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Frida Kahlo: da bissexualidade à provocação das regras de gênero

Devemos comemorar a chegada à Brasília da exposição que homenageia a mulher que é símbolo de lutas pelo respeito à sexualidade, ao gênero e contra o preconceito em variados âmbitos da sociedade.

atualizado

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Reprodução/NYBG
Frida Kahlo
1 de 1 Frida Kahlo - Foto: Reprodução/NYBG

A chegada da exposição “Frida Kahlo: conexões entre mulheres surrealistas no México” à Caixa Cultural é motivo para comemorar. Essa é a maior mostra no país dedicada à mulher que é símbolo de lutas pelo respeito à sexualidade, ao gênero e contra o preconceito nos mais variados âmbitos da sociedade.

Se você não conhece a história dela, indico o filme Frida (2002), com a trilha sonora de Caetano Veloso. Nele podemos acompanhar toda a trajetória da artista, desde a adolescência questionadora e irreverente até o precoce acidente que lhe limitou as possibilidades do corpo por toda a vida.

O filme mostra como, apesar das angústias físicas e psicológicas, ela se tornou a artista única e influente que é até hoje. A pintora foi uma das esposas do pintor Diego Rivera, uma celebridade mundial daquela época. A história de amor entre os dois já inspirou livros e peças de teatro. A união ia além do sentimento amoroso, tinha influência artística, de pensamento político e muito companheirismo, perdurando até a morte de Frida.

Apesar disso, durante o casamento a artista sofreu bastante com os adultérios constantes do marido, que chegou a levar para a cama a irmã dela. Nesse ponto, o filme é injusto com Frida, pois dá a entender que, para se vingar, a pintora começa a também transar com outras mulheres, inclusive várias com quem o marido já havia transado.

Dizer que Frida começou a se relacionar com mulheres apenas para dar o troco é reduzi-la a um papel que não cabe mais às figuras femininas, o de alguém cuja vida gira em torno da existência do seu homem. A hipótese é facilmente contestada pela própria história de vida da pintora.

Frida gostava de se vestir com roupas masculinas desde a adolescência e seu pai, que sempre quis ter um filho, permitia. Veja bem a diferença: ele não incentivava, o desejo era dela e ele, a pessoa de autoridade na casa que poderia coibir tal ação, não proibia.

Há fotos e pinturas em que Frida está trajada assim. Quer dizer que, além da bissexualidade, a pintora mexicana também provocava as regras de gênero. Sua vivacidade nos dois polos é inspiradora. A sexualidade plural sempre esteve presente em sua vida e as traições de Diego não foram a permissão para praticá-la.

Frida era bem resolvida. Isso não significa que não sentia as dores e delícias de seus atos, nem que não mantinha expectativas frustradas em relação ao seu casamento e à sua vida, como pode ser observado em vários de seus quadros.

Em muitos deles, a dor física se torna metáfora para as dores existenciais, e vice-versa. Neles também está registrada toda a sua alegria e o sentimento de liberdade que lhe incendiava, mesmo quando já não podia sair da cama. Aliás, é dela uma frase que circula muito nas redes sociais: “Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?”.

Sua presença e simbologia são tão marcantes que Frida foi homenageada com o livro “Existo”, da coleção “Amar Coletânea de Livres Infantis”, de temática LGBT, feita pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. A publicação será distribuída nas bibliotecas das escolas públicas. Nesse livro especificamente, acompanhamos as descobertas e reflexões de uma criança trans. Bem adequado, não?

A exposição estará em Brasília até 5 de junho, com entrada gratuita, mas é necessário se cadastrar para visitação. Não dá para perder.

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