A derrota de Bolsonaro foi uma grande vitória do povo brasileiro e, segundo importantes órgãos da imprensa internacional, de todo o planeta! Tivesse ele ganhado perderíamos toda esperança. Com Lula voltamos a tê-la, mas é preciso atenção!

Apesar dos muitos aspectos positivos dos seus dois mandatos, neles também ocorreram erros enormes que prejudicaram a nossa população. Erros muito menores que os cometidos por Bolsonaro, que desprezou pessoas, educação, saúde, ciência e muito mais. Ainda assim, há que corrigi-los, para que tenhamos não só ainda mais esperança, mas também para que esta se transforme em realidade. A intenção da crítica é contribuir para o sucesso do próximo mandato.

Alguns dos erros do presidente Lula foram muito explorados pelos seus adversários igualmente culpados, sendo desnecessário mencioná-los. Outros, menos comentados, devem ser lembrados, para que nada semelhante volte a acontecer, e para que neste novo mandato o povo possa aspirar a ser feliz, e ser!

Confundindo felicidade com festa futebolística, fomos embarcados na péssima viagem de realizar, aqui, a Copa do Mundo e a Olimpíada. Quanto dinheiro desperdiçado, quantas obras inúteis, quanta enganação! Uma mínima análise da então proposta de se pleitear sediar os eventos teria mostrado que, à exceção de Barcelona, todas as sedes desses “grandes eventos” tiveram prejuízos, e grandes! Hoje, é difícil encontrar alguém que não concorde ter sido um péssimo negócio empenhar o país naquele projeto mas, à época, doutrinados pelos poucos mas poderosos intere$$ados nos eventos, não houve oposição! E tudo para desaguar no 7X1…

Outro erro crasso: defender o picaretíssimo projeto de construir o trem bala Rio-SP-Campinas. Ainda bem que a ideia não vingou, e me orgulho de ter contribuído para descarrilhar a proposta. Embora o falso brilho de se ter um trem rápido tenha ofuscado alguns, o fato é que o principal benefício de se desenvolver um trem bala é incorporar os seus avanços tecnológicos no restante da malha ferroviária. Como no Brasil esta praticamente não existe – resultado de erros históricos, bem anteriores ao Lula –  tais ganhos não existiriam em nosso país.

Outro equívoco: não houve esforços significativos para se inverter a nossa estrutura tributária, para torná-la progressiva, isto é, fazer com que quem ganha mais pague mais, ao invés de permitir que ela continuasse regressiva como já era então e ainda é hoje. Sem dúvida, isso depende do Congresso, e o recém eleito não parece favorável a proposta como esta. No entanto, uma pressão a favor dessa inversão, como água mole em pedra dura, acabaria, cedo ou tarde, por ser bem sucedida, e contribuiria para melhorar a vida da maioria, mediante a redução de um dos maiores problemas da população brasileira, a enorme desigualdade de renda.

Desejo a todos grandes e urgentes melhoras em sua qualidade de vida, e faço votos de muito sucesso ao Lula, e que, desta vez, ele não embarque em projetos furados como aqueles!

 

Eduardo Fernandez Silva. Mestre em Economia. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados