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Dicas e cuidados: um guia completo a quem tem fios crespos ou crespíssimos

Especialistas explicam quais cuidados as texturas merecem, conforme suas particularidades

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Yanka Romão/Metrópoles
Nega do cabelo duro? Um guia completo sobre fios crespos e crespíssimos
1 de 1 Nega do cabelo duro? Um guia completo sobre fios crespos e crespíssimos - Foto: Yanka Romão/Metrópoles

Crespo e ruivo, o black power da recepcionista Camila Silva, de 25 anos, chama atenção por onde passa e rende elogios à jovem. Porém, antes de assumir os fios crespos e crespíssimos, ela precisou passar por três transições capilares, nome dado ao processo de interrupção no uso de produtos químicos alisantes.

“Nas duas primeiras vezes, eu desisti por ver que era volumoso. Morria de medo disso. Na terceira, me preparei melhor, busquei referências na internet e formas de cuidar em casa”, relembra, sobre o processo ocorrido em novembro de 2015.

Atualmente, as madeixas são o xodó de Camila. “É meu renascimento. Me descobri dona de mim através da transição capilar, ganhei mais segurança e autoestima. Ele é crespo, ruivo, volumoso e macio como algodão”, afirma.

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No entanto, o amor próprio não a poupa de comentários preconceituosos. Já a questionaram se ela lava os fios e se, em caso positivo, usa sabão em pó, como se, por ele ser crespo, tivesse o aspecto de sujo. “Sei que a pessoa deve achar que não é ofensivo, mas ninguém vê uma lisa tendo que responder perguntas desse tipo”, relembra.

A discriminação mostra como, apesar do boom do cabelo natural nos últimos anos, essas texturas continuaram à margem da sociedade e do interesse midiático e econômico. Além disso, demonstra a intolerância em relação a traços predominantes em pretos e pardos.

De acordo com Ana Paula Nascimento, cabeleireira afro do Salão Rainha de Sabá, cachos mais abertos e soltos são mais aceitos do que os demais. Criou-se uma espécie de padronização do natural.

“Ainda que a sociedade diga que está pronta para o negro, ela está apenas dizendo que começou a aceitar o que os de pele mais clara e cabelo mais parecidos com o que o liso tem a oferecer”, explica.

As irmãs Rose Costa e Ana Paula Nascimento comandam o estabelecimento focado em cabelos crespos, fundado em 2007
Atributos

Os tipos de cabelo se distinguem conforme a textura em 12 grupos padrões, divididos entre: liso, tipo 1; ondulado, tipo 2; cacheado, tipo 3; e crespos, tipo 4. Os três últimos são categorizados conforme a curvatura, com as letras A, B e C.

O crespo 4A possui cachos mais fechados, definidos e estruturados; enquanto os do 4B são quase imperceptíveis e com presença maior de frizz e volume. O 4C, semelhante ao crespíssimo, caracteriza-se por ser mais frágil, com maior fator encolhimento e com padrão de curvatura em “Z”, ou seja, sem definição de cachos. O cabelo crespíssimo é o tipo 5 e apresenta fios sem nenhuma definição de cachos. É mais seco que os demais, além de ser raro no Brasil.

Segundo dados da L’Oréal Paris, divulgados em 2015, esse tipo de fio está presente em apenas 2% da população feminina brasileira. O ondulado e cacheado aparecem em 29% e 8% na população, enquanto 17% das mulheres têm os fios crespos. Vale ressaltar que uma pessoa pode ter diversos tipos de cabelo ou apenas um.

Por ser incomum, conteúdo sobre cuidados e penteados com o tipo 5 são escassos. Na internet, a influenciadora digital Jacy July é uma das poucas brasileiras a tratar do assunto. Produtora de conteúdo há mais de cinco anos, ela é youtuber, estudante de biblioteconomia e afrohairstylist. Neste ano, a influenciadora criou, no Instagram, o projeto de fotos Escultura Crespa.

Segundo Ana Paula, os fios são versáteis e permitem uma transformação diária à pessoa, a partir de tranças box braids ou embutidas, afro puff, twists, dreadlocks e muito mais. “A lista de penteados é extensa. Dá para fazer de tudo”, afirma.

Confira alguns dos cabelos produzidos por ela e sua equipe:

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Qual é o pente que te penteia?

Chamar os cabelos crespos e crespíssimos de “duros” e “ruins” são mais uma prova do desconhecimento e preconceito de quem reproduz a fala. Assim como os outros tipos, os dois tem particularidades que requerem cuidados e produtos específicos.

Segundo a tricologista Valine Alencar, por ser um cabelo mais fino e com maior incidência de nós entre os fios, deve ser penteado com cuidado, a fim de evitar que ele quebre. Ou seja, nem pensar em desembaraçar com os fios secos, apenas quando estiver molhado ou úmido. A regra, por outro lado, não vale para o uso de pente garfo.

Símbolo de representatividade negra, o acessório serve para acentuar e valorizar o volume do black, pois ajuda a diminuir o fator encolhimento e a levantar a raiz do cabelo. O pente garfo pode ser encontrado facilmente em lojas de cosméticos, onde são vendidos em diferentes materiais e formatos.

Outra característica das duas texturas é o frizz, aqueles cabelinhos arrepiados no meio e em cima da cabeça. Nos cabelos crespos e crespíssimos, faz parte das características. Pode ser utilizado como parte da proposta e do penteado ou pode ser amenizado com alguns truques, como o uso de touca de cetim ao dormir e preferir secar os fios com toalhas ou roupas de algodão.

A empresária Amarilis Silva, referência no ramo de produtos para manutenção do cabelo em cetim no Distrito Federal, afirma que textura do tecido gera menos atrito que o algodão, fazendo com que o cabelo deslize sobre a superfície com menos impacto durante a noite. “Você amanhece com o cabelo do jeito que finalizou no dia anterior. O cetim protege, não danifica e nem suga os produtos”, explica.

Cuidados

Além disso, como no crespo e crespíssimo há maior tendência para o ressecamento dos fios, o ideal é manter calendário de cuidados regular, principalmente com umectações a cada 15 dias. A rotina capilar auxilia a hidratação dos fios com a reposição de óleos. Além disso, aumenta o brilho do tipo 5, que tende a ser mais opaco.

“Óleos vegetais como argan, jojoba, semente de uva, abacate e outros são muito bons para esses cabelos”, indica Valine. Quanto à rotina de lavagem, ela explica que deve ser feito em equilíbrio, conforme a pessoa sentir que precisa, mas no mínimo uma vez por semana. Higienizar todos os dias pode ressecar os fios.

Os cuidados de Camila são parecidos com os indicados pela tricologista. A jovem prefere cuidar das madeixas em casa, optando por atendimento em salão apenas para cortes complexos.

“Não tenho mantido uma rotina à risca, mas, no geral, lavo duas vezes na semana, faço a etapa do cronograma capilar que meu cabelo precisa e finalizo com fitagem. Trato meus fios com carinho, pois fazem parte de mim e da minha identidade”, completa.

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