Criadora do chá revelação diz que se arrependeu da ideia

Apontada como a criadora do chá revelação, Jenna Karvunidis não se orgulha desse título. A americana afirma que se sente culpada e arrependida por essa nomeação. Em entrevista à BBC, ela explicou que esse sentimento se deve em parte à dimensão e os caminhos que o chá revelação tomou.

“As pessoas explodem coisas para revelar o sexo do bebê. Tem gente morrendo por causa disso, há incêndios em florestas, estão usando animais”, declarou.

Jenna também acredita que esse ritual atribui uma importância excessiva ao sexo biológico de uma criança. A visão por trás do evento reforça uma dicotomia perigosa entre masculino e feminino, e envolve uma tentativa de inferiorizar as mulheres.

O começo

A ideia de fazer um chá revelação aconteceu quando a americana ficou grávida, há 11 anos. Ela buscou uma forma de animar sua família sobre a chegada do bebê, pois percebeu que seus parentes não pareciam muito empolgados com a notícia.

Foi quando ela decidiu preparar dois bolos, com recheio azul e rosa, e entregar o resultado do exame para sua cunhada. Logo em seguida, Jenna pediu para que ela levasse à festa o bolo correspondente ao sexo indicado pelo teste.

Ao cortar uma fatia, todos descobriram que era uma menina. A família ficou feliz com a novidade.

Ela escreveu sobre o assunto em seu blog. Uma jornalista da revista The Bump viu seu relato e decidiu fazer uma reportagem sobre a gravidez. A partir daí, pessoas começaram a investir nesse tipo de festa.

Sexo do bebê 

Jenna também acredita o chá revelação têm um impacto negativo sobre pessoas transexuais e não binárias, como são chamadas aquelas que não se identificam como homem e mulher.

“Hoje, abordamos esse assunto de uma forma diferente do que há uma década. O sexo do bebê é uma apenas questão de anatomia. Não deve ser algo que limita nem define uma pessoa. É o mesmo que anunciar que uma criança tem cabelo loiro ou olho azul. O que importa o que um bebê tem entre as pernas?”

Jenna Karvunidis