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O futuro abre espaço para ainda mais vozes: que venham novos desafios

Nesta última coluna Vozes LGBT, convido a uma reflexão sobre pluralidade em nossa comunidade

atualizado

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Divulgação
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1 de 1 pride-3822489_1920 - Foto: Divulgação

Este texto é para comunicar que esta é a última coluna. Uma despedida com um grande senso de dever cumprido e outro tanto a se fazer.

Há quatro anos entrava no ar o primeiro texto do Vozes LGBT. Daqui para lá, a coluna cresceu e me ensinou tanto. Quando aquele primeiro texto foi postado, eu me sentia totalmente sozinho. Quando o Metrópoles me convidou para conversar sobre ter uma coluna com esta temática, fui atrás de ver como andavam os temas LGBTs na imprensa e descobri que eles haviam sido substituídos por colunas de fofoca e humor gay (a expressão é essa mesmo). 

Para piorar, o único exemplo que se manteve no mercado, o Blogay, perdeu seu criador, com um ataque cardíaco fulminante, com 3 meses da minha coluna no ar. Esta perda longínqua me deu a sensação ainda maior de isolamento.

Eu escrevi 3 textos num tapa só, pá puf. E, em seguida, não sabia mais o que dizer. Branco total! Mas logo estas pessoas incríveis que formam nossa comunidade foram chegando e me fazendo não me sentir mais sozinho. Quantos artistas, intelectuais, simpatizantes da causa, amigos, amantes e amados passaram por estas linhas. Quantos ainda poderiam passar.

Nada a lamentar

Não tenho nada a lamentar do que fiz no Vozes LGBT. Aliás, agradeço a cada entrevistado pelo carinho e confiança com que se abriram para mim e aceitaram que eu tentasse transmitir a beleza que eu vi em vocês. O que vocês me deram não tem preço. Só posso lamentar pelas futuras pessoas incríveis e trabalhos inspiradores que não estarão mais aqui. Mas em algum lugar eles estarão, porque a voz não se calará.

Agradeço também a todos do Metrópoles, do mais alto posto ao mais baixo, com quem cruzei, trabalhei diretamente, ou só chegou para mim e disse: “ei, eu leio tua coluna e gosto dela”. Esta é uma casa que sempre terá minha gratidão por ter sido a primeira a me dar a oportunidade de escrever profissionalmente na vida e, cada vitória que eu tive com a coluna, foi por causa da estrutura e apoio que vocês me dedicaram. Aproveito para responder a pergunta que mais me fazem sobre meu trabalho nesta empresa: NÃO!

Nunca sofri nenhuma censura ou direcionamento a tema, pessoa, ou opinião que emiti aqui. Se alguém alterou meu texto foi pelo trabalho esperado de editoração para melhorar o que é escrito, o que aconteceu em 99% das vezes. O olhar externo do editor é o ponto de apoio do colunista e com vocês me senti seguro.

Aproveito para fazer um pedido: se um dia reativarem o espaço, que ele seja ocupado por alguém diferente de mim. Já tem bastante gay cis em colunas LGBT. Que ele seja de uma mulher lésbica, de uma pessoa trans, ou uma travesti, ou de alguém não binário. A vez de falar agora é deles.

Eu, por mim, seguirei outros caminhos. Buscarei um outro espaço para propagar minha voz. Espero que encontre. E se não encontrar… eu crio um. A facão. No melhor estilo Lunga – a bixa que mais me inspira no momento.

Até um outro dia.

Agenda especial
  • Nos dias 18 e 19 de outubro, acontecerá a 6ª edição do BOCADIM – Festivalzim LGBTQ+, que contará com shows, feira criativa e atividades formativas. Com eventos de formação profissional para pessoas LGBTQ+, o festival surge como um movimento de contraponto que se alinha ao modo contemporâneo de “artivismo” – diferente de outros festivais em escala mundial, que orientam seus artistas a não se manifestarem politicamente. A classificação indicativa é 18 anos e os ingressos já estão à venda. Para maiores informações do que já tá rolando, clique aqui;
  • A Parada do Orgulho de Taguatinga acontece neste domingo (06/10/2019), a partir das 13h, na Praça do Relógio, com intensa atividade ao longo de toda a semana. Quem quiser saber da programação completa, só clicar aqui;
  • Nos dias 04 e 05 de outubro, acontece a segunda Jornada de Poesia LGBT+, celebrando a memória de Cassandra Rios e discutindo o lugar da poesia e do erotismo em tempos de censura. A Jornada é um evento do Instituto LGBT+ e acontece na Casa de Cultura da América Latina (CAL). A jornada contará com seis oficinas, rodas de conversa e apresentações realizadas por importantes escritoras, compositoras e editoras brasilienses, como Nina Ferreira, Kati Souto, Lívia Viganó, Diana Salu, Letícia Fialho e Tatiana Nascimento. Além disso, o encontro receberá a poeta Raíssa Éris Grimm de Salvador e a ganhadora do prêmio Jabuti Natália Borges Polesso, que lançará seu primeiro romance, Controle. Inscrições aqui

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