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Em alta, perfumes nacionais contornam crise e cravam espaço no mercado

Com o dólar em alta e as fronteiras fechadas, comprar perfumes nacionais pode ser uma forma de economizar e valorizar o mercado local

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Perfumes brasileiros que vale a pena conhecer
1 de 1 Perfumes brasileiros que vale a pena conhecer - Foto: Freepik

Quem não conhece alguém apaixonado por perfumes importados? Você cumprimenta, elogia a fragrância e sabe que, se tiver curiosidade de perguntar de qual se trata, vai receber como resposta o nome de uma marca estrangeira. Segundo especialistas, cenas como essa devem se tornar menos frequentes, apesar da produção gringa fazer sucesso no Brasil.

Com o mundo enfrentando uma pandemia e o dólar nas alturas, os consumidores brasileiros têm se voltado para o próprio mercado, que cresce em qualidade, experiência, autonomia em matéria-prima e custo-benefício. Uma combinação valorizada até mesmo pelos compradores mais exigentes.

O Brasil já é um dos campeões mundiais em consumo per capita de perfume. No segmento como um todo, que inclui produtos de saúde e beleza, o país ocupa a quarta posição, com o segundo maior crescimento global  de mais de US$ 10 milhões entre 2014 e 2019, atrás apenas da China.

Antes de ingressar no segmento, a especialista em marketing Larissa Motta, uma das fundadoras da startup Amyi, fez uma pesquisa de mercado e constatou que, apesar de relatórios de inteligência indicarem que apenas 7% da população têm o hábito de comprar perfumes importados, esse percentual acaba sendo bem maior.

“O Euromonitor, por exemplo, só considera o que é gasto em território nacional. Mas 80% das pessoas que usam perfumes importados compram fora do país, em viagens próprias ou encomendando por um amigo. É um segmento cinco vezes maior do que se estima. Em vez de movimentar R$ 1,8 bilhão por ano, são R$ 9 bilhões”, explica.

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Novidades do mercado

Com passagens pela Givaudan, uma das maiores casas de perfumaria do mundo, em Nova York, e pela Mary Kay, ela e a sócia, Luciana Guidi, foram visionárias. Lançaram a marca que, além de fragrâncias exclusivas, oferece uma experiência pouco popular no Brasil.

Nela, os clientes podem experimentar várias amostras dos perfumes em casa, conhecer mais sobre eles por meio de vídeos e questionários e, no final, receber uma embalagem maior do que mais lhe agradou. O formato vingou no cenário atual.

“Nossas vendas ocorrem 100% no e-commerce, o que nos permite trazer produtos de altíssima qualidade por um preço que é possível pagar”.

Larissa Mota, uma das fundadoras da Amyi

Para entregar a experiência diferenciada, elas contam com um time de perfumistas brasileiros com passagem por grandes casas de perfumaria. Entre eles, Sandra Casagrande, da japonesa Takasago; Cleber Bozzi, da Drom; e Samuel Moraes, da Citratus Symrise, ambas alemãs.

Aliás, o potencial brasileiro no setor também está associado à vocação de produzir as essências. Isso porque o Brasil também é um dos que mais exportam profissionais da área. “Pelo menos 15% dos perfumistas do mundo são daqui. E olha que há mais astronautas que perfumistas no mundo”, compara a empresária.

Tradição

Quem atua no Brasil há mais tempo discorda que o mercado já tenha sido ameaçado por produtos importados. Segundo a diretora de perfumaria da Natura, Denise Coutinho, o Centro-Oeste é uma das regiões em que eles têm mais adesão. Ainda assim, as marcas nacionais se saem melhor em performance e venda, em todas as regiões.

“A perfumaria brasileira evoluiu muito, principalmente nos últimos 10 anos. Tínhamos a característica de produzir fragâncias leves e nos abrimos para diversidade de caminhos olfativos, com o aumento da concentração das fragrâncias e notas orientais, amadeiradas e chipre, por exemplo, que são mais sofisticadas”, explica.

Denise Coutinho, diretora de perfumaria da Natura
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Ela acrescenta que o catálogo da Natura possui produtos considerados prestige, ideais para ocasiões especiais e para presentear. Para ostentarem esse título, eles devem ter design diferenciado, concentração de fragâncias e complexidade olfativa. É o caso das versões de Essencial, Una, Illia e Luna, além do Natura Homem.

A Natura foi fundada em 1969 e está presente no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, Venezuela, França e Estados Unidos, além de outros 63 países indiretamente

Com parte das matérias-primas cultivadas no próprio país, inclusive na Floresta Amazônica, a Natura afirma depender pouco da indústria internacional, o que permite que bons perfumes sejam vendidos a preços razoáveis, mesmo em um momento de alta da moeda norte-americana.

“Estamos vivendo uma fase em que é preciso olhar para o que é produzido no local com muito orgulho, valorizar o que o Brasil tem de bonito e mostrar para o mundo”, defende a profissional.

Oportunidades

A Granado e a Phebo, duas marcas tradicionalíssimas e com DNA brasileiro, se uniram nos últimos anos para explorar o setor do qual fazem parte, respectivamente, desde 1870 e 1930.  A junção deu certo e as empresas têm se destacado com as criações aromáticas.

No rol de fragrâncias que podem competir, tranquilamente, com clássicos da perfumaria internacional, a gerente de desenvolvimento da marca, Débora Xavier,  destaca os Eaux de Toilette da Granado, “que são mais intensas e sofisticadas, além de possuírem maior concentração de essência”.

Da Phebo, ela menciona a Biblioteca Olfativa, que oferece “oferece perfumes elegantes, ousados e inovadores, com alta de qualidade matérias-primas e criações”, explica.

Débora conta que as empresas chegaram a sentir o impacto da crise econômica, mas que o cenário também trouxe oportunidades. No momento, são nelas que as marcas estão concentradas.

“Já sentimos a alta do dólar impactando na compras dos insumos, desde as caixas rígidas, válvulas e vidros até as essências. Porém, estamos segurando ao máximo para não repassar esse aumento para o consumidor”, diz.

“Nossos produtos já tem um excelente custo-benefício, com alta qualidade e preços acessíveis, portanto, neste momento de alta, no qual os perfumes importados terão uma grande impacto no preço de venda, surgimos com mais um grande diferencial”, acrescenta.

Débora Xavier, gerente de Desenvolvimento da Granado/Phebo

Uma das estratégias da Granado/Phebo para aproveitar o cenário e solidificar a atuação foi apostar nas vendas on-line e apresentar aos consumidores novas formas de “sentir” o perfume, uma vez que o isolamento também traz novos comportamentos de compra.  A tática também é adotada pelas outras marcas entrevistadas pelo Metrópoles.

“Para ajudar as pessoas a escolher a fragrância ideal, mesmo sem sentir antes, investimos em conteúdo descritivo e vídeos explicativos com experts do mundo da perfumaria. Quando a pessoa escuta um especialista falando da fragrância, suas sensações, notas e dicas para qual momento usar, tem mais informação e confiança para saber se a fragrância agradará a ela ou não”, conclui.

 

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Presentear com uma fragrância é uma das formas mais intensas de criar vínculos afetivos ? @helenaugustoperfumes

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