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Sputnik V: Anvisa rebate acusações de fake news com vídeo de reunião

Diretor-presidente considera as acusações feitas pelos desenvolvedores da vacina russa “graves”

atualizado

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Michael Melo/ Metrópoles
O diretor da Anvisa diz que devemos fazer tudo ao nosso alcance
1 de 1 O diretor da Anvisa diz que devemos fazer tudo ao nosso alcance - Foto: Michael Melo/ Metrópoles

Em comunicado feito na tarde desta quinta (29/4), o diretor presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, veio a público refutar a “grave acusação que impacta na confiança e credibilidade” do órgão regulador.

A Anvisa foi acusada de mentir, atuar de maneira antiética e de produzir fake news sobre a identificação do adenovírus replicante em documentos que tratam da vacina Sputnik V. Os fabricantes do imunizante têm usado as redes sociais para atacar a agência após terem o pedido de importação da vacina negado.

Segundo Torres, a diretoria colegiada do órgão atende estritamente ao interesse público. “Não há nesta instituição nenhuma pessoa que tenha interesse ou júbilo em negar a importação de qualquer vacina, que é um produto tão necessário, que demanda senso de urgência a todos nós”, afirmou o diretor-presidente.

A Anvisa apresentou alguns dos documentos que mostram a possibilidade da presença de adenovírus replicantes enviados pela própria fabricante, assim como trechos do vídeo de uma reunião entre técnicos da agência e desenvolvedores da vacina. Nas imagens, é questionada a presença das partículas, e não há resposta sobre a questão. O órgão enviou as questões por escrito, e também não foram respondidas.

“Nossa avaliação foi feita por uma equipe muito experiente, e o que norteia a análise técnica é que a vacina precisa ser segura, tem que proteger e não pode causar nenhum dano”, explica Gustavo Mendes, gerente geral de medicamentos da Anvisa. Segundo ele, nos documentos entregues pela fabricante, é estabelecido um limite de adenovírus replicante que é 300 vezes maior do que o indicado pelo FDA, a agência regulatória dos Estados Unidos.

Mendes diz que as justificativas dadas pela empresa não contemplam as questões colocadas, e foram feitas várias perguntas que não foram respondidas até o momento. “Estamos à disposição para dialogar. Sabemos que a ciência é feita com dados, com debate e apresentação de informações. Temos um dossiê de mais de 600 páginas com todos os laudos e discussões que contemplam a questão dos adenovírus replicantes”, afirma.

Confira o comunicado, o vídeo da reunião e a explicação da Anvisa:

Entenda a polêmica

Na última segunda-feira (29/4), em reunião que durou cerca de cinco horas, a Anvisa decidiu, por unanimidade, negar o pedido para importação extraordinária da Sputnik. O pedido havia sido feito por 10 estados.

As principais alegações da Anvisa são a falta de documentos e informações cruciais para a análise do imunizante, bem como evidências da presença de adenovírus replicantes nos lotes das vacinas que seriam enviadas ao Brasil. O vírus, usado como um veículo para as informações do coronavírus, precisaria estar inativado para não causar outras doenças nas pessoas imunizadas.

A equipe de inspeção da agência também não conseguiu visitar a fábrica do Instituo Gamaleya e, desta maneira, não pode atestar que todos os lotes produzidos são semelhantes aos utilizados nos estudos clínicos.

Pelo Twitter, os fabricantes da Sputnik repudiaram a decisão da Anvisa, disseram que a agência fez “declarações incorretas e enganosas”, “inventou fake news”, e que a decisão foi política. A agência também foi chamada para um debate público.

Nesta quinta, uma publicação garantia que os responsáveis pelo imunizante entrarão na justiça contra a agência, sob a acusação de difamação.

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