Escola no Tocantins ganha prêmio de melhor edifício do mundo
Projetada pelos escritórios dos arquitetos Aleph Zero e Marcelo Rosenbaum, a escola rural sustentável foi premiada por instituto britânico
atualizado
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De acordo com o Royal Institute of British Architects (RIBA), o melhor edifício do mundo no ano de 2018 é bem brasileiro. Construído em Tocantins, o projeto Moradias Infantis, dos escritórios Aleph Zero e Rosenbaum, recebeu a honraria, uma das mais prestigiadas da área, na última edição da premiação.
A escola rural, que acomoda 540 crianças, foi escolhida por proporcionar um impacto social significativo e imaginar a arquitetura como uma ferramenta para transformação social.
É preciso passar por várias etapas para ganhar o prêmio: um grupo de especialistas do mundo inteiro, presidido pela arquiteta Elizabeth Diller, deve, inclusive, visitar a construção antes de definir o vencedor. “É preciso que o edifício nos tire dos problemas cotidianos para algo desafiador que nos ensine por que a arquitetura ainda é relevante”, diz a juíza.
O projeto foi desenvolvido pelos arquitetos Gustavo Utrabo e Petro Duschenes, do Aleph Zero, em parceria com Marcelo Rosenbaum e Adriana Benguela, do estúdio Rosenbaum. Segundo o júri, a construção foi definida como uma “reinvenção do vernáculo brasileiro”. Foram usadas técnicas e recursos locais na obra: blocos de terra feitos à mão formam as paredes e treliças tradicionais trazem não só beleza estética como controle do calor típico da região.
Como a arquitetura marcada por suas memórias, técnicas, estéticas e ritmos se tornaria pertinente a este local? Como lidar com este sítio no qual a cultura vigente se moderniza e se abstém de qualquer memória em prol de um sonho reproduzido? Como intervir num lugar marcado pelo trabalho manual da lavoura e pela natureza indígena? Com essas indagações o projeto caminha na direção da transformação, do resgate cultural, do incentivo a técnicas construtivas locais, da beleza indígena e seus saberes, aliado à construção da noção de pertencimento, necessária ao desenvolvimento das crianças da escola de Canuanã
Autores do projeto
“Estamos profundamente honrados com o Prêmio Internacional RIBA. Ele fortalece nossa compreensão da arquitetura como uma ferramenta para a transformação social, algo que transcende a construção e cria uma conexão profunda entre os jovens e seus ancestrais e conhecimento”, afirmam ao portal Archdaily os arquitetos Marcelo e Adriana.
Veja fotos do projeto:

O Moradias Infantis foi construído em 2017 e fica em Formoso do Araguaia, Tocantins Leonardo Finotti/Divulgação

"Desmistificar o status da escola como espaço somente de aprendizado e transformá-la em um território com valor de lar. Para isto, a nova morada se organiza fundamentalmente em duas vilas, uma masculina e outra feminina", continuam Leonardo Finotti/Divulgação

A construção procura utilizar materiais típicos da região, como treliças e blocos de terra feitos à mão Leonardo Finotti/Divulgação

O projeto foi criado pensando no clima quente da região, por isso é bastante aberto e ventilado Leonardo Finotti/Divulgação

Grandes espaços abertos favorecem a circulação de ar Leonardo Finotti/Divulgação

Detalhe das escadarias Leonardo Finotti/Divulgação

Há vários espaços de convívio espalhados pelo projeto. Sala de televisão, espaço para leitura, redário e varandas estão disponíveis para os 540 adolescentes de 13 a 18 anos que moram no local Leonardo Finotti/Divulgação

Sala multiuso Leonardo Finotti/Divulgação

Mesas de pebolim Leonardo Finotti/Divulgação

Arena para apresentações Leonardo Finotti/Divulgação

Redário Leonardo Finotti/Divulgação

Cada uma das 45 unidades recebe seis alunos de cada vez para melhorar a qualidade de vida das crianças e a individualidade – antes, elas moravam em enormes dormitórios Leonardo Finotti/Divulgação

Detalhe da escola Leonardo Finotti/Divulgação
O projeto Aldeia das Crianças é financiado pela Fundação Bradesco, e o Moradias Infantis é uma das 40 escolas administradas pela instituição.