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MPGO quer ouvir João de Deus sobre denúncias do DF e de outros estados

Previsão é que médium seja ouvido sobre as denúncias de violação sexual. O interrogatório deve acontecer no Núcleo de Custódia

atualizado

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Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles
Brasília(DF), 12 e 13/12/2018, João de Deus é acusado de asse
1 de 1 Brasília(DF), 12 e 13/12/2018, João de Deus é acusado de asse - Foto: Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles

O Ministério Público Estadual de Goiás (MPGO) pretende ouvir, na tarde desta segunda-feira (14/1), João Teixeira de Faria, o João de Deus. O interrogatório está previsto para acontecer no Núcleo de Custódia, em Aparecida de Goiânia (GO), onde o médium está preso desde 16 de dezembro. O líder espiritual deverá ser questionado sobre denúncias de abusos sexuais feitas por vítimas de outros estados, como do Distrito Federal, Maranhão, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Será a segunda vez que o líder espiritual vai ser ouvido pelo MPGO. O médium é acusado de abusar sexualmente de centenas de mulheres durante atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). Algumas das denúncias foram feitas por pessoas que moram em outras localidades do país, que teriam sido abusadas em visita ao centro espiritual. Os depoimentos foram prestados nos estados de origem das vítimas e reunidos no procedimento que corre em Goiás.

No depoimento anterior, em 26 de dezembro, João de Deus alegou ter disfunção erétil. O problema, segundo ele, teria sido provocado após tratamento contra um câncer de estômago. Dois dias depois, em 28 de dezembro, a primeira denúncia foi apresentada e aceita pela Justiça, por violação sexual e estupro de vulnerável. Caso seja condenado, a pena pode chegar a 42 anos de reclusão. O MPGO pretende oferecer uma nova acusação até a próxima semana sobre crimes contra a dignidade sexual.

O líder espiritual e a mulher dele, Ana Keyla Teixeira Lourenço, também foram indiciados por posse ilegal de armas nessa quinta-feira (10/1) pela Polícia Civil de Goiás (PCGO). Além disso, João de Deus foi denunciado por violação sexual mediante fraude. Segundo a delegada Karla Fernandes, os indiciamentos encerraram os trabalhos da força-tarefa da polícia criada para investigar as acusações de abuso sexual contra ele.

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Conforme a delegada Karla Fernandes, João de Deus teria dito em depoimento que as armas encontradas em seus endereços pertenciam a pessoas que recorreram a ele por estarem dispostas a tirar a própria vida. Outra arma seria de uma mulher que ameaçava matar o marido e a amante. Um dos revólveres teria sido trocado com um garimpeiro.

Durante cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços ligados a João de Deus em Abadiânia e Anápolis (GO), foram encontradas cinco armas, uma delas com a numeração raspada. As pedras preciosas localizadas na residência do líder espiritual serão encaminhadas para avaliação da Polícia Federal.

Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país. Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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