metropoles.com

Conselho a Lula: por que não muda de assunto?

Mediação não move impérios, ensina a História

atualizado

Compartilhar notícia

Hugo Barreto/Metrópoles
Imagem colorida de Lula com as bandeiras brasileira e chinesa ao fundo
1 de 1 Imagem colorida de Lula com as bandeiras brasileira e chinesa ao fundo - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que ontem se reuniu com o chanceler russo, Sergey Lavrov, o segundo homem mais poderoso do seu país, insiste em dizer que o Brasil não arredou pé da posição que adotou na Organização das Nações Unidas de condenar a Rússia por ter invadido a Ucrânia.

Segundo Vieira, ele defendeu junto a Lavrov um cessar-fogo imediato na Ucrânia e uma solução pacífica para o conflito. E recordou as manifestações recentes de Lula a favor da formação de um grupo de países para mediar as negociações entre a Rússia e a Ucrânia. “Tratamos de paz, não de guerra”, pontuou Vieira.

Pode ter sido. Mas o ministro precisa combinar com Lula para que ele não reforce a impressão de que o Brasil, sob o seu comando, começa a abandonar a neutralidade que é a marca registrada de sua política externa. Nos quatro anos de Bolsonaro, o Brasil alinhou-se incondicionalmente aos Estados Unidos de Trump.

Agora, ao desalinhar-se dos Estados Unidos de Biden, não tem porque alinhar-se ao outro lado.  Quando Lula afirma que nem o presidente Vladimir Putin toma a iniciativa de parar a guerra, nem o presidente Zelensky, ele estabelece uma falsa equivalência. A Ucrânia é quem foi invadida, e é legítimo que se defenda.

Lula é ingênuo – ou simula ser – ao imaginar que mediação move os impérios. Nunca moveu. Impérios ganham ou perdem guerras. Ou na impossibilidade de ganhá-las, negociam um cessar-fogo com seu oponente ou batem em retirada. Foi assim no Vietnã. Na Coreia, nenhum dos lados se deu por vencido até hoje.

A China tem um plano de 36 pontos para mediar a guerra na Ucrânia, e se ainda não o levou adiante é porque não conseguiu, ou porque a hora de fazê-lo ainda não chegou. Que plano tem Lula? Que importância tem o Brasil no cenário mundial para liderar um esforço de mediação? Se Lula tem algum plano, esconde.

Os Estados Unidos recusam-se a credenciar Lula para mediar qualquer coisa; valem-se da Ucrânia para enfraquecer a Rússia. É a guerra terceirizada. A China recebeu Lula com toda pompa e circunstância, mas também não o credenciou para ser mediador. Lula tenta obter da Rússia essa credencial.

Falta no governo Lula quem se disponha a fazer o papel que em 2007, em Santiago do Chile, durante a XVII Conferência Ibero-Americana de chefes de Estado, fez o rei Juan Carlos 1º, da Espanha, ao irritar-se com o presidente venezuelano Hugo Chávez que não parava de falar. A certa altura, o rei gritou:

“¿Por qué no te callas?”

Lula tem uma saída para o imbróglio em que se meteu, demasiadamente encantado com si mesmo, a pensar que só deve a eleição aos próprios méritos: hoje ou amanhã, o governo enviará ao Congresso o plano de gastos para os próximos anos. A agenda de assuntos internos poderá obrigá-lo a mudar de assunto. A ver.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?