se comparecesse munido de um habeas corpus para calar-se.

Uma CPI que gritou tanto nos últimos meses não deveria miar logo no fim.

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