HÁ 20 ANOS – Lula, Lulu da Rocinha, fome e Bin Laden
(Publicado aqui em 15 de abril de 2004)
atualizado
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18:41
1. Não tem jeito. Faça o que fizer, Lula não merece e jamais merecerá a confiança do chamado mercado financeiro. Nem das elites deste país. Sobe o dólar, cai a bolsa, aumenta o chamado “risco Brasil”, tudo porque se teme o efeito aqui de um possível aumento da taxa de juros norte-americana. E porque o banco JP Morgan avaliou, hoje, negativamente os rumos da economia brasileira.
Não digo que tais fatos deixassem de ocorrer se outro fosse o presidente. Mas com Lula a má vontade do mercado é e sempre será maior. Fernando Henrique Cardoso só ganhou o segundo mandato porque Bill Clinton, o presidente americano, mandou o Fundo Monetário Internacional socorrer o Brasil, evitando a desvalorização do Real antes da eleição. A desvalorização foi feita logo depois. George Bush Jr., que sucedeu a Clinton, nem ninguém fará por Lula o que Clinton fez por Fernando Henrique.
- Enterro de luxo, o do Lulu da Rocinha. Cerca de 400 pessoas compareceram ao cemitério São João Batista. A polícia assistiu tudo de longe. Os jornalistas também, alvo de pedras e de palavrões. O comércio fechou na Rocinha. Guarda-se ali um luto até certo ponto sincero. Na favela, Lulu era o Estado e o Estado era Lulu. E prossegue a marcha da insensatez. Nada se faz contra ela. E ela engrossa mais à medida que o tempo passa.
- Saiu o estudo da Fundação Getúlio Vargas chamado “Mapa do Fim da Fome 2.” Mostra que a pobreza, antes concentrada na periferia das grandes cidades, se espalhou pelas grandes cidades. Constata o óbvio em alguns casos. Por exemplo: a relação direta do desemprego com a fome e a pobreza. A taxa de desemprego no Rio é de 9%. Nas favelas, de 19%. A Rocinha é a favela que tem o nível de escolaridade mais baixo do Rio, e a quarta menor renda da cidade. É por isso que ela chora a morte de Lulu.
- Confirmado: é mesmo de Bin Laden a voz que numa gravação ofereceu uma trégua à Europa – desde que os países com tropas no Iraque tirem as tropas de lá. Extraordinário feito, esse da política externa norte-americana. Conseguiu transformar o terrorista Bin Laden em um dos homens mais fortes e temidos do mundo. Capaz de fazer a guerra aqui, propor a paz acolá e seguir ileso.
A Itália chora a morte de um italiano feito refém no Iraque. E o choro dos iraquianos, não importa? Os Estados Unidos ficaram chocados com a morte estúpida e a profanação dos cadáveres de quatro americanos no Iraque. Quantos civis iraquianos já não foram reduzidos a pó desde que o país foi invadido por causa de armas de destruição em massa que jamais existiram? Nixon renunciou à Casa Branca porque mentiu ao país no caso Watergate. Bush mentiu ao país e ao mundo no caso das armas de destruição do Iraque – e ainda pode ganhar um segundo mandato.