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Quando um não quer, dois não brigam. Mas Israel quer e irá em frente

Em off e em on, Netanyahu sabota qualquer acordo de paz

atualizado

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Unicef/Eyad El Baba
Crianças diante de uma casa demolida por um bombardeio na cidade de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza - Metrópoles
1 de 1 Crianças diante de uma casa demolida por um bombardeio na cidade de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza - Metrópoles - Foto: Unicef/Eyad El Baba

A essa altura, quem tem mais a ganhar com a continuidade da guerra entre Israel e o grupo Hamas? Os palestinos civis só têm a perder. Quase 35 mil deles já morreram, a maioria mulheres e crianças, fora cerca de 10 mil que estariam soterrados nos escombros das cidades da Faixa de Gaza.

Estima-se que o Hamas perdeu um terço dos seus 30 mil a 40 mil combatentes. Israel esconde o número de suas baixas, mas elas não chegariam a 3 mil ou 4 mil, aí incluídos os 1.200 mortos pelo Hamas no ataque de 7 de outubro do ano passado.

Se dependesse do presidente americano Joe Biden, candidato em apuros à reeleição em novembro próximo, Israel se declararia vencedor e suspenderia a guerra de imediato em troca da devolução pelo Hamas dos 130 reféns em seu poder. Mas não depende de Biden, o bom velhinho.

Os Estados Unidos são reféns de Israel desde a criação do Estado judeu em 1948 em terras palestinas, e não há sinais de que deixará de ser um dia. É sobre ideologia, negócios e presença militar no Oriente Médio que se assenta a aliança de ferro entre os Estados Unidos e Israel.

O fim da guerra depende basicamente do governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu, e esse não quer pará-la, nem mesmo interrompê-la. Está em curso mais uma tentativa de acordo para acabar com o genocídio dos palestinos, porque é disso que se trata. Está em curso, ou estava.

Um “funcionário diplomático” deu um jeito de sabotar o acordo dizendo à imprensa israelense que “o Estado de Israel não pode aceitar isso” – ou seja: a promessa feita ao Hamas pelos Estados Unidos de que Israel poria um ponto final na guerra se os reféns fossem libertados.

Na sequência, Netanyahu deu razão ao “funcionário diplomático” ao declarar ao país que, apesar das provas de “boa vontade” do seu governo, “o Hamas continua entrincheirado nas suas posições extremas”. O tal “funcionário diplomático” era Netanyahu em off.

O líder do bureau político do Hamas, Ismail Haniyeh, comentou as duas falas de Netanyahu, em off e em on, dizendo estar “interessado em um acordo que ponha fim à guerra, garanta a retirada do Exército israelense da Faixa de Gaza e inclua uma troca de prisioneiros”.

O fim da guerra para Netanyahu significaria o fim do seu governo e a retomada pela Justiça de Israel do processo a que ele responde por corrupção. É por isso que a guerra irá em frente. A próxima meta de Israel: invadir o Sul da Faixa de Gaza que já está sendo bombardeada.

Ali, orientados pelas Forças de Defesa de Israel, refugiaram-se mais de 1 milhão de palestinos para escapar à morte no Norte do enclave. Pois agora chegou a vez deles. Israel diz que o Hamas também migrou para o Sul e que usa os palestinos como escudos humanos.

O Hamas sempre precisa provar que é verdade tudo o que diz; Israel está dispensado disso: o que diz é aceito como verdade. Se diz que o Hamas é uma organização terrorista, é o que ele é e não se discute mais; se taxa qualquer crítica de antissemitismo, fica como se fosse antissemitismo.

É uma guerra escandalosamente assimétrica: o maior Exército do Oriente Médio, apoiado pelas maiores potências do mundo ocidental, contra nenhum Exército, apenas um grupo armado; um povo pobre e expatriado contra um povo rico que ocupou suas terras e quer mandar no seu destino.

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