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Elisa Lucinda inova debate racial: “Se vir um branco, seguro a bolsa”

Ideias da atriz viralizaram pelas redes sociais ao integrar o “Roda Viva”, desconstruindo estruturas nefastas e preconceituosas

atualizado

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Divulgação
elisa lucinda
1 de 1 elisa lucinda - Foto: Divulgação

Nas últimas semanas, Elisa Lucinda passou pelas redes sociais de milhares de brasileiros. A sua participação no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, em 11 de dezembro, sobre racismo no Brasil viralizou e tocou espectadores de diferentes tribos pela abordagem extremamente sincera. Com um discurso simultaneamente incisivo e poético, a atriz, escritora e poeta capixaba renovou o debate ao convocar brancos e negros para, juntos, lutarem por um país anti-racial.

Fomos educados com o olhar escravagista, todos nós, inclusive os negros. Todos nós fomos educados sob o manto da ilusão da democracia racial. Todos nós acreditamos nisso

Elisa Lucinda

O que tocou no coração da pessoas foi uma sinceridade contemporânea. Essa reação impressionou a atriz pela velocidade da viralização a ponto da própria página do “Roda Viva” produzir os memes,

O furúnculo estourou. Não dá mais. Ficou pequeno o tapete. Não tem mais como esconder tamanha vergonha impregnada na educação brasileira

Elisa Lucinda

https://www.youtube.com/watch?v=7xPn3lQJdCc&t=12s

Elisa quis alcançar o que ainda não tinha sido debatido sobre o racismo. Aquilo não percebido como tragédia. “Será preciso morrer mais negros?”, questiona.

O racismo foi criado pelos brancos e eles precisam dar conta dessa problemática de uma maneira responsável, nem que seja para salvar a própria pele diante de Deus. Se é que não exista hipocrisia nessa fé?

Elisa Lucinda

Elisa propõe uma intervenção cênica inspirada no teatro invisível, de Augusto Boal, que simula situações cotidianas a partir de provocações ficcionais. Ela tem proposto invenções metafóricas. Por exemplo. Percebeu: não há pretos presos na Lava Jato. Ou seja: a uma quadrilha de brancos assaltando os cofres públicos do país e ruindo a República.

Passei a dizer que, quando eu vejo um branco, seguro a minha bolsa. São ações provocativas para desconstruir. O estranhamento é necessário. Ser podre de rico pode dar boas piadas. Não vejo graça alguma no humor que só bate em quem já apanha: negro, pobre, gay, lésbica, trans, travesti. O branco rico brasileiro e seu projeto de felicidade são pouco sacaneados. Simbora. É hora do sacode

Esse sacode estremeceu muitos brancos humanistas diante da pergunta- síntese do pensamento de Elisa Lucinda.

Escravocrata ou abolicionista moderno. Quem é você?

Elisa Lucinda

A pergunta inquietante convocou a população brasileira a se inquietar com o racismo estrutural, que se perpetua e afunda o país num fosso de injustiça social sem proporção. Foi soco na hipocrisia do mito da cordialidade e da democracia racial. O racismo está exposto diariamente nas periferias, onde corpos de jovens negros amanhecem, no asfalto, abatidos pela bárbara violência policial e social.

Essa contemporânea pergunta exige uma resposta no trabalho, na família, na intimidade, no convívio social e no lazer. Eu nem tinha tanta clareza nessa síntese, mas sabia: um país que não sabe de onde vem, não sabe pra onde vai

Elisa Lucinda

Atualmente, em cartaz com “L, O Musical”, no qual sou autor e diretor, Elisa Lucinda traz essa vivência no cotidiano. Costuma, ao fim do espetáculo, falar sobre a loucura de não se ter atrizes negras encabeçando elencos independentemente do conteúdo do espetáculo. Com humor, chama-se de “pretagonista” e diariamente tem ensinado a importância de estarmos todos em estado de combate.

Quando a corda do enredo da história bate em nossas mãos, sabemos quem somos, em que tambor batemos. Se estamos criando pequenos racistas em seus condomínios brancos ou estamos mudando a história

Elisa Lucinda

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