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Simone Tebet faz a diferença (por Mary Zaidan)

Independentemente do resultado das urnas, a dívida do PT e de Lula com ela é eterna

atualizado

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Tebet-Lula-Brasília (1)
1 de 1 Tebet-Lula-Brasília (1) - Foto: Divulgação

A sete dias do fim de uma disputa agressiva e desigual, na qual Jair Bolsonaro distribui dinheiro a rodo ao arrepio da lei, investe pesado no discurso religioso e nas fake news, a peleja eleitoral continua sendo liderada por Luiz Inácio Lula da Silva, vitorioso no primeiro round. Separados por uma margem estreita, ambos foram para o vale-tudo nos programas de rádio e tevê e nas redes sociais. Tentam expor músculos, exibem apoios. Sabem que a conquista do eleitor indeciso se dará nos detalhes.

Do lado de Lula, o detalhe tem nome e sobrenome: Simone Tebet. Descontada a abstenção, são os votos conferidos a ela que podem fazer a diferença.

A candidata do MDB, terceira colocada no primeiro turno, tem sido um exemplo de  maturidade política. Não apenas declarou seu voto em Lula. Arrancou compromissos programáticos que incluem igualdade, inclusão e educação, e entrou de corpo e alma na campanha. Em reuniões temáticas, nos palanques. Na sexta-feira, foi a estrela do comício de Juiz de Fora, em Minas.

Em um país acostumado a apoios pro forma, em que os derrotados raramente mexem uma palha depois da eliminação, limitando-se, quando muito, à confissão de voto, Simone é um espetáculo. Tão expressivo que incomoda. Nas últimas semanas, sua presença ofuscou Geraldo Alckmin, tido como trunfo de Lula, mas que pouco conseguiu em São Paulo, estado que governou por quatro mandatos.

Simone faz campanha ao lado de Marina Silva, que em 2014 apoiou Aécio Neves sem qualquer entusiasmo, mesmo depois de o candidato incorporar suas reivindicações. De Ciro Gomes, nem se fala. Continua a fazer feio, do tipo se não sou eu não será outro. Não apoiou ninguém em 2014, revelando má vontade extrema em 2018 e agora.

Para os acostumados com a banalização da política, Simone estaria de olho em um Ministério ou em uma vaga para o STF. Tem todas as credenciais para tal, mas não parece agir atrelada a uma promessa futura. Está fazendo história, consolidando sua imagem pública, esquentando os motores para 2026.

Historicamente, os apoios não se refletem em votos. Talvez porque eles não tenham o vigor que Simone está imprimindo.

Bolsonaro conseguiu reunir um time de peso. Conta com os governadores do triângulo do Sudeste -São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais -, onde estão concentrados mais de 40% dos eleitores do país. Se tê-los como aliados é um ganho e tanto, a reversão disso em votos são outros quinhentos. Em São Paulo, Rodrigo Garcia, que empenhou apoio “incondicional” a Bolsonaro, não conseguiu que os “seus” mais de 400 prefeitos impedissem sua derrota para Tarcisio Freitas e Fernando Haddad. Em Minas, a campanha do vitorioso Romeu Zema esteve associada a Lula – Luzema – em várias regiões.

Fora desses estados, os palanques de Bolsonaro agregaram poucas caras novas. Tem ao seu lado artistas sertanejos de sucesso, que já estavam com ele, e conseguiu trazer o craque Neymar Jr. Mas o momento não foi dos melhores: o atleta está enrolado com a Justiça espanhola.

Lula já somava os pesos pesados da MPB, da literatura e da dramaturgia nacional, além da rainha Anitta. Depois do primeiro turno avançou na seara de antigos rivais: atraiu economistas de peso, entre eles os criadores do Real, e os sociais-democratas do PSDB, incluindo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Contou ainda com reação indignada de Xuxa Meneghel nas redes sociais em repúdio ao “pintou um clima” de Bolsonaro. Abusada na infância, Xuxa fez um depoimento com a força de um canhão. Mas como tudo na internet, sua mensagem perdeu-se no turbilhão de posts, onde verdades irrefutáveis convivem com baixarias e mentiras, algumas criativas, a maior parte agressivas, desrespeitosas, de péssimo gosto.

Apoios raramente se convertem em votos. Ainda assim são exibidos como troféus. Em alguns casos podem fazer a diferença. Com firmeza, garra e roupa branca. Independentemente do resultado do próximo domingo, a dívida de Lula e do PT com Simone Tebet é eterna.

Mary Zaidan é jornalista 

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