MPGO quer ouvir João de Deus sobre denúncias do DF e de outros estados
Previsão é que médium seja ouvido sobre as denúncias de violação sexual. O interrogatório deve acontecer no Núcleo de Custódia
atualizado
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O Ministério Público Estadual de Goiás (MPGO) pretende ouvir, na tarde desta segunda-feira (14/1), João Teixeira de Faria, o João de Deus. O interrogatório está previsto para acontecer no Núcleo de Custódia, em Aparecida de Goiânia (GO), onde o médium está preso desde 16 de dezembro. O líder espiritual deverá ser questionado sobre denúncias de abusos sexuais feitas por vítimas de outros estados, como do Distrito Federal, Maranhão, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Será a segunda vez que o líder espiritual vai ser ouvido pelo MPGO. O médium é acusado de abusar sexualmente de centenas de mulheres durante atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). Algumas das denúncias foram feitas por pessoas que moram em outras localidades do país, que teriam sido abusadas em visita ao centro espiritual. Os depoimentos foram prestados nos estados de origem das vítimas e reunidos no procedimento que corre em Goiás.
No depoimento anterior, em 26 de dezembro, João de Deus alegou ter disfunção erétil. O problema, segundo ele, teria sido provocado após tratamento contra um câncer de estômago. Dois dias depois, em 28 de dezembro, a primeira denúncia foi apresentada e aceita pela Justiça, por violação sexual e estupro de vulnerável. Caso seja condenado, a pena pode chegar a 42 anos de reclusão. O MPGO pretende oferecer uma nova acusação até a próxima semana sobre crimes contra a dignidade sexual.
O líder espiritual e a mulher dele, Ana Keyla Teixeira Lourenço, também foram indiciados por posse ilegal de armas nessa quinta-feira (10/1) pela Polícia Civil de Goiás (PCGO). Além disso, João de Deus foi denunciado por violação sexual mediante fraude. Segundo a delegada Karla Fernandes, os indiciamentos encerraram os trabalhos da força-tarefa da polícia criada para investigar as acusações de abuso sexual contra ele.

Em 12 de dezembro de 2018, João de Deus apareceu pela primeira vez na Casa Dom Inácio de Loyola após a divulgação do escândalo sexual Michael Melo/Metrópoles

Depois que as denúncias vieram à tona, o médium foi preso Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Ele disse que é inocente Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Fiéis se dividem entre os que estão estarrecidos com as denúncias e os que questionam a credibilidade das centenas de vítimas do médium Michael Melo/Metrópoles

Fiéis na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO) Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

O caso abalou a popularidade do médium João de Deus Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

O comércio de Abadiânia foi impulsionado nos últimos anos graças ao turismo religioso na cidade Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

As pessoas vestem branco para ir à Casa Dom Inácio de Loyola Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Muitas pessoas procuravam ajuda do médium em busca da cura de enfermidades Michael Melo/Metrópoles

Michael Melo/Metrópoles

Abadiânia costuma reunir multidões em busca de atendimento na Casa Dom Inácio de Loyola Michael Melo/Metrópoles

Os atendimentos ocorrem às quartas, quintas e sextas-feiras Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

No casarão, fiéis fazem orações antes de se encontrarem com o médium Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

Espera antes de serem formadas as filas para ver João de Deus Michael Melo/Metrópoles

Casa Dom Inácio de Loyola Michael Melo/Metrópoles

Sem o médium, que está preso, não há definição sobre como será o atendimento na Casa Dom Inácio de Loyola nos próximos dias Michael Melo/Metrópoles
Conforme a delegada Karla Fernandes, João de Deus teria dito em depoimento que as armas encontradas em seus endereços pertenciam a pessoas que recorreram a ele por estarem dispostas a tirar a própria vida. Outra arma seria de uma mulher que ameaçava matar o marido e a amante. Um dos revólveres teria sido trocado com um garimpeiro.
Durante cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços ligados a João de Deus em Abadiânia e Anápolis (GO), foram encontradas cinco armas, uma delas com a numeração raspada. As pedras preciosas localizadas na residência do líder espiritual serão encaminhadas para avaliação da Polícia Federal.
Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.
O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país. Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.