1 de 1 Mulher jovem e branca, com cabelo liso curto, sentada em uma mesa de madeira e trabalhando. Ela usa uma camisa jeans e tem um computador na sua frente
- Foto: Getty Images
Muitos usam experiências negativas pessoais como uma maneira de "fazer tudo dar certo". Porém, esse comportamento pode gerar alguns impactos
A expressão em inglês é quiet quitting. Em tradução livre, seria algo como “demissão silenciosa”. Mas, segundo Zaid Khan, não é sobre desistir e, sim, sobre colocar limites.
“Você ainda está cumprindo seus deveres, mas não está mais seguindo a mentalidade da cultura de que o trabalho deve ser sua vida. Seu valor como pessoa não é definido pelo seu trabalho”, explicou.
O vídeo já ultrapassou a marca de 3 milhões de visualizações e o nível de engajamento levou os jornais The Wall Street Journal e o The Guardian a tratar do tema com reportagens especiais extensas. A tônica dos textos gira em torno da nova mentalidade em voga: é preciso colocar limites para ter qualidade de vida.
Vida além do trabalho
Quem reforça essa ideia é a especialista em carreiras Juliana Guimarães. Para ela, a era do emprego enquanto sinônimo de status social acabou. “Percebemos a busca pelo equilíbrio entre os momentos produtivos, de desenvolvimento social e pessoal e momentos em família”, pondera.
Burnout é uma síndrome psíquica de caráter depressivo cujos sintomas são parecidos com os da ansiedade, do estresse e da síndrome do pânico. No entanto, nesse caso, o diagnóstico está associado à vida profissional do paciente
tommy/ Getty Images
******Foto-pessoa-com-a-mao-na-cabeca.jpg
A condição ocorre quando o paciente é exposto à situação tensas por longa duração de tempo. Com isso, o organismo libera níveis mais altos dos hormônios do estresse, como o cortisol, adrenalina, epinefrina e a norepinefrina. Essas substâncias são importantes para superar situações difíceis a curto prazo, mas o excesso delas trabalha contra o próprio corpo
Westend61/ Getty Images
******Foto-pessoa-com-a-mao-na-cabeca-2-1.jpg
Segundo especialistas, o profissional mais propenso a desenvolver o burnout é aquele que só entrega o trabalho quando sente que deu 100% de si, que leva trabalho pra casa e que está conectado quase 24h por dia
Solskin/ Getty Images
A síndrome, que foi incluída na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, se não tratada pode evoluir para doenças físicas, como doença coronariana, hipertensão, problemas gastrointestinais, depressão profunda e alcoolismo
Maria Korneeva/ Getty Images
De acordo com a entidade, ele pode se manifestar das seguintes maneiras: como uma sensação de exaustão ou falta de energia; com sentimentos de negativismo, cinismo ou distância em relação ao trabalho e/ou como uma sensação de ineficácia e falta de realização
Malte Mueller/ Getty Images
******Foto-pessoa-com-um-adesivo-na-testa.jpg
Entre os sintomas físicos estão: exaustão física e fadiga, dores de cabeça e no estômago, distúrbios do sono, que podem se manifestar com insônia e pesadelos e mudanças de hábitos alimentares, por exemplo
Westend61/ Getty Images
******Foto-pessoa-comendo-um-bolo-inteiro.jpg
Pessoas afetadas podem comer mais do que o habitual, recorrendo a alimentos como uma forma de conforto. Ou passar a comer menos, uma vez que os hormônios do estresse afetam o apetite
Flashpop/ Getty Images
******Foto-pessoa-com-a-mao-na-cabeca-3.jpg
De acordo com especialistas, para diminuir a sensação de cansaço extremo, é importante que os espaços fora do ambiente de trabalho sejam vividos sem a interferência dos assuntos do serviço. Além disso, é importante que o trabalhador saiba dizer “não”, quando for necessário, e mantenha-se atento a situações que possam se tornar gatilhos emocionais
Charday Penn/ Getty Images
Especialista salientam ainda que é essencial ficar atento aos sinais e procurar ajuda de um profissional quando sentir um ou mais sintomas que possam indicar a presença do esgotamento. Com acompanhamento especializado é possível garantir que a situação seja controlada
Coolpicture/ Getty Images
“Precisamos nos reconectar com o significado de trabalho que também envolve satisfação psicossocial. Não somos definidos apenas por nossa formação, pelas nossas profissões ou por nossas entregas profissionais. O mundo mudou e o conceito de sucesso também evoluiu”, defende Juliana Guimarães.
Outro lado da discussão
Apesar da desistência silenciosa colocar na pauta a melhoria da relação com o trabalho, Leonardo Rodrigues da Cruz alerta que a dinâmica é mais complexa. Segundo o psiquiatra especialista em saúde mental, a pergunta a se fazer é: “trata-se de uma resposta passivo-agressiva dentro de um esgotamento emocional ou de maturidade para colocar limites e respeitar-se?”.
Ele defende que a saída é impor limites e estabelecer uma boa relação com os empregadores.
“Em geral, o reequilíbrio do trabalhador passa pelo desenvolvimento de estratégias para lidar com as demandas de trabalho, melhorias no estilo de vida e intervenções no ambiente/instituição que gerou desgaste”.
Já leu todas as notas e reportagens de Vida&Estilo hoje? Clique aqui.