Após uma intensa batalha contra o novo coronavírus, a China, primeiro país a ser epicentro da pandemia de Covid-19, agora precisa lidar com as consequências deixadas na saúde mental da população. O país oriental passou pela fase mais difícil e retoma gradualmente o trabalho e a normalidade, mas as pessoas estão enfrentando traumas deixados pelo pânico que passam desde o início do ano.
A Universidade Normal de Pequim, afirma que muitos chineses estão voltando às suas atividades, mas boa parte vem pedindo ajuda profissional para superar. O setor de psicologia da instituição abriu uma linha direta para eles e revela que a procura tem sido frequente.

Imagem do novo coronavírusIOC/Fiocruz/Divulgação

Ermando Armelino Pivita é o mais velho do Brasil a se curar da Covid-19Rafaela Felicciano/Metrópoles

Na Cidade de Deus, no Rio, traficantes decretaram toque de recolher e deixaram aviso sobre o que pode ou não funcionarReprodução/ Internet

Covid-19: sem espaço, hospital nos EUA empilha corpos em sala de descansoReprodução/CNN

Na Itália, pacientes terminais de coronavírus ganharam o direito de dar adeus às famílias por meio de videoconferênciasReprodução/Twitter/Lorenzo Musotto

Profissionais de saúde mostram as marcas provocadas pelos equipamentos de segurançaReprodução

Equipes do Escritório Regional do Mediterrâneo Oriental, da Organização Mundial da Saúde foram em missão no Irã ver a situação de pacientes infectados com o novo coronavírusDivulgação/OMS

Membros da OMS no Irã para acompanhar a evolução do novo coronavírusDivulgação/OMS

Mãe e criança com máscaras para evitar contágio pelo novo coronavírusGetty Images

Uma família na Austrália comprou acidentalmente 2,3 mil rolos de papel higiênico em meio à pandemia de coronavírusReprodução/Facebook

Vídeos divulgados nas redes sociais mostraram o pátio do local mais sagrado do Islã em Meca, na Arábia Saudita, praticamente desertoReprodução/Twitter

Com medo de serem contaminadas pelo novo vírus, pessoas passaram a usar camisinhas para apertar botões de elevadorReprodução/Twitter

A pandemia de coronavírus provocou correrias a supermercados e farmácias, onde as pessoas esgotaram alguns produtosReprodução/Facebook

Fotos de pessoas apertando botões de elevadores com camisinhas viralizaram Reprodução/Twitter

No início da pandemia, rolos de papel higiênico chegaram a faltar em vários supermercados do mundoReprodução/Facebook

Moradores estão estocando itens de todo tipoReprodução/Twitter

Pessoas em Cingapura e na Austrália estão estocando itens básicos por receio do coronavírusReprodução/Facebook

Navio Diamond Princess, um dos primeiros focos de coronavírus fora da China, foi isolado em porto do Japão após casos confirmadosReprodução/Twitter

Pangolim é apontado como hospedeiro intermediário do novo coronavírusDivulgação

Desinfecção de funcionários de uma funerária depois de o grupo lidar com o corpo de uma pessoa que morreu em decorrência do novo coronavírusFeature China/Barcroft Media via Getty Images

Trabalhador de equipe médica pelas ruas de Wuhan, na ChinaFeature China/Barcroft Media via Getty Images

Mulher usa máscara no mercado de Huanan, em Wuhan, o centro da epidemia de coronavírus. O local está interditadoGetty Images

Em Pequim, uma mulher usa máscara e óculos de sol para se proteger do coronavírusKevin Frayer/Getty Images
O medo de ser contaminado agora ou de ter contraído a doença durante a epidemia no país são os principais problemas apontados, além de distúrbios de somatização, como dores de cabeça ou insônia. Ganho de peso, depressão, medo, culpa e ansiedade também são sintomas comuns relatados por eles. Em casos mais graves, há os que sofrem com ataques de pânico e Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Policiais, equipes médicas e assistentes sociais são os mais vulneráveis e os mais resistentes a mostrar seus sentimentos. Estudantes, segundo a Universidade Normal de Pequim, também estão propensos aos pensamentos negativos, principalmente por serem os mais isolados e por resistirem a estabelecer relações sociais.
O Centro de Psicologia da instituição explica que após o contato, a gravação das conversas são excluídas depois de três dias. Caso os conselheiros detectem sinais de tentativa de suicídio, eles entram em contato com autoridades locais para tomar as medidas necessárias e o número destas pessoas são guardados para serem contactados no futuro.
Mais de 600 especialistas em aconselhamento, entre professores e estudantes de pós-graduação, estão participando do programa. Na Universidade Normal de Pequim, os voluntários têm uma média de 100 horas de aconselhamento.
O líder e supervisor do projeto, professor Wang Jianping, está preparando a equipe para a próxima etapa do trabalho: aconselhamento sobre luto. Os conselheiros esperam mais ligações nos próximos meses, pois as pessoas que perderam alguém durante a epidemia devem precisar de tempo para se curar e ajudar a superar sua dor.
Preocupação no Brasil
A forma como o coronavírus vai impactar as nações daqui por diante são vistas com preocupação não só na China. O sinal de alerta está aceso entre especialistas e grupos voluntários no Brasil, que temem que a preocupação com a saúde mental seja colocada de lado e se torne algo mais grave no futuro.
Um grupo do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas e do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) revisou as implicações para a saúde mental em epidemias como a do ebola e do zika vírus, que podem servir como parâmetro para o pós-coronavírus. O artigo foi publicado este mês na Revista Brasileira de Psiquiatria.
O texto ressalta que a adoção de medidas que preservem a saúde mental das pessoas ajudam a amenizar a crise que os serviços de saúde enfrentam contra as próprias doenças.
Os cuidados devem ser a curto, médio e longo prazo, e precisam atingir todas as pessoas: as que passam pelo isolamento social e enfrentam diversos medos – seja da doença, da morte, do desemprego -; as que enfrentam o luto pela perda dos parentes; e os profissionais que estão na linha de frente de combate, como os de saúde, resgate e de serviços policiais.
Atitudes simples ajudam
A Universidade Normal de Pequim sugere que todas as pessoas que estão enfrentando traumas por conta da pandemia podem ter atitudes simples que podem ajudar a evitar os pensamentos negativos. Veja algumas delas:
– Diminua ou corte a leitura de fontes de informação negativa nas redes sociais;
– Desenvolva vários hobbies: exercícios, leitura e até culinária ajudam a aliviar o estresse;
-Não tente “carregar” tudo sozinho. É importante conversar sempre com amigos e familiares;